Diante do crescimento da incidência da variante Delta da COVID-19 no país e após a cepa se alastrar no estado de Minas Gerais, diversas autoridades sanitárias têm feito alertas à população. De acordo com Margareth Dalcomo – médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) –, “a situação é muito grave”.
A declaração foi dada durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais com a secretária de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora, Ana Pimentel, nessa quinta-feira (26/8). Já no início da conversa, a médica e pesquisadora é enfática ao dizer que “a cepa tem todas as condições de transmissibilidade para ficar dominante no Brasil”.
“Essa cepa [de origem indiana] é de cinco a seis vezes mais transmissível. Só para se ter uma ideia, cada cem pessoas infectadas podem contaminar outras 600”, afirma a especialista, acrescentando que as máscaras do tipo PFF2 são as mais eficazes para evitar a propagação do vírus.
A pesquisadora da Fiocruz, que lidera diversos estudos sobre a COVID-19 no país, disse que já era previsto o aumento da circulação da variante Delta. “A situação é muito séria, é muito grave! Mas não é algo que nos surpreenda. A título de exemplo, com o Rio de Janeiro sendo o epicentro da transmissão comunitária, a gente já sabia que era só uma questão de tempo [para atingir o município], pois Juiz de Fora é do lado”.
Vale lembrar que, conforme noticiado pelo Estado de Minas, a cidade da Zona da Mata teve a confirmação, na última segunda-feira, de oito contaminações com a variante.
Pessoas com duas doses estão suscetíveis à variante Delta
A médica pneumologista também afirmou, em sua conversa com a secretária Ana Pimentel, que “mesmo as pessoas vacinadas com as duas doses estão suscetíveis” à variante Delta. Nesse sentido, ela destacou a importância de que todos tomem a terceira dose – que, inclusive, começará a ser aplicada em setembro, conforme anunciado pelo Governo Federal.
“Nós temos que assegurar a imunização daqueles que têm mais de 70 anos e também dos imunossuprimidos. A gente sabe que a maioria tomou a CoronaVac, um imunizante que tem menor eficácia. Por isso, não há dúvida de que o Brasil teve a atitude correta em oferecer a terceira dose, que deverá ser com a Pfizer”, disse.
“Essa variante não respeita vacinados. Então, a gente não trata mais uma pessoa só quando fazemos diagnósticos. Essas pessoas convivem com outras independentemente de estarem vacinadas”, complementou.
Sintomas da Delta e protocolos sanitários
Margareth Dalcomo ressaltou, ainda, que o quadro clínico de quem é contaminado com a variante é bem diferente. Segundo ela, os pacientes apresentam coriza e dor de garganta. “A cada tossida e a cada espirro há uma enorme carga viral”, disse.
Conforme a pesquisadora, atitudes como limpar sacola de supermercado ou a sola do sapato não interferem na propagação da variante. “Esquece isso. O problema está na transmissão respiratória. Proteja sua família e a você mesmo. O que manda é o bom senso. Se puder entrar sozinho no elevador, melhor assim. Você não sabe se alguém vai dar um espirro lá dentro”.
Crianças
Conforme a pesquisadora, é natural que, cada vez mais, as crianças comecem a adoecer, pois elas ainda não estão sendo vacinadas e, nesse sentido, acabam se transformando em “reservatórios da variante e polos de transmissão”. Logo, a recomendação para aquelas que possuem três anos ou mais é o uso máscara.
Por fim, Margareth Dalcomo destacou que a variante não é uma ameaça para a maioria delas. “Existe alguma relação de proteção que nós ainda não esclarecemos”, finalizou.
A variante Delta no estado
O painel de monitoramento da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) mostra que são 102 amostras genotipadas que identificaram a cepa indiana em todo o estado.
“Quanto ao perfil destes
casos notificados à SES-MG, a idade variou entre 8 e 93 anos, com média de 48
anos. Há 51 casos do sexo feminino (56%) e outros 40 do sexo masculino (44%).
Destes, dois casos evoluíram a óbito, sendo um de Rio Novo e outro de Uberaba”,
explicou a pasta./noticia
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