“Hoje, a equipe de resgate
conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza,
informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações,
mensagens de carinho e apoio que temos recebido.”
Mais cedo, os socorristas
chegaram a montar um acampamento avançado perto de onde ela estava no parque
nacional. O g1 mostrou que o time de socorristas teve de descer o equivalente a
um Corcovado pela encosta íngreme para chegar até a jovem.
Nesta segunda (23), um drone
operado por resgatistas chegou até a jovem, que estava imóvel e a 500 metros
penhasco abaixo.
Na retomada dos trabalhos,
nesta terça, Juliana estava ainda mais abaixo, a cerca de 650 metros da trilha.
O passeio
Natural do Rio de Janeiro,
Juliana morava em Niterói e era formada em Publicidade e Propaganda pela UFRJ.
Ela também atuava como dançarina de pole dance. Desde fevereiro, ela fazia um
mochilão pela Ásia e já havia visitado Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de
chegar à Indonésia.
Na Ilha de Lombok, vizinha a
Bali, fica o Monte Rinjani, vulcão ainda ativo que se eleva a 3.721 metros de
altitude. Ao redor dele fica um lago. A paisagem atrai muitos turistas de
aventura todos os anos, mas exige preparo — é necessário pernoitar no caminho —
e fôlego, pois o ar em grande parte do percurso é rarefeito.
O acidente ocorreu na
madrugada de sábado (21) na Indonésia, meio da tarde de sexta (20) no Brasil.
Juliana e mais 6 turistas pegaram a trilha, auxiliados por 2 guias, segundo as
autoridades do parque.
A queda foi por volta das 4h
de sábado, 13h de sexta no Brasil.
A família de Juliana afirma
que ela foi abandonada pelo guia por mais de 1 hora antes de sofrer o acidente.
“A gente descobriu isso em contato com pessoas que trabalham no parque. Juliana
estava nesse grupo, porém ficou muito cansada e pediu para parar um pouco. Eles
seguiram em frente, e o guia não ficou com ela”, disse a irmã, Mariana, em
entrevista ao Fantástico.
Segundo informações do
parque, Juliana teria entrado em desespero. “Ela não sabia para onde ir, não
sabia o que fazer. Quando o guia voltou, porque viu que ela estava demorando
muito, ele viu que ela tinha caído lá embaixo”, relata a irmã da brasileira.
Em entrevista ao jornal “O
Globo”, o guia Ali Musthofa, de 20 anos, confirmou os relatos da imprensa local
de que aconselhou a niteroiense a descansar enquanto seguia andando, mas
afirmou que o combinado era apenas esperá-la um pouco mais à frente da
caminhada.
Segundo Ali, que atua na
região desde novembro de 2023 e costuma subir o Rinjani 2 vezes por semana, ele
ficou apenas “3 minutos” à frente de Juliana e voltou para procurá-la ao
estranhar a demora da brasileira para chegar ao ponto de encontro.
“Na verdade, eu não a deixei,
mas esperei 3 minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, a Juliana
não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a
encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar.
Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a
uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz da Juliana pedindo socorro. Eu
disse que iria ajudá-la. Tentei desesperadamente dizer a Juliana para esperar
por ajuda”, declarou.
Já com o dia claro, turistas
fizeram imagens de Juliana com um drone. Ela estava a 200 metros montanha
abaixo — e foram última vez que ela foi vista com vida. Esse registro correu o
mundo e chegou até a família da niteroiense, que a reconheceu pelas roupas.
Começava ali uma campanha
pelo resgate dela.
Imagens falsas deram
esperança
Ainda no sábado, autoridades
indonésias e até a Embaixada do Brasil em Jacarta informaram que montanhistas
tinham conseguido descer até Juliana e dado comida e água à jovem. Um vídeo do
suposto socorro chegou a circular.
No domingo, porém, a família
descobriu que tudo era mentira — e que Juliana passava fome, sede e frio.
“Recebemos, com muita
preocupação e apreensão, que não é verdadeira a informação de que a equipe de
resgate levou comida, água e agasalho para a Juliana. A informação que temos é
que até agora não conseguiram chegar até ela, pois as cordas não tinham tamanho
suficiente, além da baixa visibilidade”, afirmou Mariana na ocasião. A irmã
também denunciou que vídeos divulgados como sendo do momento do resgate foram
forjados.
O embaixador do Brasil na
Indonésia admitiu, em ligação registrada pelo Fantástico, que repassou
informações incorretas no início, com base em relatos imprecisos das
autoridades locais.
As condições severas do
tempo, com oscilações bruscas em poucas horas, o terreno instável e a distância
até o ponto da queda dificultaram o socorro.
Somente nesta terça, com a
instalação da base avançada, os trabalhos entraram pela noite na Indonésia./G1