Clima de apreensão
no Vaticano
Diante do
agravamento do estado de saúde do papa Francisco, o clima em Roma é de
incerteza. A notícia de que seu estado continua crítico e que os médicos temem
por uma infecção generalizada chega justamente quando centenas de peregrinos
desembarcam na cidade para as celebrações do Jubileu 2025, evento católico que ocorre a cada 25 anos.
O que aconteceu?
Manifestações de solidariedade
Na ausência do
maior representante da Igreja Católica no Jubileu, demonstrações de apoio ao
papa se intensificam na Praça São Pedro.
Sala de imprensa lotada
O Vaticano está
tomado por jornalistas italianos e estrangeiros que acompanham diariamente a
evolução do quadro clínico do pontífice.
Último boletim aponta "estado
crítico"
O boletim médico
divulgado às 19h07 (hora local de Roma,
quatro horas à frente de Brasília) revela novas complicações. O papa
sofreu uma crise asmática prolongada
e precisou de oxigênio em alto fluxo.
"O Santo Padre continua vigilante e passou o dia
em uma poltrona, mesmo sofrendo mais do que ontem. No momento, o prognóstico é
reservado."
— Trecho do boletim médico.
Além disso,
exames indicaram plaquetopenia
(queda no número de plaquetas no sangue), associada à anemia, o que demandou transfusões de sangue. Pela
primeira vez, os médicos mencionaram um "prognóstico
reservado".
Internação no Hospital Gemelli
Francisco está
internado no 10º andar do Hospital
Universitário Gemelli, referência na Itália. O local possui uma capela
onde ele pode rezar e receber a eucaristia.
Em ritmo de conclave
Diante da
gravidade do quadro, o nome de dois cardeais começou a circular entre
especialistas no Vaticano como possíveis sucessores do papa.
1. Cardeal Pierbattista Pizzaballa
(59 anos)
O vaticanista Francesco Antonio Grana, do jornal Il Fatto Quotidiano, aponta que Pizzaballa é
um forte candidato ao papado. Ele é franciscano
e passou mais de 30 anos na Terra Santa,
acumulando profundo conhecimento sobre o Oriente Médio e o diálogo
inter-religioso.
"Pizzaballa tem consciência disso e age com
extrema cautela. Sua visão é independente, baseada em uma experiência única na
Terra Santa, o que pode diferir das posições tradicionais do Vaticano."
— Francesco Antonio Grana, jornalista especializado no Vaticano.
2. Cardeal Pietro Parolin (70 anos)
Outro nome
citado na imprensa é o do cardeal Pietro
Parolin, atual Secretário de Estado do Vaticano. Nos últimos dias,
surgiram rumores de que ele teria visitado o papa no hospital, mas o Vaticano
negou a informação.
"Efeito Biden" e a pressão
por renúncia
Jornal italiano levanta debate sobre
renúncia do papa
O Il Fatto Quotidiano também trouxe à tona o
que está sendo chamado de "Efeito
Biden", uma possível pressão interna dentro do Colégio
Cardinalício para que Francisco, de 88
anos, renuncie ao papado após sua recuperação.
Caso ocorra, a
renúncia anteciparia o conclave e poderia evitar um período prolongado de
instabilidade na Igreja.
Papa já denunciava pressão há anos
Francisco já
havia comentado publicamente sobre as pressões para que deixasse o cargo:
"Ainda estou vivo, apesar de alguns quererem
minha morte. Sei que houve reuniões em que achavam que minha condição era mais
grave do que diziam. Estavam preparando o conclave. Paciência! Graças a Deus,
estou bem."
Na última
quarta-feira (19), ao receber a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni no hospital, ele
reafirmou:
"Sempre tentam me apressar. Lá fora, há quem diga
que chegou minha hora."
O papa ainda ironizou:
"Alguém, de fato, rezou para que eu fosse para o paraíso, mas o Senhor decidiu me deixar aqui por mais um tempo."