Brasília, 12, 12 - O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nesta quinta-feira, 12, mais um
passo em direção ao lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Ao
participar de um seminário no 33.º Congresso da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE), em Brasília, Lula pediu aos militantes que se
preparem para a "luta" ainda neste ano. "Quem é que vai tirar o
País da lama em que ele se encontra?", perguntou o ex-presidente. A
plateia, em uníssono, respondeu: "Lula, Lula".
Com críticas ao presidente
Michel Temer, chamado por ele de "golpista", o petista indicou que
pretende entrar na disputa. "Se cuidem porque, se eu voltar a ser
candidato a presidente da República, será para fazer muito mais do que nós
fizemos", afirmou. "Tenho 71 aos e pareço um jovem de 30. Quem acha
que vai me proibir de fazer as coisas, pode se preparar que eu vou voltar andar
este País para fazer as coisas importantes."
Lula foi alvo de um protesto
de aproximadamente 50 pessoas, logo que começou a falar. Aos gritos de
"Fora Temer, Fora Todos" e "Lula não nos representa", os
militantes da Central Sindical e Popular - Conlutas (CSP) viraram as costas no
momento em que ele pegou o microfone. Foram hostilizados pela plateia e tiveram
de se retirar do auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
"Esse congresso age de
forma antidemocrática ao convidar um ex-presidente que não colaborou em nada
com a educação", afirmou a professora Janaína Rodrigues, filiada ao PSTU e
uma das militantes do grupo. "As ações do governo Lula e Dilma não foram
para beneficiar os trabalhadores, mas os barões de ensino e os
banqueiros."
Na hora do protesto, os
petistas gritaram "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula", em defesa do
ex-presidente, chamado de "guerreiro do povo brasileiro". Lula se
referiu à manifestação como "gesto democrático" e continuou o
discurso. "Se essas pessoas acompanhassem a história, iam saber os
equívocos que estão cometendo", comentou.
Com chapéu panamá na cabeça e
uma mochila nas costas, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares - que chegou a ser
condenado no processo do mensalão e cumpriu pena em regime fechado - circulava
tranquilamente no auditório.
Lula defendeu a ex-presidente
Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em agosto. "O que nós não podemos
aceitar é eles falarem que nós quebramos o País. Eles deveriam ter coragem de
dizer que o grande equívoco da companheira Dilma foi fazer a desoneração para
manter o emprego. Foi um equívoco? Pode ter sido. Mas ela não quebrou o País
como eles dizem", discursou o ex-presidente. "Quem quebrou o País foi
o golpista. Desde que Dilma ganhou as eleições e o senhor Eduardo Cunha foi
eleito presidente da Câmara, ele trabalhou de forma incansável para não deixar
a Dilma aprovar as reformas."
O seminário foi marcado por gritos
de "Fora, Temer" e mais parecia um ato de campanha de Lula. "Nós
precisamos ter consciência de que estamos perdendo. Mas, para ser presidente, é
preciso ter credibilidade. E, para ter credibilidade, só alguém eleito pelo
povo brasileiro. Não dá para ter alguém que chegou ao poder pelo golpe, pela
porta dos fundos", afirmou, numa referência a Temer. "Nós só temos
uma coisa a fazer, que é "lutar, lutar, lutar e fazer o povo brasileiro
conquistar o direito de votar outra vez, quem sabe até em 2017."
O PT quer lançar logo a
campanha de Lula ao Palácio do Planalto, com o objetivo de criar um fato
político e ter argumentos para dizer que ele é vítima de
"perseguição", caso seja impedido de concorrer pela Justiça. O
ex-presidente é réu em cinco ações penais - três delas referentes a inquéritos
da Operação Lava Jato. Se for condenado em segunda instância, não poderá
disputar a eleição, por causa das restrições impostas pela Lei da Ficha Limpa.
Ao receber apelos da plateia
para ser candidato, Lula abriu um sorriso. "Essa é uma discussão que vamos
fazer em 2017. Quero discutir com eles que esse País pode se recuperar. E, para
se recuperar, tem uma palavra milagrosa, que é criar empregos", insistiu.
Apesar da taxa básica de juros ter caído 0,75%, indo para 13%, Lula disse não
ser possível que a Selic "continue crescendo do jeito que está".
Em meio à crise carcerária, o
ex-presidente disse que o dinheiro economizado na educação está sendo gasto na
construção de presídios. "E cada vez vai custar mais caro. No Brasil, 40%
das pessoas que estão presas, nem deveriam estar presas. É que é mais fácil
pegar um pobre, que roubou uma galinha para se alimentar, colocar na cadeia. E
quando ele sai, aí sim ele vira bandido".
A organização do seminário da
CNTE fez a defesa do ex-presidente no fim da abertura do encontro. Em um telão,
uma voz em off dizia que o ex-presidente é vítima de "lawfare", uma
estratégia para atacar inimigos políticos com acusações sem provas.
Para Gilson Reis, coordenador
da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino
(Contee), o "golpe" foi urdido para interditar o ex-presidente.
"Querem prender o Lula. Se prenderem o Lula prendem cada um de nós, porque
não aceitaremos", protestou ele.
O presidente da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que 2017 será o ano da
"derrota" de Temer. "Nós não reconhecemos esse governo golpista
e nossa função é derrubá-lo, o quanto antes possível. Precisamos fazer eleições
diretas ainda em 2017, para o Brasil voltar a crescer", conclamou o
sindicalista.
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