Na novela “O Bem Amado”, do
dramaturgo Dias Gomes (1922/1999), levada ao ar na década de 1970, o prefeito
da fictícia cidade de Sucupira, Odorico Paraguaçu, interpretado por Paulo
Gracindo (1911/1995), tem como principal meta inaugurar um cemitério, mas não
consegue alcançá-la porque na cidade ninguém morre. Por ironia do destino, ao
final da história, o próprio prefeito “inaugura” a obra, onde é o primeiro a
ser enterrado. Situação parecida com a da ficção ocorreu em Bonito de Minas, de
11,2 mil habitantes, distante 644 de Belo Horizonte, no Norte de Minas.
No último fim de semana,
emocionados, os moradores acompanharam o velório e o sepultamento do prefeito
da cidade, José Pedro Pires da Rocha (PSB), o Zé Galego, de 64 anos. O corpo dele foi o primeiro a ser sepultado
na parte da ampliação do cemitério municipal de Bonito de Minas, na prática,
considerada como um “novo cemitério”, construído durante sua própria gestão. A
obra ainda está em fase de acabamento.
Eleito vice-prefeito em 2016,
Galego tinha assumido o comando da prefeitura em abril de 2018, tendo em vista
que o então titular, José Reis, (PHS), se afastou do cargo para ser candidato a deputado estadual e foi
eleito com 45.746 votos.
A morte de José Pedro Rocha
ocorreu sexta-feira passada. Ele viajava sozinho para Brasília (DF) e, na
estrada, sentiu uma dor no peito. Procurou um hospital de Planaltina (GO), onde
teve um infarto. Os médicos tentaram reanimá-lo, sem sucesso.
O corpo do chefe do executivo
foi velado no prédio da prefeitura. O caixão foi coberto com uma bandeira do
município. O enterro ocorreu no fim da tarde de domingo, com acompanhamento de
cerca de 500 pessoas. Na descida do
caixão à sepultura, o clima de emoção aumentou mais ainda, ao som da marcha
fúnebre de Chopin, executada por um morador.
Nesta segunda-feira, o
presidente da Câmara Municipal, o vereador Dilson Barbosa Santana (PP), o
“Dilson de Senhorinha”, foi empossado
como prefeito de Bonito de Minas. Na prática, ele só vai iniciar os
trabalhos na prefeitura na quarta-feira, porque, com a morte de Zé Galego, foi
decretado luto oficial no município nesta segunda e terça-feira./Estado de
Minas
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