Na campanha de 2010, durante um debate televisivo, o postulante ao Palácio de Ondina do PSOL, Marcos Mendes, desafiou o então candidato e governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), a beber a água de Caetité. Na época, Marcos Mendes denunciou que a água do município baiano estava contaminada com urânio, material radioativo e altamente cancerígeno.
E a denúncia feita por Mendes foi confirmada no final do mês de agosto, quando o Jornal Estadão, que mandou uma equipe a Caetité e conseguiu reunir laudos técnicos, documentos oficiais e despachos relativos à extração de urânio e ao monitoramento da água utilizada pela população.
A Indústria Nuclear do Brasil (INB) é a estatal federal responsável pela extração do urânio na região. Laudos técnicos recolhidos pela reportagem constatam que, desde outubro de 2014, segundo Marcos Mendes, “a empresa já havia comprovado a contaminação da água”. Entretanto, o resultado da perícia não foi repassado às famílias que consomem a água diariamente, à Prefeitura de Caetité e aos órgãos estaduais e federais.
A quantidade de urânio encontrada na água pela (INB) foi quatro vezes acima do permitido para consumo humano, de acordo com critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Conselho Nacional do Meio ambiente (CONAMA). Em março deste ano, a Indústria Nuclear do Brasil realizou uma segunda perícia e atestou, mais uma vez, que a água está com uma contaminação de urânio imprópria ao consumo. “Desde 2010, a gente vem denunciando a contaminação da água de Caetité pelo urânio.
Caetité é a cidade que tem a maior quantidade de jovens com câncer do país devido ao consumo dessa água contaminada. Acreditamos que a morte de muitas pessoas nesse município está relacionada à essa contaminação”, destaca Marcos Mendes, ambientalista, Geólogo e Mestre em Geologia Ambiental pela Universidade Federal da Bahia. O Secretário de Meio Ambiente do município, Wilike Moreira, culpou a CERB por ter perfurado o poço sem comunicar ao poder local e enfatizou que a CERB já recebeu a notificação de que a água está contaminada e, até o momento, a instituição ainda não se posicionou sobre o assunto.
O secretário Wilike Moreira ainda afirmou à reportagem do Estadão “que acredita na possibilidade de outros poços estarem contaminados e, mesmo assim, esses poços ainda continuam sendo utilizados pelas famílias que residem na localidade devido à ausência de restrição e notificação pela Indústria Nuclear do Brasil (INB) referente a uma possível contaminação”./TN
Nenhum comentário:
Postar um comentário