Na última terça-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que enviaria uma comitiva liderada pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a Israel, para conhecer o spray nasal EXO-CD24, medicamento que começou a ser testado no tratamento contra a Covid-19 que ainda não possui dados de eficácia comprovados.
No entanto, neste sábado (6), Bolsonaro mudou o discurso e anunciou, em um vídeo publicado nas redes sociais, que a viagem é uma missão de uma cooperação entre os dois países para tratar de medicamentos e vacinas, sem citar o spray nasal que não possui eficácia comprovada contra Covid-19.
“O objetivo dessa viagem é mais que um intercâmbio. Nós estamos buscando protocolos, acordos da área de ciência e tecnologia”, disse o presidente.
Bolsonaro estava ao lado de membros da comitiva que irá a Israel, entre eles o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marcelo Moraeles, que deu mais detalhes sobre o objetivo da viagem.
“O objetivo dessa missão é a gente levar nesse acordo de cooperação com Israel toda a área de ciência e tecnologia, e da saúde, que nós estamos desenvolvendo no país e Israel, para fazer esse acordo de cooperação em várias áreas do conhecimento. Inclusive de medicamentos e vacinas que estamos desenvolvendo na ‘Rede Vírus’ do Ministério da Ciência e Tecnologia e também no Ministério da Saúde”, disse Morales.
Bolsonaro ainda diz que há uma vacina brasileira em desenvolvimento que a comitiva está levando para a Israel, e Morales comenta a respeito. “São 15 vacinas diferentes, e três chegaram num grau de maturação que podem iniciar no próximo mês os ensaios clínicos em pacientes. Uma delas já deu entrada na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”.
Morales ainda explica que a vantagem é de que “se tivermos uma mutação no Brasil nós dominamos a tecnologia e podemos mudar rapidamente a vacina adaptando à nova mutação”.
O UOL consultou a Anvisa a respeito da fala de Morales, mas o órgão negou a informação. Segundo a agência, ela mantém contato com centros de pesquisa das universidades UFMG, UFRJ e USP, esta última em parceria com um laboratório dos EUA. Ainda segundo o UOL, a Anvisa afirma que todas as análises estão em fase pré-clínica, com testes em animais. Não houve pedidos para estudos em pessoas.
“A Anvisa não recebeu nenhum pedido formal de autorização de estudos no Brasil para essas três vacinas”, disse a assessoria da agência./istoe
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