Uma gerente de supermercado
de 32 anos foi presa na quarta-feira em Cravinhos, no interior de São Paulo,
depois de confessar à polícia ter matado o próprio filho de 17 anos a facadas
no fim do ano passado. A suspeita da Polícia Civil, que investiga o caso, é que
o crime teria ocorrido após uma briga entre os dois. O padrasto do jovem, que
ajudou a levar o corpo até um canavial e depois colocou fogo no local, também
foi preso, de acordo com a polícia.
À Polícia Civil, Tatiana
Lozano Pereira teria afirmado que o filho dela, Itaberli Lozano Rosa, teria
ameaçado a ela e ao padrasto, Alex Pereira, bem como ao filho de quatro anos do
casal. O jovem, ainda segundo a versão da mãe à polícia, teria envolvimento com
drogas. A versão é negada por familiares. Dario Rosa, tio do adolescente, disse
à reportagem que a mãe não aceitava a orientação sexual do filho, que, ainda
segundo o tio, era gay, e que essa pode
ter sido a causa do crime.
Os dois foram indiciados por
homicídio doloso, quando há intenção de matar, duplamente qualificado, por
motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima, além de ocultação de
cadáver, segundo a polícia. Se condenados, estão sujeitos a uma pena que pode chegar
a 33 anos de prisão. A mulher foi levada para a cadeia de Cajuru e o padrasto
está no Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto.
O delegado Elton Testi,
responsável pelo caso, informou que já pediu a prisão temporária da mãe e do
padrasto por 30 dias. Os dois já foram ouvidos e uma nova perícia na casa da
mãe, o local do crime, foi solicitada. A Polícia Civil informou ainda que não
descarta a participação de outras pessoas no homicídio e que irá esperar os
resultados da perícia para determinar as linhas de investigação.
Procurado, o advogado Fabiano
Ravagnani Junior, que representa Tatiana e Alex, informou que já pediu à
Justiça um habeas corpus para tirá-los da cadeia e que irá alegar legítima
defesa. "Ela foi ameaçada e, para se defender e para defender sua família,
acabou esfaqueando o filho. Não houve intenção de matar, apenas de se
defender", disse.
Sem queixa
Itaberli, que morava com a
avó paterna, foi morto em 29 de dezembro durante uma visita que fez à mãe. O
corpo dele foi encontrado pela polícia no último sábado (7), dois dias antes de
a família registrar um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento. Foi a avó
paterna do adolescente quem procurou a Polícia Civil e fez a denúncia. Por meio
de objetos pessoais que estavam próximos ao corpo, a polícia fez a relação
entre o corpo encontrado dois dias antes e a queixa de desaparecimento,
confirmando a identidade do adolescente.
Ainda conforme a polícia, o
comportamento da mãe, que insistia em alegar que o filho deveria estar com amigos,
chamou a atenção dos investigadores, que passaram a encarar Tatiana como a
principal suspeita pelo crime. Segundo a Polícia Civil, ela confessou o crime
na quarta-feira (11).
Aos policiais, ela disse que
o filho começou a utilizar drogas e que teria ameaçado o filho do casal, de
quatro anos, além de dizer que iria matá-la. Nesse momento, ela teria
esfaqueado o jovem, segundo os policiais. Ainda segundo ela, o padrasto estava
dormindo e não presenciou o crime. Ela contou à polícia que o marido foi acordado
por ela e que ele ajudou a levar o corpo do local do crime, enrolado em um
edredom, para um canavial.
Ainda de acordo com a
polícia, Tatiana admitiu também que foi dela a ideia de colocar fogo na área
para que o corpo não fosse identificado.
Mãe não aceitava
Dario Rosa, tio do
adolescente, negou que Itaberli tivesse qualquer contato com drogas e que
acredita que o fato de ele ser gay foi o motivo principal para a ação da mãe.
"A família desconfiava, alguns sabiam mesmo, mas ela nunca aceitou. Ele tinha
emprego, era muito educado, nunca brigou com ninguém. Só tinha problemas com a
mãe, que não aceitava que ele era homossexual", disse.
Rosa contou ainda que o
menino tinha passado a morar com a avó paterna logo depois do Natal e que saiu
de casa no dia 29 após receber uma ligação da mãe. "Ele falou com ela e
foi até lá. Quando ele não voltou, minha mãe procurou a Tatiana e perguntou por
ele, mas ela disse para ela não se preocupar que ele deveria estar na casa de
algum amigo", contou.
"Uma mãe tem que amar o
filho, não matar. A família está dilacerada, vai ser difícil nos
recuperarmos", disse o tio. Questionado, o advogado do casal informou que
a mãe nega qualquer relação entre a orientação sexual do filho e o crime.
"O problema que ela teve com ele foi as ameaças que ele fez e o
comportamento por causa da droga. Ela tem fotos com ele e amigos gays, mas ele
mudou por causa da droga e passou a ameaçar a todos", disse.
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