O jovem que semeou o pânico
no Walmart de El Paso (Texas) no sábado deixou, supostamente, um manifesto racista
antes de matar 20 pessoas e ferir outras 26. As autoridades ainda estão
investigando a autoria, mas apontam que Patrick Wood Crusius, um jovem branco
de 21 anos, identificado como o autor
da matança, postou na Internet um texto que falava de uma “invasão hispânica do
Texas” e afirmava: “Se pudermos nos livrar de pessoas suficientes, nosso modo
de vida pode ser mais sustentável”.
Se as autoridades confirmarem
que foi Crusius que escreveu o manifesto não assinado de 2.300 palavras que
promove a teoria supremacista branca chamada de “a grande substituição”, o
ataque a tiros pode ser considerado, além disso, um crime de ódio. O texto começa
apoiando o autor dos atentados de março
contra duas mesquitas de Christchurch (Nova Zelândia), que deixaram 51 mortos.
“Este ataque é uma resposta à invasão hispânica do Texas”, acrescenta o
documento racista e anti-imigrante.
MAIS INFORMAÇÕES
O jovem que conduziu nove
horas para provocar um banho de sangue em El Paso Os ataques registrados nos
EUA em 2018
O jovem que conduziu nove
horas para provocar um banho de sangue em El Paso FOTOGALERIA O tiroteio em El
Paso (EUA), em imagens (em espanhol) “Temos um manifesto desse indivíduo que
indica, em certa medida, uma conexão com um possível crime de ódio",
afirmou o chefe de polícia de El Paso, Greg Allen.
Às 10h39 de sábado, Crusius,
de 1,82m de altura e quase 100 quilos de peso, entrou no Walmart de El Paso
usando óculos de proteção, protetor auditivo e uma arma de grosso calibre. Em
poucos segundos, começou a atirar durante 20 minutos no supermercado, repleto
de famílias que estavam comprando material escolar no último fim de semana
antes da volta às aulas. O atirador não ofereceu resistência quando a polícia
se aproximou para detê-lo. Desde então, está na prisão do centro de El Paso e
enfrenta acusações de homicídio em primeiro grau, que no Texas podem significar
prisão perpétua ou até mesmo pena de morte. Segundo os promotores, o suspeito
está cooperando com as investigações. O FBI está investigando o massacre como
um ato de terrorismo.
Crusius estava matriculado na
Universidade de Collin, perto de sua residência em Allen —uma pequena
localidade no norte do Texas, com uma população de maioria branca e 11% de
hispânicos—, a mil quilômetros de El Paso. O atirador teria dirigido cerca de
nove horas em direção à fronteira para cometer a matança.
Segundo o jornal The New York
Times, ele morava em Allen com seus avós, que não quiseram fazer declarações
sobre o ataque. A polícia revistou a casa e está examinando seu computador e
seus rastros na Internet em busca de ligações com grupos ou indivíduos
radicais. Depois do ataque, as contas do jovem suspeito no LinkedIn e no
Facebook foram fechadas. Chegou a circular uma mensagem escrita em seu perfil
no LinkedIn, que dizia: “Realmente não estou motivado para fazer nada mais que
o necessário para sobreviver. Trabalhar em geral é uma droga, mas suponho que uma
carreira relacionada ao desenvolvimento de software seja conveniente para mim.
Passo aproximadamente oito horas por dia no computador, então isso conta como
experiência em tecnologia, suponho”.
O suspeito do ato terrorista,
também conhecido como “Brown”, concluiu em 2017 o ensino médio na escola Plano
Senior, situada na cidade texana de Plano. Na foto do anuário, ele está de
terno e gravata borboleta, com uma expressão muito séria no rosto. Depois de
terminar os estudos secundários, Crusius se matriculou na Universidade de
Collin, onde estudou até esta primavera boreal, segundo a NBC News. “O Collin
College está disposto a cooperar plenamente com as autoridades estaduais e
federais em sua investigação desta tragédia sem sentido. Nós nos unimos ao
governador e a todos os texanos para expressar nossa sincera preocupação pelas
vítimas do ataque a tiros e por seus seres queridos”, informou a universidade
em um comunicado.
Crusius se encaixa no perfil
de autores de massacres a tiros que se verifica desde a matança na escola
secundária Columbine, em 1999, perpetrado por dois jovens de 19 anos. Desde
então, os ataques mais sangrentos desse tipo nos EUA têm sido cometidos
geralmente por homens, jovens e brancos./brasil.elpais.com
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