Uma foto publicada nas redes
sociais de Roberto Dinamite, 68, um dos maiores ídolos da história do Vasco,
gerou comoção nas redes sociais no último domingo (06/11). Na imagem, o
ex-atacante da Seleção Brasileira, que está em tratamento contra um câncer no intestino
desde o ano passado, aparece comemorando, ao lado da neta Valentina, a vitória
do time por 1 a 0 sobre o Ituano.
"Felicidade dupla estar
em casa e assistir a vitória do Vasco. Como é bom receber esse abraço,
Valentina", escreveu o ex-futebolista na legenda da publicação. O câncer
de intestino, também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal, é o
terceiro tipo de tumor maligno mais comum em homens e o segundo nas mulheres,
quando se desconta o câncer de pele não melanoma.
A estimativa mais recente do
Inca (Instituto Nacional de Câncer) é de 20.540 casos em homens e 20.470 em
mulheres para cada ano do triênio de 2020-2022. Esses valores correspondem a um
risco estimado de 19,64 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100
mil mulheres.
Por ter uma forte associação
com maus hábitos alimentares, é um tipo de câncer que pode ser prevenido. O
próprio exame de colonoscopia, indicado para diagnóstico e rastreamento, também
possui um caráter preventivo —quando pólipos são encontrados, eles podem ser
removidos antes de evoluírem para um tumor maligno.
Além disso, a doença costuma
evoluir lentamente, o que favorece o tratamento do câncer.
Quais são os fatores de risco
modificáveis do câncer de intestino?
Alguns comportamentos são
conhecidos por aumentar o risco de desenvolver tumores que se iniciam na parte
do intestino grosso chamada cólon e no reto (final do intestino, imediatamente
antes do ânus) e ânus. Veja quais são eles:
• Ingestão excessiva de carnes vermelhas, principalmente as
processadas: o mecanismo de ação seriam os compostos carcinogênicos gerados
durante o processamento (para virar salsicha, bacon, presunto etc,) ou quando a
carne é submetida a altas temperaturas (como assar, fritar ou grelhar). O
churrasco seria ainda pior, pois inclui os compostos provenientes da queima do
carvão. Por excesso, entenda-se mais de cinco vezes por semana, ou uma média
superior a 100 gramas por dia.
• Dietas pobres em frutas, legumes e verduras: vegetais são
ricos em antioxidantes e fibras, que têm papel protetor contra a obesidade e o
câncer. Por isso, a recomendação é ingerir cinco porções ao dia desses
alimentos;
• Obesidade abdominal: a condição envolve reações hormonais e
inflamatórias que aumentam o risco de câncer;
• Sedentarismo: a prática regular de exercícios combate a
obesidade e melhora o perfil hormonal;
• Fumo: o tabaco também já foi relacionado ao câncer colorretal.
Consumo excessivo de álcool: homens que ingerem mais de 14 doses de bebida
alcoólica por semana, bem como mulheres que bebem mais que sete doses por
semana, têm risco mais alto de ter esse e outros tipos de câncer.
Fatores de risco não
modificáveis
Os fatores de risco
associados ao câncer de intestino que não podem ser alterados incluem a herança
genética, a etnia e a idade, por exemplo. Entenda abaixo:
• Idade: a maior parte dos pacientes com a doença tem mais de 50
anos.
• Herança familiar: algumas famílias têm histórico desse tipo de
câncer, e nesses casos é comum o surgimento antes dos 50 anos. Também há
síndromes associadas à doença, como o câncer colorretal hereditário não
poliposo (HNPCC, ou síndrome de Lynch) e a polipose adenomatosa familial (FAP).
• Histórico pessoal de câncer ou pólipos: quem já teve pólipos
adenomatosos ou tratou-se de câncer colorretal, de ovário, útero ou mama também
é mais propenso.
• Etnia: estudos indicam que judeus de origem europeia oriental
têm maior tendência a esse tipo de câncer, bem como pessoas negras, embora as
causas não sejam claras.
• Diabetes tipo 2: de acordo com a Associação Americana do
Câncer, pacientes com a doença têm maior risco mesmo descontando-se fatores
como obesidade abdominal e sedentarismo.
• Doenças inflamatórias intestinais: pacientes com colite
ulcerativa ou doença de Crohn têm propensão maior ao câncer colorretal.
Como é feito o diagnóstico e
quais são os sintomas?
O principal exame para
detectar o câncer colorretal é a colonoscopia. Além de solicitado quando há
sintomas, ou após um resultado positivo na pesquisa de sangue oculto nas fezes
(PSOF), é utilizado no rastreamento do câncer colorretal a partir dos 50 anos
de idade, ou a partir dos 40 anos em pacientes com histórico familiar.
Durante o procedimento,
pólipos suspeitos são ressecados para biópsia (polipectomia). Assim, a
colonoscopia não só é é fundamental para o diagnóstico como também para a
prevenção do câncer, já que alguns desses pólipos podem se transformar em
lesões malignas no futuro.
É fundamental procurar o
médico sempre que notar qualquer alteração nas fezes ou no hábito intestinal.
No caso do ex-atacante, por exemplo, o tumor foi descoberto após Roberto
Dinamite passar por uma cirurgia por conta de uma obstrução intestinal.
As principais manifestações
do câncer de intestino incluem presença de sangue ou muco nas fezes, fezes
escuras ou em forma de fita, anemia, cólicas abdominais, dores ou sangramento
ao evacuar, mudança no hábito intestinal (a pessoa começa a ter diarreia ou
prisão de ventre que não passam e não têm causa aparente), sensação que o
intestino não esvaziou após evacuar, sensação de empachamento, perda de peso
inexplicável, cansaço e fadiga constantes.
Tratamento
Apenas alguns tumores em
estágio inicial podem ser retirados por colonoscopia. A cirurgia para retirada
de tumores do cólon é chamada de colectomia, e pode ser aberta (com incisão no
abdome) ou feita por laparoscopia. Gânglios linfáticos próximos também podem
ser removidos no mesmo procedimento. Em casos de obstrução intestinal, um stent
pode ser inserido antes do procedimento.
Em relação ao câncer de reto,
muitas vezes a quimioterapia ou a radioterapia podem ser indicadas para reduzir
o tamanho do tumor antes do procedimento cirúrgico. É que, como o reto está
localizado dentro da cavidade pélvica, o trabalho do cirurgião fica
dificultado. Existem técnicas minimamente invasivas capazes de remover tumores
localizados sem incisões.
Em agosto deste ano, Roberto
Dinamite passou por uma cirurgia no intestino e permaneceu internado. No dia 20
do mesmo mês, recebeu alta e passou a ir ao hospital regularmente para sessões
de quimioterapia.
Um vídeo divulgado por um
torcedor do clube nos últimos dias mostra o ex-jogador andando lentamente pelos
corredores de um hospital, com uma sonda no nariz e o semblante abatido.
Filho do craque, Rodrigo
Dinamite explicou nas redes sociais que, apesar de o vídeo "assustar quem
não convive" com o pai, o ex-atacante "está bem e fazendo o
tratamento".
"A perda de peso é natural,
quem já teve sabe que o tratamento não é fácil. Mas se Deus quiser já já ele
vai tá de volta com todos", disse./ uol