O cantor e compositor Moraes
Moreira morreu na madrugada desta segunda-feira (13) aos 72 anos, em casa, no
bairro da Gávea, no Rio de Janeiro. Conforme a assessoria do artista, ele
morreu por volta das 6h depois de sofrer um infarto agudo do miocárdio.
Segundo Eduardo Moraes, irmão
do cantor, o corpo de Moraes Moreira foi encontrado após a chegada da empregada
doméstica no apartamento em que ele morava. O artista vivia sozinho, segundo o
irmão.
Ainda de acordo com a
assessoria, as informações sobre o enterro não serão divulgadas para evitar
aglomerações, recomendação de vários órgãos de saúde como prevenção à Covid-19.
Antonio Carlos Moreira Pires
nasceu em Ituaçu, no interior da Bahia, em 8 de julho de 1947. Moraes Moreira
começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos
na cidade. Na adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de
ciências em Caculé, na região sudoeste da Bahia, em 1967.
Aos 19, ele foi para
Salvador, onde começou a estudar no Seminário de Música da Universidade Federal
da Bahia. Lá, ele conheceu seus futuros companheiros dos Novos Baianos, Luiz
Galvão e Paulinho Boca de Cantor, além de Tom Zé.
Em 1968, eles criaram o espetáculo
que deu origem aos Novos Baianos, Desembarque dos Bichos depois do Dilúvio
Universal.
O grupo já tinha também a
participação de Baby do Brasil (Baby Consuelo, na época) na voz e o guitarrista
Pepeu Gomes quando foi participar do popular Festival da Música Popular
Brasileira na TV em 1969, com a música “De Vera”, de Moreira e Galvão.
No ano seguinte, o grupo
lançou seu disco de estreia, “Ferro na boneca”. Mas a grande obra deles viria
após uma visita de João Gilberto à casa em que eles moravam juntos, já no Rio
de Janeiro. Em 1972, eles lançaram o álbum “Acabou chorare”, que consagrou os
Novos Baianos. O trabalho juntava samba, rock, bossa nova, frevo, choro e
baião.
Com a regravação de “Brasil
pandeiro”, de Assis Valente, além de “Preta pretinha”, “Mistério do planeta”,
“A menina dança”, “Besta é tu” e a faixa título, todas de coautoria de Moraes
Moreira, o álbum de 1972 é reconhecido como um dos melhores - senão o melhor -
trabalho do pop brasileiro.
Foi um passo adiante do
tropicalismo de Caetano, Gil e Tom Zé - no abraço ao rock e à psicodelia
hippie, na fusão de ritmos brasileiros, na recusa a seguir padrões no período
mais duro da ditadura militar.
O grupo foi morar em um sítio
em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde seguiam a cultura hippie dos EUA e da
Europa em plena ditadura militar brasileira. Lançaram ainda três discos, cujo
sucesso não tão grande começou a gerar desentendimentos. Ele ficou no grupo de
1969 até 1975, quando saiu em carreira solo.
Em 1976, já em carreira solo,
ele se tornou o primeiro cantor de trio elétrico, ao subir no trio de Dodô e
Osmar, e cantou a música “Pombo correio”, sucesso na época.
Já em 1997, ele reuniu o
grupo Novos Baianos para lançar o disco ao vivo Infinito Circular, com canções
dos discos anteriores e algumas inéditas. Em 2007, Moraes Moreira publicou o
livro A História dos Novos Baianos e Outros Versos, escrito em linguagem de
cordel, que conta a história dos Novos Baianos.
Em 2017, ele lançou outro
livro, o "Poeta Não Tem Idade", com cerca de 60 textos sobre
homenagens a Luiz Gonzaga, Machado de Assis, Gilberto Gil e muitos outros.
Nos últimos anos, Moraes
Moreira se envolveu em shows de reunião dos Novos Baianos e também de trabalhos
solo. O artista também se dedicou a trabalhos com o filho. No total, ele lançou
mais de 60 discos entre a carreira solo, Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e
Osmar, além da parceria com o guitarrista Pepeu Gomes.
Em março deste ano ele fez a
última postagem no Instagram falando sobre a quarentena que o mundo vive por
causa da Covid-19./G1
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