Maga, como é conhecida, completou 60 anos em outubro deste ano. Nascida na Boa Viagem, região da Península de Itapagipe, em Salvador, Margareth é a filha mais velha de cinco irmãos. À frente do Ministério da Cultura, ela terá o trabalho de liderar a pasta que foi extinta no governo Bolsonaro.
O dom para a arte veio de família: ela cresceu vendo o avô tocar violão e vivenciou os pais se reunindo em volta do aparelho de som. Precursora do movimento AfroPop, Margareth foi a primeira voz do samba-reggae gravado no Brasil, com a icônica música 'Faraó – Divindade do Egito'.
Gravada em 1987, a canção de Luciano Gomes vendeu mais de 100 mil cópias, e abriu portas para a cantora, que assinou um contrato com uma gravadora, e lançou o seu primeiro álbum no ano seguinte.
Desde então, Margareth colecionou 23 turnês internacionais, 15 álbuns e quatro indicações ao Grammy. Sua carreira é marcada por diversas parcerias, como Gilberto Gil – outro baiano que também foi escolhido por Lula para o Ministério da Cultura, mas no primeiro mandato.
Em 1990, Margareth se apresentou, ao lado de Gil e Dominguinhos, em uma série de espetáculos do projeto Bast Chrome Music, dirigido por Milton Nascimento e pelo próprio Gil. Maga dividiu também a capa da revista The Beat, com os dois.
Por mais de dez anos foi madrinha e estrela maior do Os Mascarados, bloco de fantasiados que se tornou um dos maiores do carnaval de Salvador. Após um forte apelo popular em 1999, em 2008 deixou de ser comercializado, ou seja, para participar, bastava estar fantasiado.
Arte e religiosidade
Em 2001, o álbum Afropopbrasileiro foi lançado com a produção de Carlinhos Brown e Alê Siqueira. Entre as onze faixas, está uma das principais canções da carreira de Margareth, Dandalunda, composta por Brown e considerada a melhor música do carnaval de 2003.
A música rendeu para Margareth um Troféu Dodô e Osmar de Melhor Música e de Melhor Cantora do Carnaval Baiano. O CD Tete-a-Tete, com participação de Carlinhos Brown e da banda Cidade Negra. Nele mais um grande o sucesso foi apresentado ao público e fez história, 'Toté de Maianga'.
Já em 2005, Margareth lançou o Movimento Afropop Brasileiro, bloco sem cordas, aberto ao público, que festeja a cultura negra no Brasil. O Ilê Aiyê, Muzenza, Cortejo Afro, Filhos de Gandhy e MalêdeBalê, são alguns dos blocos afros que apoiam o Afropop. O projeto reuniu Gilberto Gil, Daniela Mercury, Lazzo Matumbi, Roberto Mendes, Virgínia Rodrigues, Mariene de Castro, entre outros.
Além de ser uma mulher do axé, Margareth também tem forte devoção a Santa Dulce dos Pobres, da Igreja Católica. Ela, inclusive, é embaixadora das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID).Em 2019, a cantora esteve no Vaticano, na cerimônia de canonização da então Irmã Dulce. (Veja vídeo abaixo)
Projetos sociais e política
No ano de 2008, Margareth criou a Fábrica Cultural: uma instituição social que promove educação e cultura com ações sociais criativas e sustentáveis, para desenvolver crianças, jovens e também a comunidade, com cursos profissionalizantes e oficinas de arte e educação.
A Fábrica Cultural passou a abrigar o Mercado Iaô, que desde 2014, leva música, artes visuais, gastronomia, além de mais de 100 artesãos e empreendedores criativos, contando sempre com shows de Margareth, para sempre menina da Ribeira.
Como referência, a cantora sempre foi uma artista que não esconde ou foge do debate. Corpo negro e político, ela fez e faz questão de ser voz para os seus e outras minorias. Em 1983, ela participou da criação do espaço Gran Circo Troca de Segredos, que revolucionou a cena cultural de Salvador.
Margareth Menezes hoje é referência para artistas como Xênia França, Luedji Luna, Larissa Luz, Afrocidade e Iza. A mulher negra que muitas vezes teve que enfrentar sozinha as adversidades, pavimentou o caminho para uma nova geração que hoje a reverencia./g1 Bahia.
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