Allana Brittes, de 18 anos,
filha do empresário Edison Brittes Junior, de 37 anos, que confessou ter matado
o jogador Daniel Corrêa Freitas, de 24 anos, postou em sua rede social uma foto
com a vítima depois que encontraram o corpo do jovem na área rural de São José
dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Na publicação - que foi
compartilhada em um modo onde é possível visualizar por apenas 24h - a jovem
publicou uma fotografia de seu aniversário de 17 anos. Nela, os dois aparecem
como amigos. Na legenda, é possível ler: “A foto do meu aniversário do ano
passado. A desse ano você não me mandou”. Ela finaliza a postagem com um emoji
de lágrimas, provavelmente, fazendo relação com a morte do jogador.
Na ocasião da postagem, ainda
não eram conhecidos detalhes sobre o assassinato. Entre eles, que Daniel foi
espancado na casa da Allana, morto pelo pai da garota e que ela sabia de tudo.
Contradição
Já em um vídeo divulgado pelo
advogado de defesa da família, Cláudio Dalledone Júnior, Allana aparece dizendo
que não era próxima do jogador e que ele não teria sido convidado para a festa
em sua residência. No entanto, Daniel foi a Curitiba especialmente para
participar da comemoração pelo aniversário de 18 anos da jovem.
Allana e sua mãe Cris
Brittes, de 35 anos, estão presas em São
José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, juntamente com o
empresário Edison Brittes Júnior. Conforme a polícia, ambas são suspeitas de
envolvimento no crime. A defesa informou que as prisões de Edison, sua esposa e
filha são temporárias e tem duração de 30 dias.
Na terça-feira (30), Edison
Brittes ligou para Eliana Corrêa, mãe do jogador, a fim de dar os pêsames e oferecer auxílio à família
enlutada. "Esse maluco ligou para a mãe dele [Daniel]. Foi um negócio bem
de sangue frio mesmo. Se o Daniel tivesse estuprado, ele não ligaria para a mãe
[do estuprador] e falaria sobre sentimentos dele. Não se estivesse defendendo a
honra da família. Esse cara está inventando a versão dele", acusou o
parente da vítima que não quer se identificar por medo de retaliações por parte
dos suspeitos.
Testemunha do caso Daniel
Correa foi ouvida
Uma testemunha considerada
chave, que foi ouvida durante três horas na quarta-feira (30), afirmou em
depoimento, que Daniel foi brutalmente espancado dentro da residência da
família - no quarto do casal- e depois levado do local, no porta-malas do carro
do assassino confesso, para um matagal. De acordo com sua versão, outros três
homens teriam ajudado a agredir a vítima enquanto Allana e Cris entraram em
desespero. “Quando eles estão batendo, eles tiram a cueca do Daniel e deixam
ele só de camiseta. Nesse momento, ele já não conseguia mais falar. Ele já
estava só murmurando, praticamente desmaiado", disse Jacob Filho, advogado
da testemunha. Ele também contou que os agressores falavam “Vai morrer, mexeu
com a mulher dos outros, vai morrer”.
Suspeito confessa o crime
O advogado do suspeito,
afirma que Brittes agiu em defesa da esposa, pois o jogador, segundo ele, teria
tentado estuprar a mulher.
De acordo com essa versão, o
objetivo de Diego não era matar Daniel e sim abandoná-lo na área rural de SJP.
Porém, o advogado afirma que quando ele estava transportando a vítima para uma
área rural, o celular de Daniel tocou. Foi então que Brittes viu viu as fotos
do jogador com sua esposa em cima da cama. Enraivecido, ele teria perdido o
controle, matado o jogador e arrancado o órgão genital.
O órgão genital de Daniel foi
encontrado, na quinta-feira (1), em cima de uma árvore próximo ao local do
crime.
Passagens do empresário pela
polícia
Edison possui passagens pela
polícia e responde por diversos processos desde 2005. Entre as situações
constam pelo menos três contravenções por porte ilegal de arma, uma em 2018,
outra em 2017 e a terceira em 2015.
Também em 2015, por meio de
uma denúncia anônima, Brittes foi acusado de realizar adulteração de chassi de
veículo. Após abordagem da polícia na casa de Edison, o veículo foi localizado
e então os policiais constataram uma adulteração na numeração dos vidros do
automóvel. Em 2017, mais um processo de adulteração de veículo foi encontrado
no nome de Edison por meio de uma outra denúncia.
Em 2005, ele respondeu por
ameaça e crime contra a pessoa e, em 2007, foi acusado de crime contra o
patrimônio. Nesta quinta-feira (1º), no
início da tarde, o advogado Dalledone, que defende o suspeito pela morte do
jogador de futebol, entrou com um pedido judicial para ter acesso a todos os
processos sigilosos que estão em trâmite no nome de Edison Brittes Junior.
Entenda a festa que acabou em
assassinato
De acordo com a polícia,
Daniel viajou até Curitiba para comemorar o aniversário de 18 anos de Allana em
uma casa noturna sertaneja. De lá, no início da madrugada de sábado (27), ele
teria seguido com outras pessoas para a residência de Edison Brittes onde
ocorria um “after”.
Além dele, a jovem comemorou
ao lado de aproximadamente mais 300 pessoas, que, conforme a polícia, teriam
consumido ao todo cerca de 140 litros de vodka. Segundo a administração da
boate, o jogador de futebol não se envolveu em nenhuma confusão dentro do
local.
Na casa da aniversariante a
festa continuou até que foram ouvidos os gritos de Cris por socorro. Foi nesse
momento que a testemunha-chave presenciou Daniel ser espancado pelo empresário
e outros três suspeitos. A pessoa que viu tudo foi categórica em dizer que não
sabe afirmar o que ocorreu enquanto Daniel estava sozinho no quarto com Cris.
Na versão do advogado de
defesa da família, o jogador entrou no quarto e tentou estuprar a esposa do
empresário. Então, Edison espancou o jovem, colocou ele dentro do carro e foi
até a área rural de São José dos Pinhais com a intenção de abandoná-lo vivo.
Dalledone afirma que foi durante o trajeto que o empresário perdeu o controle e
matou o jovem. Na história contada pela defesa, o celular da vítima tocou e o
marido viu as fotos que Daniel tirou com Cris na cama do casal. Além de
mensagens que ele teria enviado a um amigo de São Paulo afirmando que iria ter
relações sexuais com Cris no quarto do casal.
O corpo de Daniel foi
localizado no sábado a tarde, na Colônia Mergulhão, na zona rural de São José
dos Pinhais, depois que um morador da região viu marcas de sangue no chão de
uma estrada rural e seguiu o rastro até o corpo do jovem. Ele estava vestido
apenas com uma camiseta, com sinais de tortura, o pênis decepado e cortes
profundos no pescoço, a ponto de quase ter sido degolado. "Possivelmente
foi uma morte dolorosa. Ele sofreu, não morreu no momento. Foi uma coisa com
bastante malvadeza. Quem fez estava com raiva”, disse Edmilson Pereira, superintendente
da Polícia Civil de São José dos Pinhais.
Para o promotor Milton Sales,
responsável pelo caso, a história sustentada pela defesa apresenta
contradições. “Eu analisei os fatos, objetivamente falando, e a história que
nos é contada é muito mal contada. Ele tem que ser apurada de uma maneira com
provas porque essa vítima de alguma forma, por algum motivo, foi levada a este
local. Ele não apareceu lá do nada. Então, a circunstância do que aconteceu,
que levou e chegou a esse evento, eu não posso me pautar exclusivamente com a
alegação do autor do fato”, declarou em entrevista.
As investigações são
conduzidas pela Delegacia da Polícia Civil de São José dos Pinhais./bocaonews
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