"O
número aumentou pouco de ontem para hoje, porque os corpos estão com o acesso
mais difícil. É necessária a escavação, a estabilização do solo e, mesmo quando
um corpo é encontrado é feito um trabalho para não atrapalhar o processo de
identificação", afirmou Aihara.
O
porta-voz ainda comentou sobre as imagens que mostram o momento exato da
barragem I da Mina do Feijão despencando. Segundo Aihara, o corpo técnico das
buscas já havia recebido os vídeos da Vale um dia após a queda da estrutura,
mas optaram por não divulgá-los.
"Esses
vídeos poderiam provocar pânico nas pessoas. Os moradores poderiam ter um
movimento de evacuação generalizada. Essa decisão visou, sobretudo, o bem-estar
da população", disse o porta-voz dos bombeiros.
Aihara
ainda afirmou que as imagens foram importantes para o corpo técnico estudar
como a lama se comporta. "Os vídeos serviram para a gente fazer
estimativas, ver onde as pessoas estavam e onde os corpos foram encontrados
depois para termos uma noção de como foi esse movimento", afirmou.
Já segundo
o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Luiz Carlos Ferreira, 71 corpos
foram identificados e outros 19 foram pré-identificados. Isso significa que já
foram feitas as coletas de digitais e os exames papiloscópicos, restando apenas
a confirmação da identidade pelo Instituto Médico Legal.
"Hoje,
a expectativa é que tenhamos 90 vítimas identificadas", disse Ferreira. O
delegado ainda afirmou que 8 sobreviventes já foram ouvidos para ajudar nas
investigações que apuram o motivo da queda da barragem.
O major
Santiago, da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou que está trabalhando na
desobstrução da rodovia que dá acesso a Brumadinho. No entanto, o polcial
afirmou que só serão liberados serviços essenciais para a cidade. "Quem quiser
vir pra cá para ver a tragédia, não será autorizado a entrar na cidade para o
resguardo da operação", disse o major em coletiva.
LIQUEFAÇÃO
PODE TER SIDO A CAUSA DO ROMPIMENTO
O
rompimento da barragem da Vale na última sexta-feira pode ter sido causado por
liquefação, o que já ocorreu em outros grandes desastres no mundo em estruturas
com o mesmo método de construção de Brumadinho (MG), com tecnologia de
alteamento a montante, afirmou à Reuters o subsecretário de Regularização
Ambiental, da secretaria do meio ambiente do Estado, Hidelbrando Neto.
No
entanto, seria preciso entender por que a liquefação teria acontecido, afirmou
o subsecretário, uma vez que dados entregues pela Vale mostram que equipamentos
chamados piezômetros não detectaram movimentação de água interna na estrutura.
Neto
lembrou que a liquefação, com o maior acúmulo de água na estrutura, foi o
motivo apontado para o rompimento de barragem da Samarco (joint venture da Vale
com BHP Billiton) em novembro de 2015, que utilizava o mesmo método de
alteamento.
A
conclusão no caso Samarco foi publicada por autoridades e endossada mais tarde
por investigação contratada pelas próprias mineradoras, que apontou causas
técnicas para a liquefação, mas não informou culpados.
"Os
dois desastres que ocorreram foram com barragens a montante e, nos dois casos,
pelo menos tudo indica, que é a informação que a gente está recebendo aqui, é
que foi por liquefação", afirmou Neto, pontuando que a liquefação é
problema mais comum em barragens alteadas pelo método a montante, pelo fato dos
alteamentos serem feitos em cima do rejeito drenado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário