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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

"Falar é a melhor solução": Setembro Amarelo reforça a importância da conversa para prevenir o suicídio

 


O nono mês do ano chega trazendo uma das campanhas de saúde pública mais importantes do mundo: o Setembro Amarelo. Dedicado à prevenção do suicídio e à valorização da vida, a iniciativa busca abrir espaço para um diálogo franco e empático sobre um tema ainda cercado de silêncio e estigma. A mensagem central é clara e vital: falar é a melhor solução.

A origem da campanha remonta aos Estados Unidos, em 1994, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, tirou a própria vida. Seus amigos e familiares, em sua homenagem, distribuíram cartões com fitas amarelas – cor do carro restaurado por Mike – com a mensagem “Se você precisar, peça ajuda”. O gesto ganhou proporções mundiais e, no Brasil, foi abraçada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Os números preocupantes

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente no mundo – uma a cada 40 segundos. No Brasil, são aproximadamente 14 mil casos por ano, o que equivale a quase 40 mortes por dia. Trata-se de uma triste realidade que registra mais óbitos do que muitas doenças graves, sendo a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

“Esses números não são apenas estatísticas. São vidas, sonhos interrompidos e famílias devastadas. A grande maioria dos casos poderia ser evitada com intervenção adequada, acesso a tratamento e, principalmente, com a quebra do tabu que cerca o assunto”, explica a Dra. Ana Lúcia Ferreira, psiquiatra especializada em saúde mental.

Sinais de alerta: saber reconhecer para poder ajudar

O suicídio raramente é um ato impulsivo. Na maioria das vezes, é precedido por um período de sofrimento intenso e por comportamentos que podem servir de alerta. Ficar atento a esses sinais em familiares, amigos e colegas é um passo crucial para a prevenção.

Os principais indícios incluem:

·                                 Isolamento social: afastar-se abruptamente de amigos, familiares e atividades que antes davam prazer.

·                                 Mudanças de humor extrema: alternância entre profunda tristeza, irritabilidade e aparente calma repentina.

·                                 Falar sobre morte ou suicídio: frases como “eu desejaria não ter nascido”, “vocês estariam melhor sem mim” ou “eu não aguento mais” devem ser levadas a sério.

·                                 Comportamentos autodestrutivos: aumento no consumo de álcool ou drogas, direção perigosa e descuido com a própria segurança.

·                                 Despedidas: fazer testamentos, doar pertences valiosos ou se despedir de pessoas como se não fosse vê-las again.

O que fazer e o que NÃO fazer

Se você identifica algum desses sinais em alguém próximo, é importante agir com calma e empatia.

FAÇA:

·                                 Converse abertamente: Pergunte com delicadeza e sem julgamentos: “Estou preocupado com você, como você está se sentindo?” ou “Você está pensando em machucar a si mesmo?”. Falar sobre suicídio não incentiva o ato, pelo contrário, pode aliviar a angústia.

·                                 Ouça com empatia: Deixe a pessoa desabafar. Mostre que você se importa e que os sentimentos dela são válidos.

·                                 Incentive a buscar ajuda profissional: Sugira a procura por um psicólogo, psiquiatra ou um serviço de saúde.

·                                 Mantenha contato: Não deixe a pessoa sozinha. Ligue, mande mensagens e mostre seu apoio constante.

NÃO FAÇA:

·                                 Julgue ou minimize a dor: Evite frases como “Isso é falta de Deus” ou “Você tem tudo na vida, para de drama”.

·                                 Dar falsas garantias: Prometer segredo absoluto não é possível nessa situação. A vida da pessoa em risco é a prioridade.

·                                 Deixar a pessoa sozinha em um momento de crise.

Onde buscar ajuda?

A rede de apoio é fundamental. Além do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, canais de ajuda gratuitos e sigilosos estão disponíveis 24 horas por dia:

·                                 CVV – Centro de Valorização da Vida: Ligue 188 (telefone gratuito), acessone o site www.cvv.org.br ou utilize o chat disponível na plataforma. O serviço funciona 24h todos os dias.

·                                 CAPS – Centro de Atenção Psicossocial: Unidades de saúde espalhadas por todo o país especializadas no atendimento à saúde mental.

·                                 Emergência: Em casos de risco iminente, procure imediatamente um pronto-socorro ou ligue para o SAMU (192).

Setembro Amarelo é o ano inteiro

Embora setembro seja o mês de conscientização, os cuidados com a saúde mental devem ser uma prioridade constante. Promover um ambiente de trabalho saudável, cultivar relações de afeto, praticar o autocuidado e estar disposto a ouvir sem julgamento são atitudes que fazem a diferença todos os dias do ano.

A campanha do Setembro Amarelo nos lembra que, juntos, podemos iluminar o caminho daqueles que estão em meio à escuridão. Falar sobre suicídio salva vidas. Não se cale.

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