A avaliação da população sobre o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no controle da pandemia do coronavírus piorou, assim como cresceu a percepção de que ele é o principal culpado pela situação em que o país se encontra, com mais de 530 mil mortos.
As duas conclusões são da pesquisa do Datafolha realizada quarta (7) e quinta-feira (8), com 2.074 pessoas em 146 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
De acordo com o instituto, a atuação de Bolsonaro no combate à Covid-19 é ruim ou péssima para 56% dos entrevistados, um crescimento de cinco pontos percentuais com relação ao levantamento anterior, em 11 e 12 de maio.
É um aumento fora da margem de erro, portanto, e o maior número aferido pelo Datafolha desde o início da pandemia, em março do ano passado.
Houve também uma queda nos que consideram o desempenho do presidente regular na gestão da pandemia, de 27% para 21%. Avaliam esse trabalho de Bolsonaro como ótimo ou bom 22% dos entrevistados, uma situação de estabilidade com relação à pesquisa anterior, quando 21% tinham essa opinião.
O intervalo entre as duas pesquisas foi marcado pela intensificação do trabalho da CPI da Covid no Senado e pelas revelações de suspeitas de corrupção na aquisição de vacinas contra a doença.
Conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo, o servidor do Ministério da Saúde Luis Miranda relatou ter havido pressões para a compra da vacina indiana Covaxin a preços maiores do que de outros laboratórios.
Além disso, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti relatou à Folha de S.Paulo ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose de um servidor da Saúde, para vender vacinas do laboratório AstraZeneca.
Os dois casos foram bastante explorados pelos senadores que integram a comissão e causaram abalo no discurso anticorrupção de Bolsonaro, bastante explorado por ele na eleição presidencial de 2018.
O Datafolha constatou também que para 46% da população Bolsonaro é o principal responsável pela situação atual da pandemia no Brasil. É um aumento de sete pontos percentuais com relação ao levantamento anterior, em que 39% tinham essa avaliação. Na pesquisa realizada em março, eram 43%.
A avaliação do Ministério da Saúde quanto à pandemia manteve-se estável com relação ao levantamento anterior, com variações dentro da margem de erro.
Consideram o desempenho ótimo ou bom 34% dos entrevistados, mesmo número dos que o avaliam como regular. Para 31%, a performance é ruim ou péssima.
Ao mesmo tempo, houve uma pequena melhora na opinião dos entrevistados quanto à compra de vacinas pelo ministério.
Agora são 37% os que dizem que o trabalho da pasta foi ótimo ou bom, uma subida de cinco pontos percentuais. Avaliam esse ponto como regular 30%, e 31% consideram a atuação ruim ou péssima.
Esse cenário levemente mais favorável pode ser reflexo da aceleração da vacinação contra a Covid-19. Em algumas das principais capitais, a previsão é que toda a população adulta receba ao menos uma dose até o final do mês de agosto.
Segundo o consórcio de
veículos de imprensa, até esta quinta-feira (8), 50,91% da população com mais
de 18 anos já havia recebido uma dose da vacina, e 18,30% receberam as duas ou
a aplicação única da Janssen.
O Datafolha mostra que a imagem do Ministério da Saúde recuperou-se um pouco desde a troca de comando na pasta, em março.
O cardiologista Marcelo
Queiroga substituiu o general Eduardo Pazzuello, que vinha sendo bastante
criticado pela demora na aquisição de imunizantes e problemas no fornecimento
de oxigênio para pacientes.
À piora na avaliação de Bolsonaro correspondeu uma melhora na imagem de alguns de seus principais antagonistas na crise, os governadores.
De acordo com o Datafolha, 40% dos entrevistados consideram o desempenho dos gestores estaduais ótimo ou bom, contra 35% da última pesquisa.
Este patamar, contudo, ainda está distante do pico de aprovação dos governadores registrado, que foi de 58% em abril do ano passado, quando a pandemia ainda estava bem no começo.
O número dos que avaliam o trabalho dos governadores como sendo regular oscilou de 35% para 32%, e os que o consideram ruim ou péssimo passou de 29% para 27%.
Enquanto Bolsonaro é considerado o maior culpado pela situação pandêmica por 46% dos entrevistados, 18% atribuem a principal parcela de culpa aos governadores, enquanto 10% dizem que é dos prefeitos. Para 7%, todos são culpados, e 9% afirmaram que nenhum é./bnews
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