![Bolsonaro vira 'criminoso climático' em ação nas ruas de NY antes de Assembleia da ONU [Bolsonaro vira 'criminoso climático' em ação nas ruas de NY antes de Assembleia da ONU]](https://imagem.bnews.com.br/fotos/bocao_noticias/BEiJzfmoX8ucD4yr8eJmiA/810x400/323737-IMAGEM_NOTICIA_0.jpg)
Nesta terça (21), quando o
presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) iniciar seu discurso na
Assembleia-Geral da ONU, um caminhão com três telões circulará pelas ruas de
Nova York exibindo mensagens como "Bolsonaro is burning the Amazon"
(Bolsonaro está queimando a Amazônia, em inglês).
O caminhão já rodou as ruas
da cidade-sede da ONU, nos Estados Unidos, nesta segunda (20), primeiro dia de
agenda oficial do presidente brasileiro em solo americano. Entre os locais por
onde ele passou estão Wall Street, a Times Square e o One World Trade Center.
No vídeo exibido nos telões
ambulantes, as frases contra o presidente são acompanhadas do som de labaredas
flamejando e de imagens, ora da floresta em chamas, ora de montagens de
Bolsonaro com os cabelos em fogo.
A intervenção foi elaborada
por um grupo de ativistas brasileiros e americanos e financiada por
organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente e à defesa da
democracia no Brasil. Entre as frases exibidas no vídeo, estão ainda "Jail
Bolsonaro" (prendam Bolsonaro), "Amazon or Bolsonaro" (Amazônia
ou Bolsonaro) e "Bolsonaro, climate criminal" (Bolsonaro, criminoso
climático).
A ação é capitaneada pelas
organizações Amazon Watch e US Network for Democracy in Brazil (Rede dos
Estados Unidos pela Democracia no Brasil). Outras organizações envolvidas na
iniciativa preferiram o anonimato para evitar retaliações do governo
brasileiro.
"Sabemos que Bolsonaro
veio a Nova York para mentir que seu governo está protegendo a Amazônia e,
portanto, nós temos o dever de denunciá-lo", explica Christian Poirier,
diretor de programas da Amazon Watch. Ele afirma que a ação destaca haver nos
EUA uma rede de brasileiros e brasilianistas que apoiam e se preocupam com a
democracia no Brasil.
"O futuro da floresta
está ameaçado por este presidente, que diz protegê-la."
Em nota, as organizações da
sociedade civil envolvidas na ação afirmam que "a mera presença de
Bolsonaro na Assembleia-Geral das Nações Unidas demanda uma resposta".
"Ele é o único chefe de
Estado não vacinado. É o homem que desmontou os instrumentos de fiscalização do
desmatamento em seu país. Ele é o líder que autoriza e anistia o aumento
recorde na destruição da Amazônia e de outros biomas", descreve o texto,
que aponta o presidente brasileiro como responsável por "um dos maiores
ataques aos povos indígenas do Brasil".
O discurso de Bolsonaro na
ONU é visto por diplomatas, militares e integrantes mais moderados do governo
federal como um palco internacional importante na tentativa de reduzir a pressão
sobre o Brasil em temas como preservação da Amazônia e direitos das comunidades
indígenas.
A imagem de líder
descompromissado com a proteção ambiental e hostil a comunidades tradicionais é
considerado um obstáculo à agenda externa do Brasil, além de ser um entrave à
expansão do comércio exterior do agronegócio brasileiro.
"Bolsonaro representa tudo
o que é ruim no Brasil neste momento: negacionismo, recusa às vacinas,
agressividade contra povos indígenas, contra o povo negro e contra o movimento
LGBT", avalia o brasilianista James Green, professor de história do Brasil
na Universidade Brown (EUA) e um dos coordenadores da Rede nos EUA pela
Democracia no Brasil.
"É um desejo de pessoas
em Nova York demonstrar repúdio geral ao governo dele e às políticas que ele
tem defendido."
Segundo Green, este é um
movimento que aponta para o progressivo isolamento e vulnerabilidade de
Bolsonaro, como apontado por pesquisa Datafolha, que indica reprovação ao seu
governo por 53% dos brasileiros.
"Nenhum chefe de Estado,
nenhuma liderança comprometida com meio ambiente, direitos humanos e democracia
deve confiar em uma só palavra que Bolsonaro tenha a dizer nem recebê-lo ou
tê-lo como aliado", acusa o documento das organizações envolvidas na ação
em Nova York, que apontam o presidente brasileiro como "um extremista e
uma ameaça real ao futuro de todos nós".
Outros grupos e coletivos de
ativistas brasileiros e americanos planejam ainda espalhar projeções e cartazes
por Nova York nesta terça (21)./G1