Asuposta negligência médica denunciada no início desta semana, teria ocorrido no Hospital Municipal de Teixeira de Freitas (HMTF), vitimando fatalmente o paciente, José Milton da Silva, de 57 anos. Segundo a família, Milton havia sido internado no dia 24 de maio em decorrência de um abscesso nas nádegas, popularmente conhecido como furúnculo. Milton ficou internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por cerca de uma semana, onde o abscesso foi drenado e recebeu um receituário com anti-inflamatórios, que foram comprados pelos familiares, uma vez que os medicamentos não foram fornecidos gratuitamente, sob a alegação de que estavam em falta na farmácia popular, mantida pela prefeitura.
Teixeira: Paciente é internado com furúnculo e acaba morrendo; família denuncia negligência médica
Segundo informações dos familiares, após receber alta médica, José Milton foi cuidado em casa pela esposa, que notou que o abscesso provocou uma lesão no reto do paciente. Devido à situação, Milton começou a expelir fezes pela lesão, precisando ser internado novamente, no dia 1° de julho, onde, novamente, uma parte dos medicamentos utilizados em seu tratamento foram adquiridos de forma particular pelos familiares. A família alega que a equipe médica informou que antes de realizar quaisquer procedimentos cirúrgicos, era necessário realizar uma biópsia para atestar que a lesão não se tratava de um câncer. Duas biópsias foram realizadas no material biológico colhido no paciente e, mesmo com a negativa do resultado, a equipe médica não realizou a cirurgia para a colocação de uma bolsa de colostomia, procedimento necessário para preservar a área afetada pela lesão e garantir que a recuperação do paciente pudesse evoluir mais rapidamente.
Ainda de acordo com a família
do paciente, a equipe médica do HMTF informou que a cirurgia só poderia ser
feita após avaliação do paciente, pelo Dr. Marcelo Belitardo. Belitardo, que
também é o atual prefeito do município de Teixeira de Freitas, é o único médico
proctologista que atende pelo SUS no município. Devido a urgência do quadro
médico do teixeirense, a família pressionou o profissional responsável pelo
caso e a cirurgia foi realizada. José Milton foi internado para a realização da
cirurgia no dia 1° de julho, mas a bolsa de colostomia só foi colocada na
última sexta-feira, 27 de agosto, 57 dias após a internação. Quando o paciente
finalmente conseguiu ser operado, a infecção já havia se espalhado e o
teixeirense não resistiu, indo a óbito na unidade, no último domingo, 29.
Os familiares de José Milton também procuraram um vereador, que levou a situação à Câmara, na sessão da última terça-feira, 31, e pediu um posicionamento da equipe médica, que justifique a demora para a realização do procedimento, bem como o fato de a família não ter conseguido os medicamentos de forma gratuita. Em nota, a prefeitura alegou que o paciente recebeu toda a assistência médica necessária, sendo realizado o procedimento de colostomia imediatamente, após a autorização da família, e que a medicação foi comprada a pedido do próprio paciente, que decidiu não aguardar a chegada do remédio.
Confira nota na íntegra:
Em relação ao caso exposto, indicamos que o paciente recebeu assistência médica durante todo o período em que esteve sob cuidados da saúde municipal, com realização de exames, consultas e procedimentos com especialistas. Segue resumo do relatório médico do HMTF: O paciente deu entrada no HMTF no dia 01 de julho depois de encaminhamento pela UPA para avaliação com médico especialista. Foi avaliado pelo cirurgião geral e diagnosticado com abcesso perianal e segundo relato do próprio paciente, o abcesso apareceu no início de maio. Foi feita a drenagem com anestesia local pelo cirurgião e internação do paciente. Foi realizado exame de colonoscopia, que evidenciou lesão vegetante em reto inferior, e o resultado da biópsia não confirmou o diagnóstico prévio, sugerindo nova coleta. Assim, a equipe médica decidiu por fazer essa nova coleta, enviando novamente o material para análise. Enquanto o resultado era aguardado, o homem continuou internado recebendo medicação, visto que se queixava de dor, sendo efetuados ainda com constância exames laboratoriais. A segunda biópsia apresentou resultado negativo para malignidade, mas o paciente continuou com queixas de dor e incontinência fecal, e por isso, foi iniciada ministração de Dieta Parental. Foi realizada posteriormente tomografia de abdome total e iniciada medicação Mesalazina, que é fornecida pela DIRES e tem um processo de liberação demorado, por isso o paciente solicitou aos familiares que providenciassem a compra diretamente para não aguardar a chegada deste remédio. O hospital pediu autorização da família para realizar cirurgia de colostomia, que foi realizada imediatamente após autorização. No dia seguinte, apresentou anuria e foi avaliado com indicação de hemodiálise, com piora do quadro respiratório e assim encaminhado para UTI. Infelizmente, evoluiu para óbito, com diagnóstico de choque séptico, fístula do intestino e doença inflamatória intestinal./SulBahiaNews
Nenhum comentário:
Postar um comentário