É fato que a atual conjuntura
nacional tem lançado desafios substanciais a todos os segmentos relacionados à
área de Educação. Este é o setor que mais teve prejuízos nos últimos dez meses,
quando Bolsonaro assumiu o poder.
Desde a época em que o
educador Anísio Teixeira idealizou e promoveu a implantação das escolas
públicas no Brasil, existe uma luta constante no país para garantir uma
Educação gratuita e universal.
Depois de muitas batalhas,
conseguimos universalizar a Educação Básica. Hoje, 97% da população brasileira
tem acesso à escola. O grande desafio, que se reforça no atual cenário, é
garantir a qualidade do ensino.
Nos últimos 20 anos obtivemos
muitos avanços, no que diz respeito a valorização dos professores, a qualidade
do ensino e o acesso à escolas de qualidade. Garantimos creches para a Educação
infantil, escola em tempo integral, instituições fundamentais para a iniciação
do saber.
Para se ter uma ideia, há 15
anos, a Bahia só tinha uma escola técnica e uma universidade federal. Hoje são
mais de 45 institutos federais de Educação, 6 universidades federais e 4
estaduais. Com isso, a oferta de Educação superior foi ampliada e ainda
conquistamos cotas para que pessoas de baixa renda, bem como a população negra,
tivessem acesso ao ensino superior, no seu ingresso, permanência e extensão.
Em 94 obtivemos financiamento
da Educação, com a criação do Fundef, depois , Fundeb, garantindo recursos para
desenvolvimento dos estudos.
Em 2008 conquistamos o piso
salarial do professor (a), fruto de uma luta antiga, iniciada desde o Império.
Depois vieram plano de carreira, gestão democrática nas escolas - com eleições
para diretor (a) escolar – projeto desenvolvido pela APLB-Sindicato. Em 2014,
foi implantado o Plano Nacional de
Educação (PNE), que determina
diretrizes, metas e estratégias para a política educacional.
Até então, nossa luta seguia
no sentido de avançar nas conquistas, pois o país havia dado um grande passo na
garantia do acesso da população à Educação. No entanto, o curso da história foi
mudado e o Brasil mergulhou num período de extremo retrocesso, desde a
destituição da ex-presidenta Dilma do poder, quando Michel Temer assumiu o
governo, por meio de um golpe. Desde
então, a luta por mais direitos se transformou numa guerra travada, num
processo de resistência para manter o que foi conquistado ao longo dos anos.
No governo Temer, foi
aprovada a terceirização geral e irrestrita, prejudicando a relação trabalhista
dos educadores do Brasil. Temer também aprovou a reforma do ensino Médio, que
torna obrigatório apenas matérias básicas como português e matemática, deixando
de fora a ciência, a arte e a cultura. Nessa mesma reforma criou-se o”
professor de notório saber”, desqualificando a profissão, tendo em vista que
qualquer pessoa que atenda aos requisitos estabelecidos por uma instituição,
estará autorizada a dar aula.
Ano passado, o Congresso
aprovou a Reforma Trabalhista, legalizando o trabalho intermitente. Um
artificio que beneficia apenas a classe patronal, pois permite que trabalhadores,
inclusive nós, professores, tenhamos um salário fixado abaixo do mínimo.
E os prejuízos para a
categoria não param por ai, com a iminente aprovação da reforma da Previdência
no Senado e o anunciado fim do Fundeb.
Portanto, nesse Dia do Professor
é necessário reforçar a importância de lutar contra e resistir aos constantes
ataques à Educação, único caminho para a construção de um futuro com mais
oportunidades para todos. A Educação é ferramenta de transformação e o
professor é um agente ativo e fundamental nesse processo. Valorizar esses
profissionais com salário digno e melhores condições de trabalho é dever de
todo governo comprometido com o país.
*Rui Oliveira é presidente da
APLB - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia./ bnews
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