Faltando menos de 100 dias para o início da Copa do Mundo de 2014, o Brasil ainda enfrenta diversos problemas relacionados à infraestrutura. Atrasos nos prazos das obras, estádios e aeroportos inacabados, acidentes com operários, além de construções realizadas às pressas diminuem expressivamente a popularidade da competição no país, informam pesquisas recentes.
Portanto, será que a nação pentacampeã mundial de futebol possui condições necessárias para sediar um evento desse porte? A fim de explicar essa e outras questões, o SRZD conversou com o engenheiro e doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança, Gerardo Portela da Ponte Junior, que avaliou a situação brasileira na véspera da competição.
O especialista foi objetivo e conciso ao comentar a capacidade do país em cumprir as exigências necessárias para realizar a competição. "Analisando a questão de forma pragmática, o Brasil não possui infraestrutura ideal para sediar a Copa do Mundo. Com as perceptíveis limitações, o país vai realizar um evento compatível com essas condições.
O mundo deve se preparar para uma Copa em um lugar com sérias limitações de infraestrutura", critica. Ele ainda atribuiu a responsabilidade para o governo. "A obrigação maior é das autoridades, que deveriam conhecer os aspectos técnicos das deficiências de infraestrutura. Logo, não é inteligente tratar o evento como uma oportunidade de exibir ao mundo a nossa 'grandiosidade'. Visto que seria uma exibição extremamente falsa", condenou.
Quanto à demora na entrega das construções, o engenheiro pressupõe o resultado final, apoiado na experiência que possui. "Possivelmente algumas obras iniciadas para atender as necessidades da Copa estarão concluídas. Porém, outras vão permanecer incompletas e muitas ficarão na retórica", presume. Autor do livro Gerenciamento de Riscos Baseado em Fatores Humanos e Cultura de Segurança, Gerardo Portela falou sobre eventuais protestos durante a Copa do Mundo. "Sob o ponto de vista técnico de engenharia de gerenciamento de riscos, as manifestações ou uma ação conjunta de torcida fanática são quase equivalentes.
Ambos podem provocar o deslocamento de grandes massas humanas para os eventos, além de criar confrontos, correrias, pânico e vítimas", explicou. Partindo deste princípio, ele conta como esse tipo de circunstância deve ser contornada. "Desconsiderando os aspectos políticos, de forma prática, as medidas cabíveis para tratar os manifestantes são as mesmas já conhecidas para lidar com torcedores exaltados, que também têm sido um problema recorrente em nossos estádios", considera.
A princípio, estádios de futebol não são projetados para resistir de forma direta a ataques terroristas, além de pouco ter ocorrido durante a história do Brasil. Ainda assim, o profissional descreve como os mecanismos de proteção devem reagir em caso de terrorismo nas arenas. "O estádio deve ser provido de sistemas de monitoração e controle, que impeçam a ação de pessoas com essa intenção (terrorismo), bem como coibir a entrada de artefatos e armas terroristas. A proteção deve ser preventiva", afirma.
A violência também é uma das principais preocupações durante o mundial, principalmente em grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo Gerardo, o tráfico de drogas, a "guerra" entre bandidos e o alto índice de assaltos tem que ser combatidos com mais ênfase durante a competição. "O Rio de Janeiro tem que estar preparado para responder ações como guerra entre traficantes independentemente da Copa do Mundo.
Da mesma forma que uma infraestrutura eficiente é fruto de décadas de trabalho técnico consistente, a segurança de uma metrópole também é decorrência de anos de cuidado e atenção para com as questões sociais e de violência urbana. Portanto, as autoridades devem reagir dentro da melhor técnica policial a fim de eliminar o conflito. Não deixando se intimidar por uma possível intenção política, de "esconder" o conflito", finalizou.
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