O que aconteceu
Causa da morte ainda não foi
confirmada pela família. Durante o período em que esteve internada, Nana sofreu
com uma “overdose de opioides”. Ela também passou por cateterismo e
traqueostomia após quadro de arritmia cardíaca, segundo o jornal O Globo. Danilo
Caymmi, irmão da cantora, confirmou a morte nas redes sociais.
Nana estava internada desde
26 de agosto, quando retornou à unidade de saúde horas após receber alta. À
época, o hospital informou que ela precisaria fazer ajustes no marcapasso. Dias
antes, a artista foi hospitalizada por dores no tórax. Na ocasião, ela passou
por um cateterismo cardíaco, que não apresentou obstrução.
No dia 26 de julho, a cantora
já havia dado entrada no mesmo hospital com um quadro de arritmia cardíaca.
Dias depois da internação, ela passou por um implante de marcapasso.
Em 2015, a artista ficou nove
dias internada para tratar uma úlcera no estômago. À época, Nana foi submetida
a uma cirurgia gástrica por videolaparoscopia. O procedimento foi bem-sucedido
e logo ela recebeu alta.
A família da cantora ainda
não divulgou informações sobre velório e enterro.
Nana Caymmi nasceu em abril
de 1941. Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, ela
seguiu os passos da família e construiu uma das carreiras mais bem-sucedidas da
música popular brasileira.
Primeiro trabalho foi em
1960, quando gravou “Acalanto”, para um LP do pai. A música foi composta por
Dori para ser uma canção de ninar à filha. No mesmo ano, ela assinou com a TV
Tupi e passou a se apresentar no programa “Sucessos Musicais”. A artista também
se apresentou ao lado do irmão Dori no programa “A Canção de Nana”.
Da estreia ao disco ‘Nana,
Tom, Vinícius’
Cantora gravou o primeiro
disco, intitulado “Nana”, em 1963. No ano seguinte, ela participou do álbum
“Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo”. O projeto se
transformou em um clássico da MPB.
Venceu a fase nacional do 1º
Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, com a música “Saveiros”
(Dori Caymmi e Nelson Motta). Em entrevista ao documentário “Noites de
Festival”, a artista falou sobre as vaias que recebeu na ocasião.
“Foi até um aprendizado,
porque eu fui vaiada em São Paulo [também]. Eu não tinha dinheiro, e isso me
dava uma fortuna nessa época. Eu sabia que não era a Nana que estavam vaiando.
Ninguém me conhecia. Quem me conhecia era a Maysa e os músicos”.
Nana Caymmi
Ela gravou mais de 25 álbuns
ao longo da carreira, a exemplo de “Renascer” (1976), “Mudança dos Ventos”
(1980), “A Noite do Meu Bem” (1994), “Resposta ao Tempo” (1998), “Para Caymmi:
de Nana, Dori e Danilo” (2004), “Sem Poupar Coração” (2009) e “Nana, Tom,
Vinicius” (2020).
Nana foi indicada ao Grammy
Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira com o disco “Nana Caymmi
Canta Tito Madi”, em 2019. Dois anos depois, a artista recebeu uma nova
indicação para a mesma premiação, mas na categoria Álbum do Ano com o projeto
“Nana, Tom, Vinícius”.
Venezuela, casamentos, drama
pessoal
Artista morou em Caracas, na
Venezuela, por quatro anos. Ela se mudou para o país vizinho após se casar com
o médico venezuelano Gilberto José. Por lá, a cantora teve duas filhas: Stella
e Denise.
Nana deixou o marido e voltou
para o Brasil. À época, ela estava grávida do terceiro filho: João Gilberto
Caymmi Aponte. A cantora conseguiu na Justiça que o ex-companheiro pagasse
pensão aos filhos.
Estrela foi viver com
Gilberto Gil, em 1967, após meses de namoro. O relacionamento, no entanto,
chegou ao fim em 1969, quando ela se viu impedida de acompanhar o músico no
período em que ele esteve em exílio na Inglaterra —devido ao regime militar.
Ela também namorou João Donato, com quem morou entre 1972 e 1974. O último
casamento foi com o cantor e compositor Claudio Nucci, que chegou ao fim em
1984.
João, filho da artista,
sofreu um grave acidente no fim da década de 1980, no Rio de Janeiro. À época,
Nana deixou a carreira de lado e passou um ano cuidando exclusivamente do
rapaz. Ele tinha 23 anos quando caiu da motocicleta e ficou com sequelas
físicas e mentais irreversíveis.
‘A vida que me resta, de uma
senhora, quero viver em paz’
Artista deu uma entrevista
polêmica ao jornal Folha de S.Paulo, em 2019, quando lançou o álbum “Nana
Caymmi Canta Tito Madi”. À época, ela disse que estava fazendo uma despedida
“sem ir embora”, defendeu Jair Bolsonaro e atacou Chico, Gil e Caetano.
Saída à francesa. A vida que
me resta, de uma senhora, quero viver em paz. Acordei pro mundo: não tenho
muito tempo. Quero ouvir o que eu não podia ouvir. Criei três filhos sozinha. O
pai ficou na Venezuela, fez outra família.
Cantora votou em Jair
Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018. “É injusto não dar a esse homem
um crédito de confiança. Um homem que estava fodido, esfaqueado, correndo pra
fazer um ministério, sem noção da mutreta toda… Só de tirar PMDB e PT já é uma
garantia de que a vida vai melhorar.”
Ela citou colegas da música.
“Agora vêm dizer que os militares vão tomar conta? Isso é conversa de
comunista. Gil, Caetano, Chico Buarque. Tudo chupador de pa * de Lula. Então,
vão pro Paraná fazer companhia a ele. Eu não me importo.”
E deixou claro que não queria
as netas em show de pagode. “Liguei para Denise, minha filha, e perguntei das
meninas. ‘Ah, elas não tão aqui, foram assistir ao show do Belo’. Eu falei: ‘O
quê?’. Não tenho nada contra a pessoa. Mas duas bisnetas de Dorival Caymmi! Eu
já fazia música com quatro anos. Meti bedelho quando vivi com João Donato, com
Gil, com Claudio Nucci.”/UOL Notícias