Suzane von Richthofen, 39,
foi solta na tarde desta quarta-feira (11) mais de 20 anos após sua prisão, em
novembro de 2002, pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia, na zona sul de
São Paulo.
A Secretaria da Administração
Penitenciária informou, por meio de nota, que a Justiça concedeu a ela a
progressão ao regime aberto. O alvará de soltura de Suzane foi cumprido às
17h35.
Ré confessa, Suzane foi
condenada em 2006 a quase 40 anos de prisão e estava desde 2015 no regime
semiaberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas,
industriais ou em estabelecimentos similares.
Suzane von Richthofen ao
deixar presídio em 2005 em liberdade provisória - Tuca Vieira -
29.jun.2005/Folhapress
No regime semiaberto, o
condenado tem direito de trabalhar e frequentar cursos profissionalizantes, de
ensino médio ou superior durante o dia, regressando à noite para sua unidade.
Já no regime aberto, o
condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar,
frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido
durante o período noturno e nos dias de folga.
Procurado, o Tribunal de
Justiça de São Paulo informou que o processo de cumprimento de pena de Suzane
von Richthofen está em segredo de Justiça. Declarou ainda que a medida ocorreu
após uma decisão da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté após serem
verificados os requisitos estabelecidos pela Lei de Execução Penal.
O crime em 31 de outubro de
2002 chocou o país. Na época, ela tinha quase 19 anos e era estudante de
direito da PUC-SP.
Segundo depoimento dos
acusados à polícia, antes do assassinato, o irmão de Suzane —então com 15 anos—
foi levado por ela até um cybercafé. Em seguida, ela e o namorado, Daniel
Cravinhos, à época com 21, encontraram o irmão dele Cristian, 26, e seguiram
para a casa. Suzane entrou e foi ao quarto dos pais para constatar que eles
dormiam. Depois, acendeu a luz do corredor, e os irmãos golpearam o casal.
Inicialmente, a polícia
acreditava se tratar de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém,
a casa não tinha sinais de arrombamento, e tanto o alarme quanto o sistema
interno de vigilância estavam desligados.
Dias após o crime, a compra
de uma moto com parte do valor paga em dólares levou a polícia a desconfiar dos
irmãos. Em 8 de novembro de 2002, Suzane, Daniel e Cristian foram presos e
confessaram ter planejado e matado o casal.
Suzane obteve liberdade
provisória em junho de 2005 por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Ela voltou a ser presa meses depois após a exibição de uma entrevista concedida
ao "Fantástico", da Rede Globo, durante a qual ela foi orientada
pelos advogados a chorar e demonstrar fragilidade diante das câmeras.
Em 2006, ela teve a
domiciliar provisória permitida pelo então ministro Nilson Naves, do STJ, mas a
decisão foi cassada no mês seguinte.
Dentro da prisão, Suzane se
tornou evangélica, conselheira de outras detentas, abriu mão de lutar pela
herança dos pais, tentou se reaproximar do irmão e, em 2014, se casou com
Sandra Regina Ruiz Gomes, presa por sequestro.
No ano seguinte, ela foi para
o semiaberto. Em 2016, saiu pela primeira vez da prisão durante o feriado de
Páscoa.
Dois anos depois, em 2018, no
mesmo dia em que foi beneficiada com a saída temporária de fim de ano, Suzane
foi levada de volta à prisão após ser flagrada em uma festa de casamento em
Taubaté.
A relação com Sandra durou
até 2016. No mesmo ano, Suzane começou a namorar o empresário Rogério Olberg.
Em entrevista na época, ele afirmou que o sonho dela era constituir família.
"Ela gosta muito de crianças. Sim, eu me vejo casado com a Suzane",
disse Olberg.
O caso ganhou dois filmes
lançados na mesma data em 2020. Os longas são baseados nos autos do processo do
assassinato do casal Von Richthofen e abordam as versões apresentadas por
Suzane e Daniel ao tribunal.
Às vésperas da estreia,
Suzane entrou com uma ação contra a produtora Santa Rita Filmes por causa dos
longas "A Menina que Matou os Pais" e o "Menino que Matou Meus
Pais". A produtora, no entanto, ganhou todas as etapas em primeira
instância do processo, que já foi transitado em julgado./folha