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sábado, 12 de fevereiro de 2022

Autores itanheenses brilham na 6ª edição do Prêmio Castro Alves de Literatura

 Os itanheenses Maurício, Mikaelle e Jan Clésio brilharam no Prêmio Castro Alves de Literatura 2022
 

A Academia Teixeirense de Letras (ATL) divulgou recentemente o resultado do Prêmio Castro Alves de Literatura 2022. O concurso literário envolveu as versões interna e regional, nas categorias poema, crônica e conto. 

Apenas os acadêmicos participaram da versão interna, já a versão regional recebeu textos inéditos dos moradores de qualquer cidade situada no Território de Identidade do Extremo Sul da Bahia. A organização do certame recebeu inscrições de cidades como Itamaraju, Mucuri, Caravelas, Teixeira de Freitas, Medeiros Neto e Itanhém. 

Os acadêmicos Athylla Borborema e Almir Zarfeg

“Mas o grande destaque foram os itanheenses que conquistaram as primeiras colocações nas categorias poema e crônica, com Maurício de Novais e Jan Clésio Pires, respectivamente”, afirmou o acadêmico Almir Zarfeg, que cuidou da organização do concurso. 

Maurício de Novais levou o primeiro lugar com o poema “Alma água-pretense”. Por sua vez, Jan Clésio Pires ganhou o primeiro lugar com a crônica “Livrinhos”. Pela conquista, os dois vão receber troféus durante a sessão de premiação que vai acontecer no próximo mês de março. 

A também itanheense Mikaelle Alves conquistou a terceira posição, na categoria poema, com o texto “Mulher-Maravilha”. Ela receberá uma medalha pela conquista. 

“Maurício ainda conquistou as segundas posições nas categorias crônica, com o texto ‘Um planeta desabitado’, e conto, com o texto ‘O Psicanalista’. Assim, além do troféu, levará mais duas medalhas para casa”, acrescentou Zarfeg. 

Ele ainda acrescentou que tanto Maurício quanto Jan Clésio já estão confirmados na antologia “ATL em Verso e Prosa!” – 6º volume, a sair pela Lura Editorial. 

O Prêmio Castro Alves de Literatura é uma realização da Academia Teixeirense de Letras, que tem o jornalista e escritor Athylla Borborema como presidente. Ela está sediada na cidade de Teixeira de Freitas e foi fundada em 2016./ aguapretanews

Abaixo, o poema premiado de Maurício de Novais: 

ALMA ÁGUA-PRETENSE 

Na manhã de ontem 

Senti um gosto estranho na boca 

O mesmo sabor de ferrugem 

Do meu riacho de infância 

E isso fez meu coração confuso 

Cortado por navalhas e espadas 

Punhais de outros carnavais 

Sangria desatada 

Num haraquiri cortei-me o ventre 

De onde saíram memórias felizes e tristes 

Como pássaros selvagens fugidos de gaiolas 

Há uma espécie de tristeza água-pretense 

Que invade as vísceras e insistente[mente] 

Refugia-se nos tempos nostálgicos 

De outrora 

É a alma água-pretense que governa 

Fazendo escoar o coração para o mesmo destino 

Jangada na floresta, amigos sempre em festa 

Água Preta, eterna fonte e chegada 

Em suas águas mergulho as pedras ocas [lascadas] 

Do meu peito demasiadamente humano 

E coração palpitante 

Na manhã de ontem 

Cada pedra “escrevida” fez saudade 

A nostalgia de brincadeiras juvenis 

No barro de olaria abundante 

Invade os sentidos e a razão 

Cortando a nado as águas pretas 

Escuras como a passagem do tempo 

Nas memórias de meu coração.

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