Em um procedimento médico inédito, divulgado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (Estados Unidos) na segunda-feira (10), uma equipe de cirurgiões conseguiu transplantar com êxito o coração de um porco geneticamente modificado para o peito de um homem de 57 anos com doença cardíaca grave. O procedimento representa uma esperança para milhares de pacientes à espera de um transplante.
A cirurgia de oito horas que transplantou com sucesso, pela primeira vez, um coração de porco em um ser humano foi realizada, segundo os médicos da universidade, na sexta-feira (7). Falando sobre o coração recém-implantado, o diretor do Centro Médico da Universidade de Maryland, Bartley Griffith, afirmou: "Ele cria o pulso, cria a pressão, é o coração dele". Ressaltou, porém, que "não sabemos o que o amanhã nos trará. Isso nunca foi feito antes.”
Quanto ao paciente, David Bennett, ele não tinha alternativas, a não ser apostar no novo tratamento. Após esgotados todos os procedimentos possíveis, não havia mais tempo para o paciente se qualificar para receber um coração humano. "Era morrer ou fazer esse transplante" teria afirmado Bennett antes da cirurgia, segundo funcionários do hospital. E concluiu: "Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha.”
Citando a organização United Network for Organ Sharing, o The New York Times afirma que, no ano passado, 41.354 norte-americanos receberam algum tipo de órgão transplantado, mas, como o número de doadores nem sempre acompanha a demanda por órgãos saudáveis, muitas pessoas acabam morrendo na fila de transplantes.
Para compensar esse desequilíbrio entre demanda e oferta de órgãos, desde a década de 1960, os médicos têm recorrido aos chamados xenotransplantes, que utilizam enxertos ou transplantes de órgãos ou tecidos de animais em seres humanos. Em outubro do ano passado, outra cirurgia inédita transplantou o rim de um porco para uma paciente humana com sucesso, sem que o corpo rejeitasse o órgão.
O coração transplantado para
Bennett veio de um porco com dez modificações genéticas feitas pela empresa de
medicina regenerativa Revivicor, de Blacksburg, nos EUA. Entre os quatro genes
suprimidos ou inativados, está um que codifica uma molécula causadora de uma
resposta agressiva do sistema imunológico humano./
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