Rio de Janeiro – 20 de julho de 2025 - A música brasileira está de luto. Faleceu neste domingo, aos 50 anos, a
cantora, apresentadora e empresária Preta
Gil, vítima de complicações decorrentes de um câncer colorretal. A artista
estava internada em um hospital em Nova York, onde buscava tratamento
experimental.
Preta Gil, cujo
nome completo é Preta Maria Gadelha Gil
Moreira, era filha do cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, e ao longo de duas décadas de carreira se
consolidou como uma das vozes mais autênticas e combativas da música e da
cultura pop no Brasil.
Diagnóstico
e luta contra o câncer
O diagnóstico do
câncer colorretal veio em janeiro de 2023,
após a artista ser internada com fortes dores abdominais e sangramentos. Desde
então, iniciou um intenso tratamento que incluiu sessões de quimioterapia,
cirurgias e uma fase de remissão.
Em dezembro de 2023, Preta havia comemorado
uma importante vitória ao realizar uma cirurgia de reconstrução intestinal e se
mostrar esperançosa com a recuperação. No entanto, em agosto de 2024, exames revelaram o retorno da doença,
agora com metástases em linfonodos, peritônio e ureter.
Apesar de uma
delicada cirurgia de mais de 20 horas realizada em São Paulo e de novos
protocolos de tratamento, o quadro se agravou no início de julho de 2025. Após
uma sessão de quimioterapia nos Estados Unidos, a cantora teve uma piora súbita
e veio a falecer no fim de semana.
Trajetória musical e artística
Preta Gil
iniciou sua carreira artística oficialmente em 2003, com o lançamento do álbum Prêt-à-Porter. A partir daí, trilhou uma carreira marcada
pela versatilidade, irreverência e militância.
Ao longo dos
anos, lançou outros álbuns como Preta
(2005), Sou Como Sou (2012) e Todas as Cores (2017), além de registros ao
vivo e o tradicional Bloco da Preta,
que arrastava multidões no Carnaval carioca, chegando a reunir até 2,5 milhões
de pessoas.
Sua música
transitava entre o pop, o samba, o axé e o funk, sempre com uma forte identidade
própria, que também se refletia em sua postura no palco e fora dele. Preta não
tinha medo de se posicionar — fosse sobre política, preconceito, diversidade ou
liberdade de expressão.
Atuação na televisão e nos negócios
Além da
carreira como cantora, Preta Gil também teve uma presença marcante na
televisão. Participou de novelas como Caminho
das Índias e Ti Ti Ti, apresentou
programas e fez diversas participações em atrações populares como o Esquenta!.
No mundo dos
negócios, fundou a agência Music2Mynd,
voltada para marketing musical e gestão de influenciadores, tornando-se
referência no setor e expandindo sua atuação para além dos palcos.
Ícone da representatividade
Preta Gil
sempre se destacou como uma figura de resistência e representatividade. Mulher preta,
bissexual e com corpo fora dos padrões impostos pela indústria, enfrentou
diversos episódios de preconceito e gordofobia com coragem e bom humor.
Defensora das
causas LGBTQIA+, feminista e ativista antirracista, tornou-se inspiração para
milhares de brasileiros que viam nela uma voz potente e libertadora.
Família e relações pessoais
Preta deixa o
filho Francisco Gil, fruto de
seu relacionamento com o ator Otávio Müller. Fran, como é conhecido, é músico e
integra o grupo Gilsons, ao lado do avô Gilberto Gil e de outros familiares. A
artista também era avó de Sol de Maria,
de 9 anos.
Seu pai,
Gilberto Gil, teria tido um mal-estar ao saber da notícia da morte da filha e
foi amparado por familiares. Ele cancelou sua agenda e pediu privacidade.
Repercussão nacional
A notícia da
morte de Preta Gil causou comoção nas redes sociais e no meio artístico.
Famosos como Regina Casé, Ivete Sangalo, Carolina Dieckmann e Ludmilla
prestaram homenagens e destacaram o legado de amor, liberdade e coragem deixado
pela artista.
O presidente da
República e o Ministério da Cultura emitiram notas de pesar, exaltando sua
contribuição à cultura brasileira e seu papel na construção de uma sociedade
mais inclusiva.
Cerimônia de despedida
De acordo com a
família, o corpo de Preta será cremado em Nova York, conforme sua vontade. Um
memorial em sua homenagem será organizado nos próximos dias no Rio de Janeiro,
aberto ao público.
Um legado que transcende gerações
Preta Gil foi
mais do que uma cantora: foi símbolo de empoderamento, diversidade e
autenticidade. Lutou até o fim com dignidade, sem esconder a dor, mas também
sem abrir mão do brilho que sempre a acompanhou.
O Brasil perde
uma grande artista, mas sua voz — em todos os sentidos — jamais será
silenciada.
Por Redação jucurunet;
Com informações da UOL, Metrópoles, O Tempo e
Terra
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