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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Mãe confessa assassinato do filho de 19 anos por ser homossexual


Mãe confessa assassinato do filho de 19 anos por ser homossexual

Uma gerente de supermercado de 32 anos foi presa na quarta-feira em Cravinhos, no interior de São Paulo, depois de confessar à polícia ter matado o próprio filho de 17 anos a facadas no fim do ano passado. A suspeita da Polícia Civil, que investiga o caso, é que o crime teria ocorrido após uma briga entre os dois. O padrasto do jovem, que ajudou a levar o corpo até um canavial e depois colocou fogo no local, também foi preso, de acordo com a polícia.

À Polícia Civil, Tatiana Lozano Pereira teria afirmado que o filho dela, Itaberli Lozano Rosa, teria ameaçado a ela e ao padrasto, Alex Pereira, bem como ao filho de quatro anos do casal. O jovem, ainda segundo a versão da mãe à polícia, teria envolvimento com drogas. A versão é negada por familiares. Dario Rosa, tio do adolescente, disse à reportagem que a mãe não aceitava a orientação sexual do filho, que, ainda segundo  o tio, era gay, e que essa pode ter sido a causa do crime.

Os dois foram indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar, duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima, além de ocultação de cadáver, segundo a polícia. Se condenados, estão sujeitos a uma pena que pode chegar a 33 anos de prisão. A mulher foi levada para a cadeia de Cajuru e o padrasto está no Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto.

O delegado Elton Testi, responsável pelo caso, informou que já pediu a prisão temporária da mãe e do padrasto por 30 dias. Os dois já foram ouvidos e uma nova perícia na casa da mãe, o local do crime, foi solicitada. A Polícia Civil informou ainda que não descarta a participação de outras pessoas no homicídio e que irá esperar os resultados da perícia para determinar as linhas de investigação.

Procurado, o advogado Fabiano Ravagnani Junior, que representa Tatiana e Alex, informou que já pediu à Justiça um habeas corpus para tirá-los da cadeia e que irá alegar legítima defesa. "Ela foi ameaçada e, para se defender e para defender sua família, acabou esfaqueando o filho. Não houve intenção de matar, apenas de se defender", disse.

Sem queixa

Itaberli, que morava com a avó paterna, foi morto em 29 de dezembro durante uma visita que fez à mãe. O corpo dele foi encontrado pela polícia no último sábado (7), dois dias antes de a família registrar um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento. Foi a avó paterna do adolescente quem procurou a Polícia Civil e fez a denúncia. Por meio de objetos pessoais que estavam próximos ao corpo, a polícia fez a relação entre o corpo encontrado dois dias antes e a queixa de desaparecimento, confirmando a identidade do adolescente.

Ainda conforme a polícia, o comportamento da mãe, que insistia em alegar que o filho deveria estar com amigos, chamou a atenção dos investigadores, que passaram a encarar Tatiana como a principal suspeita pelo crime. Segundo a Polícia Civil, ela confessou o crime na quarta-feira (11).

Aos policiais, ela disse que o filho começou a utilizar drogas e que teria ameaçado o filho do casal, de quatro anos, além de dizer que iria matá-la. Nesse momento, ela teria esfaqueado o jovem, segundo os policiais. Ainda segundo ela, o padrasto estava dormindo e não presenciou o crime. Ela contou à polícia que o marido foi acordado por ela e que ele ajudou a levar o corpo do local do crime, enrolado em um edredom, para um canavial.

Ainda de acordo com a polícia, Tatiana admitiu também que foi dela a ideia de colocar fogo na área para que o corpo não fosse identificado.

Mãe não aceitava


Dario Rosa, tio do adolescente, negou que Itaberli tivesse qualquer contato com drogas e que acredita que o fato de ele ser gay foi o motivo principal para a ação da mãe. "A família desconfiava, alguns sabiam mesmo, mas ela nunca aceitou. Ele tinha emprego, era muito educado, nunca brigou com ninguém. Só tinha problemas com a mãe, que não aceitava que ele era homossexual", disse.

Rosa contou ainda que o menino tinha passado a morar com a avó paterna logo depois do Natal e que saiu de casa no dia 29 após receber uma ligação da mãe. "Ele falou com ela e foi até lá. Quando ele não voltou, minha mãe procurou a Tatiana e perguntou por ele, mas ela disse para ela não se preocupar que ele deveria estar na casa de algum amigo", contou.

"Uma mãe tem que amar o filho, não matar. A família está dilacerada, vai ser difícil nos recuperarmos", disse o tio. Questionado, o advogado do casal informou que a mãe nega qualquer relação entre a orientação sexual do filho e o crime. "O problema que ela teve com ele foi as ameaças que ele fez e o comportamento por causa da droga. Ela tem fotos com ele e amigos gays, mas ele mudou por causa da droga e passou a ameaçar a todos", disse.

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