Quando você ouvir o
zum-zum-zum dos mosquitos, fique atento! Eles são pequenos insetos, mas causam
grandes problemas de saúde. Basta uma picada e pronto. Alguns dias depois você
pode estar derrubado na cama. É inacreditável o poder dos mosquitos sobre os humanos.
Eles podem, inclusive, gerar uma epidemia dentro da sua empresa, aumentando o
número de afastamentos.
O que é Febre Chikungunya?
Febre Chikungunya é uma
doença parecida com a dengue, causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae.
Seu modo de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado e,
menos comumente, pelo mosquito Aedes albopictus.
Seus sintomas são semelhantes
aos da dengue: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço.
Porém, a grande diferença da febre chikungunya está no seu acometimento das
articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com
fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local.
A febre chikungunya teve seu
vírus isolado pela primeira vez em 1950, na Tanzânia. Ela recebeu esse nome
pois chikungunya significa “aqueles que se dobram” no dialeto Makonde da
Tanzânia, termo este usado para designar aqueles que sofriam com o mal. A
doença, apesar de pouco letal, é muito limitante. O paciente tem dificuldade de
movimentos e locomoção por causa das articulações inflamadas e doloridas, daí o
“andar curvado”.
Os mosquitos transmitiam a
doença para africanos abaixo do Saara, mas os surtos não ocorriam até junho de
2004. A partir desse ano, a febre chikungunya teve fortes manifestações no
Quênia, e dali se espalhou pelas ilhas do Oceano Índico. Da primavera de 2004
ao verão de 2006, ocorreu um número estimado em 500 mil casos.
A epidemia propagou-se do
Oceano Índico à Índia, onde grandes eventos emergiram em 2006. Uma vez
introduzido, o CHIKV alastrou-se em 17 dos 28 estados da Índia e infectou mais
de 1,39 milhão de pessoas antes do final do ano. O surto da Índia continuou em
2010 com novos casos aparecendo em áreas não envolvidas no início da fase
epidêmica.
Os casos também têm sido
propagados da Índia para as Ilhas de Andaman e Nicobar, Sri Lanka, Ilhas
Maldivas, Singapura, Malásia, Indonésia e numerosos outros países por meio de
viajantes infectados. A preocupação com a propagação do CHIKV atingiu um pico
em 2007, quando o vírus foi encontrado no norte da Itália após ser introduzido
por um viajante com o vírus advindo da Índia.
As taxas de ataque em
comunidades afetadas em recentes epidemias variam de 38% a 63% e, embora em
níveis reduzidos, muitos casos destes países continuam sendo relatados. Em
2010, o vírus continua a causar doença em países como Índia, Indonésia,
Myanmar, Tailândia, Maldivas e reapareceu na Ilha Réunion.
Casos importados também foram
identificados no ano de 2010 em Taiwan, França, Estados Unidos e Brasil,
trazidos por viajantes advindos, respectivamente, da Indonésia, da Ilha
Réunion, da Índia e do sudoeste asiático.
Atualmente, o vírus CHIKV foi
identificado em ilhas do Caribe e Guiana Francesa, país latino-americano que
faz fronteira com o estado do Amapá. Isso quer dizer que a febre chikungunya
está migrando e pode chegar ao Brasil, onde os mosquitos Aedes aegypti e o
Aedes albopictus têm todas as condições de espalhar esse novo vírus.
Causas
A febre chikugunya não é
transmitida de pessoa para pessoa. O contágio se dá pelo mosquito que, após um
período de sete dias contados depois de picar alguém contaminado, pode
transportar o vírus CHIKV durante toda a sua vida, transmitindo a doença para
uma população que não possui anticorpos contra ele. Por isso, o objetivo é
estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos.
O ciclo de transmissão ocorre
do seguinte modo: a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com
água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após
este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as
pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto
vive em média 45 dias. Uma vez que o indivíduo é picado, demora no geral de
dois a 12 dias para a febre chikungunya se manifestar, sendo mais comum cinco a
seis dias.
A transmissão da febre
chikungunya raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16° C, sendo que a mais
propícia gira em torno de 30° a 32° C – por isso ele se desenvolve em áreas
tropicais e subtropicais. A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar
quente e úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve. É importante lembrar que
os ovos que carregam o embrião do mosquito transmissor da febre chikungunya
podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias,
grudados nas bordas dos recipientes e esperando um ambiente úmido para se
desenvolverem. Essa é uma das razões para a difícil erradicação do mosquito.
Para passar da fase do ovo até a fase adulta, o inseto demora dez dias, em
média. Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após se tornarem
adultos. Depois, as fêmeas passam a se alimentar de sangue, que possui as
proteínas necessárias para o desenvolvimento dos ovos.
O mosquito Aedes aegypti mede
menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras
brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar, transmitindo a febre chikungunya,
nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte. No
entanto, mesmo nas horas quentes ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de
casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O indivíduo não
percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento. Por ser um mosquito que
voa baixo – até dois metros – é comum ele picar nos joelhos, panturrilhas e
pés.
Além de transmitir dengue e
febre chikungunya, a fêmea do Aedes aegypti também passou a carregar o vírus
responsável pela febre Zika.
Fatores de risco
A febre chikungunya pode
afetar pessoas de todas as idades e ambos os sexos. Entretanto, a apresentação
clínica é conhecida por variar de acordo com a idade, sendo os muito jovens
(neonatal) e idosos os mais afetados pelas manifestações graves da doença. Além
da idade, as comorbidades (doenças subjacentes) também vêm sendo identificadas
como fator de risco para pior evolução da doença.
A maioria das infecções por
CHIKV que ocorre durante a gravidez não resulta na transmissão do vírus para o
feto. Existem, porém, raros relatos de abortos espontâneos após a infecção
maternal por febre chikungunya. Aqueles infectados durante o período intraparto
podem também desenvolver doenças neurológicas, sintomas hemorrágicos e doença
do miocárdio. Anormalidades laboratoriais incluíram testes de função hepática
aumentados, plaquetas e contagem de linfócitos reduzidos e níveis de
protrombina diminuídos.
Indivíduos maiores de 65 anos
tiveram uma taxa de mortalidade 50 vezes superior quando comparados ao adulto
jovem (menores de 45 anos de idade). Apesar de não ser claro por que os adultos
mais velhos têm um risco aumentado para doença mais grave, pode ser devido à
frequência de comorbidades ou resposta imunológica diminuída.
sintomas
Sintomas de Febre Chikungunya
O período de incubação da
febre chikungunya varia de dois a 12 dias. Muitas pessoas infectadas com CHIKV
não apresentarão sintomas. O quadro clínico é muito semelhante ao da dengue, e
os sintomas de febre chikungunya são:
Febre
Dor nas articulações
Dor nas costas
Dor de cabeça.
Outros sintomas incluem:
Erupções cutâneas
Fadiga
Náuseas
Vômitos
Mialgias.
Os sintomas comuns de
chikungunya são graves e muitas vezes debilitantes, sendo as mãos e pés mais
afetados. No entanto, pernas e costas inferiores frequentemente podem estar
envolvidas.
Febre chikungunya x Dengue
A febre chikungunya apresenta
um quadro muito parecido com os sintomas da dengue. Entretanto, é importante
diferenciar o diagnóstico das duas doenças, uma vez que a dengue é mais grave e
seu tratamento pede um acompanhamento mais próximo. Também foram registrados
casos em que as duas doenças ocorreram ao mesmo tempo.
Observações de surtos prévios
na Tailândia e na Índia têm demonstrado as principais características que
distinguem o CHIKV de dengue. Na febre chikungunya, o choque ou hemorragia
grave são raramente observados. O início é mais agudo e a duração da febre é
muito mais curta.
Embora as pessoas possam se
queixar de dor corporal difusa na presença na dengue, a dor é muito mais
pronunciada e localizada nas articulações e tendões nos casos de febre
chikungunya.
diagnóstico e exames
Diagnóstico de Febre
Chikungunya
Se você suspeita de febre
chikungunya, vá direto ao hospital ou clínica de saúde mais próxima. O
diagnóstico deverá ser feito por meio de análise clínica e exame sorológico (de
sangue). A partir de uma amostra de sangue, os especialistas buscam a presença
de anticorpos específicos para combater o CHIKV no sangue. Isso indicará que o
vírus está circulando pelo seu corpo e que o organismo está tentando
combatê-lo.
Para diferenciar febre
chikungunya da dengue, outros exames podem ser feitos:
Testes de coagulação
Eletrólitos
Hematócrito
Enzimas do fígado
Contagem de plaquetas
Teste do torniquete:
amarra-se uma borrachinha no braço para prender a circulação. Se aparecerem
pontos vermelhos sobre a pele, é um sinal da manifestação hemorrágica da dengue
Raio X do tórax para
demonstrar efusões pleurais.
tratamento e cuidados
Tratamento de Febre
Chikungunya
Atualmente, não há tratamento
específico disponível para a febre chikungunya. Para limitar a transmissão do
vírus, os pacientes devem ser mantidos sob mosquiteiros durante o estado
febril, evitando que algum Aedes aegypti o pique, ficando também infectado.
É importante apenas tomar
muito líquido para evitar a desidratação. Caso haja dores e febre, pode ser
receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns casos, é
necessária internação para hidratação endovenosa e, nos casos graves,
tratamento em unidade de terapia intensiva.
Como na dengue, pacientes com
febre chikungunya devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico
(aspirina) ou que contenham a substância associada. Esses medicamentos têm
efeito anticoagulante e podem causar sangramentos. Outros anti-inflamatórios
não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser evitados.
O uso destas medicações pode aumentar o risco de sangramentos.
convivendo (prognóstico)
Complicações possíveis
A mortalidade por febre
chikungunya é muito pequena. Entretanto, um aumento na taxa de óbito absoluto
foi relatado durante as epidemias de 2004-2008 na Índia e na Ilha Maurício.
Após os primeiros dez dias, a
maioria dos pacientes sentirá uma melhora na saúde geral e na dor articular.
Porém, após este período, uma recaída dos sinais pode ocorrer com alguns
pacientes reclamando de vários sintomas reumáticos. Isso é muito comum entre
dois e três meses após o início da doença. Alguns pacientes também podem
desenvolver distúrbios vasculares periféricos, como a síndrome de Raynaud. Além
dos sintomas físicos, a maioria dos pacientes reclama de sintomas depressivos,
cansaço geral e fraqueza.
Estudos da África do Sul
mostraram que 12%-18% dos pacientes terão sintomas persistentes de 18 meses a
três anos. Em estudos mais recentes na Índia, a proporção de pacientes com
sintomas persistentes em dez meses após o início da doença foi de 49%, enquanto
dados da Ilha Reunión demonstraram que 80%-93% dos pacientes se queixam de
sintomas persistentes três meses após o início da doença, reduzindo para 57%
aos 15 meses e 46% aos dois anos.
O sintoma persistente mais
comum é dor nas articulações decorrentes de inflamação, geralmente as mesmas
articulações afetadas durante os estágios agudos. Outros sintomas, como cansaço
e depressão, podem persistir após a fase aguda da doença.
Entre os fatores de risco
para não recuperação estão idade avançada (mais de 65 anos), problemas de
articulação pré-existentes e doenças agudas mais graves.