QUEDAS DO IGUAÇU E
LARANJEIRAS DO SUL (PR) - Atualizada às 23h26 - A caravana do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela região Sul foi alvo de um
atentado nesta terça-feira. Dois dos três ônibus da comitiva foram atingidos
por disparos de armas de fogo, entre
Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul,
no Paraná. Lula estava no terceiro ônibus, que não foi alvejado.
Um dos ônibus, onde estavam
jornalistas brasileiros e estrangeiros, foi atingido por dois disparos de armas
de baixo calibre. O outro veículo, alvo de um disparo, transportava convidados
do PT. Não houve feridos.
Os ônibus foram atingidos no
fim da tarde de ontem, cerca de 15 minutos depois de saírem de Quedas do
Iguaçu, onde Lula participou de um ato com pequenos produtores rurais,
militantes do PT e do MST. Foram jogados "miguelitos", espécie de
prego com cinco pontas, para furar os
pneus. Os passageiros relataram que escutaram um barulho seco contra a lataria
e pensaram que eram pedras.
Os motoristas dos veículos
percorreram ainda cerca de 60 quilômetros, com receio de parar perto do local
do ataque, e estacionaram próximo à cidade de Laranjeiras do Sul, onde foram os
últimos eventos da caravana nesta terça-feira. Nesse momento, viram as marcas
de disparo na lataria e dois pneus furados de um dos ônibus.
Segundo o delegado de
Laranjeiras do Sul, Fabiano Oliveira, pelo menos duas pessoas devem ter
participado do ataque. A coordenação da caravana fez um boletim de ocorrência e
não há prazo para a conclusão do laudo pericial.
Coordenador da caravana, o
vice-presidente do PT Marcio Macedo disse que foi uma tentativa de
"emboscada" e uma ação de "banditismo". Macedo afirmou que
se reuniu com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), há duas semanas para
pedir segurança.
"Se acontecer alguma
coisa contra Lula, contra algum integrante da comitiva a responsabilidade será
do presidente Michel Temer, do ministro da Segurança [Raul Jungmann] e do
governador do Paraná, disse. "É ação de milícia armada, da turma do [Jair]
Bolsonaro".
A presidente nacional do PT,
senadora Gleisi Hoffmann (PR) cobrou um pronunciamento do governo federal e do
Paraná. "É muito grave, poderia ter matado pessoas. Queremos uma
manifestação das autoridades", disse. O líder do PT na Câmara, Paulo
Pimenta (SP), telefonou ao ministro da Segurança, Raul Jungmann, pedindo
providências.
Depois do atentado, o
ex-presidente afirmou que não vai se intimidar. "Pode atirar pedra. Deem
tiro no ônibus como deram hoje. Se pensam que com isso vão acabar com a minha
disposição em lutar, estão enganados", afirmou ao visitar um assentamento
do MST, em Laranjeiras do Sul. "Querem matar? Eles mataram Tiradentes.
Salgaram a carne e penduraram nos postes, mas eles não mataram a ideia
libertária da independência".
A Secretaria de Segurança
Pública do Paraná disse que abrirá inquérito para apurar os fatos. Em nota,
afirmou que "o ex-presidente não estava no ônibus" da caravana e que
o petista foi à universidade federal em
Laranjeiras do Sul de helicóptero. A secretaria disse ainda que o PT não havia
pedido escolta.
Lula, no entanto, estava sim
no ônibus. O PT reiterou que pediu escolta. "A secretaria de segurança
pública mente para omitir a responsabilidade no atentado sofrido pela caravana
do ex-presidente Lula", afirmou o partido, em nota. "O PT pediu sim
ao governo do Estado toda segurança à caravana". A comitiva não foi escoltada pela polícia no
Paraná.
A caravana do ex-presidente
tem sido alvo de ataques de antipetistas durante todo o percurso pela região
Sul.
Pela manhã, em Quedas do
Iguaçu, Lula disse que nunca tinha visto
tamanha "barbárie" e "selvageria" em manifestações. O
ex-presidente fez um relato dos incidentes ao longo dos nove dias de sua viagem
pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e afirmou que os antipetistas esperavam sua caravana com paus,
pedras, rojões, ovos, pneus queimados e estradas bloqueadas, além de tentarem
impedi-lo de circular pelas cidades.
Centenas de moradores de
Quedas do Iguaçu, entre eles pequenos produtores rurais, assentados de
acampamentos do MST e petistas, assistiram ao discurso apesar da chuva e do
atraso de quase quatro horas. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann afirmou que a
caravana havia recebido a informação de que poderia ter bloqueio na estrada
para impedir a chegada do ex-presidente.
"Eu nunca tinha
assistido selvageria como estamos assistindo agora, de um grupo de pessoas que
eu não sei quem são, que nos espera em cada trevo com pau, pedra, rojão e com
bomba, jogando de forma irresponsável no ônibus para tentar evitar que a nossa
caravana chegue no lugar que esta marcado", disse Lula.
"Viajo esse país há
muitos e muitos anos e eu nunca vi barbárie como essa ", afirmou. Desde o
primeiro dia da caravana, Bagé (RS),
Lula e seus apoiadores têm sido hostilizados por antipetistas.
De forma geral, são poucas
pessoas, organizados em grupos com até 30 manifestantes, que têm feito as ações
violentas. Em Bagé, disse o ex-presidente, caminhões e tratores de produtores
rurais bloquearam a estrada para impedir o acesso à cidade. Os protestos continuaram. "Em todas as
cidades e tinha trator, caminhão , pau e pedra", afirmou.
Em Cruz Alta (RS), houve
quatro mulheres feridas. Em Chapecó (SC), tentaram impedir a entrada de Lula no
hotel e depois, houve uma tentativa de invasão ao local. Anteontem, em
Francisco Beltrão (PR), antipetistas bloquearam um dos acessos à cidade.
Com a escalada da violência
contra Lula, os organizadores da caravana estão preocupados com o encerramento
das atividades nesta quarta-feira, em Curitiba, no fim da tarde. Pela manhã, o
pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ), marcou um ato no aeroporto
de São José dos Pinhais, próximo a Curitiba, que tem sido visto pelos petistas
como uma provocação à caravana./ valor
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