A Academia Teixeirense de Letras (ATL) divulgou recentemente o resultado do Prêmio Castro Alves de Literatura 2022. O concurso literário envolveu as versões interna e regional, nas categorias poema, crônica e conto.
Apenas os acadêmicos participaram da versão interna, já a versão regional recebeu textos inéditos dos moradores de qualquer cidade situada no Território de Identidade do Extremo Sul da Bahia. A organização do certame recebeu inscrições de cidades como Itamaraju, Mucuri, Caravelas, Teixeira de Freitas, Medeiros Neto e Itanhém.
“Mas o grande destaque foram os itanheenses que conquistaram as primeiras colocações nas categorias poema e crônica, com Maurício de Novais e Jan Clésio Pires, respectivamente”, afirmou o acadêmico Almir Zarfeg, que cuidou da organização do concurso.
Maurício de Novais levou o primeiro lugar com o poema “Alma água-pretense”. Por sua vez, Jan Clésio Pires ganhou o primeiro lugar com a crônica “Livrinhos”. Pela conquista, os dois vão receber troféus durante a sessão de premiação que vai acontecer no próximo mês de março.
A também itanheense Mikaelle Alves conquistou a terceira posição, na categoria poema, com o texto “Mulher-Maravilha”. Ela receberá uma medalha pela conquista.
“Maurício ainda conquistou as segundas posições nas categorias crônica, com o texto ‘Um planeta desabitado’, e conto, com o texto ‘O Psicanalista’. Assim, além do troféu, levará mais duas medalhas para casa”, acrescentou Zarfeg.
Ele ainda acrescentou que tanto Maurício quanto Jan Clésio já estão confirmados na antologia “ATL em Verso e Prosa!” – 6º volume, a sair pela Lura Editorial.
O Prêmio Castro Alves de Literatura é uma realização da Academia Teixeirense de Letras, que tem o jornalista e escritor Athylla Borborema como presidente. Ela está sediada na cidade de Teixeira de Freitas e foi fundada em 2016./ aguapretanews
Abaixo, o poema premiado de Maurício de Novais:
ALMA ÁGUA-PRETENSE
Na manhã de ontem
Senti um gosto estranho na boca
O mesmo sabor de ferrugem
Do meu riacho de infância
E isso fez meu coração confuso
Cortado por navalhas e espadas
Punhais de outros carnavais
Sangria desatada
Num haraquiri cortei-me o ventre
De onde saíram memórias felizes e tristes
Como pássaros selvagens fugidos de gaiolas
Há uma espécie de tristeza água-pretense
Que invade as vísceras e insistente[mente]
Refugia-se nos tempos nostálgicos
De outrora
É a alma água-pretense que governa
Fazendo escoar o coração para o mesmo destino
Jangada na floresta, amigos sempre em festa
Água Preta, eterna fonte e chegada
Em suas águas mergulho as pedras ocas [lascadas]
Do meu peito demasiadamente humano
E coração palpitante
Na manhã de ontem
Cada pedra “escrevida” fez saudade
A nostalgia de brincadeiras juvenis
No barro de olaria abundante
Invade os sentidos e a razão
Cortando a nado as águas pretas
Escuras como a passagem do tempo
Nas memórias de meu coração.
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