CRUZEIRO DO SUL (BODE AZUL) - O distrito que hoje se
orgulha de sua produção de queijos e tradições culturais vibrantes tem uma
história que remonta aos anos 1960, quando madeireiros chegaram atraídos pelo
valioso jacarandá. O nome "Bode Azul", como era originalmente
conhecido, surgiu de um episódio pitoresco: a carne de um bode, que não pôde
ser adequadamente preservada devido às fortes chuvas, adquiriu uma tonalidade
azulada, dando origem ao apelido que marcaria a primeira fase da localidade.
Das Palhoças ao Progresso
As primeiras moradias eram simples cabanas de palha
às margens do rio do Sul. João Gualberto, conhecido como João Goli, era o
proprietário das terras onde os madeireiros se estabeleceram. A transformação
começou quando Joaquim Basílio adquiriu e loteou a área, permitindo a
construção das primeiras casas de taipa na então Rua Belo Horizonte, marco do
desenvolvimento urbano inicial.
O nome atual, Cruzeiro do Sul, foi inspirado em
noites estreladas quando moradores, observando a constelação homônima e o
grande cruzeiro de madeira na praça central (atual Praça Antônio Barreto),
decidiram rebatizar o povoado. "Era preciso um nome que representasse
nossa identidade", contam os registros históricos.
A Revolução Econômica: Do Jacarandá ao Queijo
A economia local passou por diversas fases:
Décadas de 1960-70: Exploração intensiva do
jacarandá
1970-80: Destaque como grande produtor de feijão
1980-90: Pecuária leiteira com envio de leite para
Itanhém
1990 em diante: Surgimento dos laticínios locais
Hoje, a produção de queijos movimenta cerca de 20
mil quilos mensais, com destaque para as fábricas de Brito, Vanderley e Otenil.
"O queijo de Cruzeiro do Sul já é marca registrada", afirma o atual
prefeito Manrik Teixeira. A circulação financeira mensal é estimada em R$ 2
milhões, incluindo aposentadorias, salários e comércio.
Cultura que Encanta
As tradições locais são mantidas com vigor:
A Quadrilha do Bode Azul, campeã em diversas
competições
As animadas cavalgadas que atraem visitantes de toda
a região
A Festa da Padroeira (12 de outubro), com eleição de
rainha e leilões
As comitivas Bicho Bruto e Espora Batida
Educação e Saúde: Do Postinho à Unidade ESF
O desenvolvimento social acompanhou o crescimento
econômico. Na educação, nomes como Lau Gurutuba, Dona Liu e Maria Imaculada
foram pioneiros em salas de aula improvisadas. Hoje, o distrito conta com
escolas como o Colégio Adelino Gonçalves e professores qualificados.
Na saúde, a evolução foi marcante: de um pequeno
posto com a vacinadora Dona Adélia para a moderna Unidade ESF Aníbal Alves de
Oliveira, que oferece atendimento multiprofissional. "Antes, qualquer
emergência era um drama. Hoje temos estrutura", relata a enfermeira chefe.
Fé e Esporte: Pilares da Comunidade
A religiosidade se manifesta em diversas
denominações, desde as históricas Igreja Católica e Assembleia de Deus até as
mais recentes. No esporte, o Cruzeiro do Sul Futebol Clube mantém a tradição,
enquanto a Escolinha de Futsal Salvando a Base forma novas gerações de atletas.
Desafios e Perspectivas
Para o vereador Marcio Barbosa, "o maior
desafio é conciliar crescimento com preservação de nossas raízes". Com
belezas naturais como a Cachoeira de Geni e a Prainha do rio do Sul, o
potencial turístico é visto como nova fronteira de desenvolvimento.
O Legado dos Pioneiros
Nomes como Valdivio Peló, responsável pelo antigo
gerador de energia, e famílias como os Coelho e Avelar são lembrados como
fundamentais na construção da identidade local. "Eles plantaram as
sementes do que somos hoje", resume a professora aposentada Jacy Ferreira.
Às margens do rio do Sul, onde outrora ecoavam os machados dos madeireiros, hoje se ouve o burburinho de um distrito que honra seu passado enquanto escreve seu futuro. Como diz o ditado popular: "Cruzeiro do Sul, nosso Bodim de Açúcar - doce de viver, orgulho de pertencer".
Da Redação Jucurunet
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