Pelé ainda participa de diversos compromissos pelo Brasil e pelo mundo, como no lançamento do game 'Fifa 2016' em junho último, na Austrália
Pelé comemora nesta sexta-feira 75 anos de vida abalado por uma saúde que foi se debilitando nos últimos anos e passará o dia na intimidade da família, longe das celebrações retumbantes com as quais muitos de seus admiradores gostariam de lembrar a data especial para o eterno ídolo.
O recorde de 1.281 gols em 1.363 partidas, um reconhecimento em todo o planeta; incontáveis títulos, prêmios e homenagens; filmes e canções inspiradas em sua trajetória e um talento único no campo de futebol resumem os três quartos de século de fama e glória do 'Rei'.
Foi durante a derrota da seleção brasileira para o Uruguai por 2 a 1 na final da Copa do Mundo de 1950, quando tinha apenas oito anos, que Pelé prometeu para si mesmo ser uma estrela. O ídolo conta que seu pai, também jogador de futebol, não pôde conter as lágrimas depois do Maracanazo, e o então menino disse a ele: "Não chore, papai. Vou ganhar uma Copa para o senhor".
Dito e feito. Em 1958, com apenas 17 anos, o eterno camisa 10 foi peça chave na final do Mundial da Suécia, que terminou com placar de 5 a 2 para o Brasil contra a anfitriã, com dois gols do adolescente Edson, que então se transformou para o mundo inteiro em Pelé.
O país coroava seu novo rei, que com finalizações precisas, movimentos que ao mesmo tempo eram bruscos e plasticamente bonitos e o tradicional soco no ar nas comemorações de gols mostrou ao mundo que o futebol também era coisa de pobres e negros.
Pela seleção, depois da glória em 1958, Pelé disputou a Copa de 1962, no Chile, e teve que celebrar a conquista do bi fora de campo devido a uma lesão. Após um desempenho para se esquecer em 1966, na Inglaterra, também por problemas físicos, ele voltou com tudo e conduziu uma equipe repleta de grandes nomes ao tri, no México.
Dedicou praticamente toda a carreira ao Santos, pelo qual jogou por 18 anos e marcou 1.091 gols. A saída aconteceu em 3 de outubro de 1974, antes de ir para o New York Cosmos, pelo qual atuou até a aposentadoria, em 1977, no primeiro grande passo para profissionalizar o 'soccer' na América do Norte.
Pelé conquistou muitos títulos em sua carreira, mas ter sido três vezes campeão em Copa do Mundo... só o Rei conseguiu!
Foi nessa época que Pelé precisou passar por uma cirurgia para a retirada de um rim como consequência de uma lesão sofrida jogando pelo Peixe. A notícia não se tornou pública até que o ex-jogador teve de ser internado algumas vezes entre 2014 e 2015 com uma infecção urinária.
Em uma das vezes em que teve alta após uma internação, o astro brincou: "Nunca tive medo de morrer. Sou um homem de três corações", declarou ele, fazendo referência à cidade mineira de Três Corações, onde nasceu em 23 de outubro de 1940 no seio de uma família humilde.
Seu inconfundível talento foi descoberto aos 11 anos pelo jogador Waldemar de Brito, quem em 1956 o levou ao modesto Bauru, do interior de São Paulo, e o apresentou como "o menino que será o melhor jogador de futebol do mundo".
Waldemar não estava errado. Décadas mais tarde, a Fifa coroou Pelé como o melhor atleta do século XX. O reconhecimento extrapolou as fronteiras do Brasil, e contam que em 1966, durante a guerra civil do então chamado Congo Belga, as forças rivais declararam uma trégua para que Pelé e o Santos pudessem jogar no país africano.
Pelé também 'jogou' bastante fora de campo: ele foi ministro do Esporte (quando apresentou a Lei Pelé, acabando com o passe de atletas no futebol) e se envolveu na promoção de diversas competições como a Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil
Mais tarde, em 1969, várias cidades queriam ser sede do milésimo gol sem se importar se a "vítima" fosse a equipe para qual torciam, inclusive chegando a vaiar goleiros e defensores locais que evitavam o histórico tento.
Foi no mítico Maracanã, em um jogo contra o Vasco, quando Pelé atingiu a marca histórica e a dedicou a todas as crianças. Em cobrança de pênalti, ele superou o argentino Andrada, que, a contragosto, ficou marcado como "o goleiro que sofreu o milésimo gol do Rei".
Na mesma época, quando o Santos fazia um tour pela Colômbia, o árbitro local Guillermo Velásquez o expulsou, para decepção do público no estádio El Campín, que queria ver o ídolo mundial Foi então que nasceu uma nova lembrança em sua história: o juiz foi pressionado para se retirar, e Pelé voltou ao jogo.
Após pendurar as chuteiras, o 'Atleta do Século' foi embaixador das Nações Unidas e ministro do Esporte do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 1998. Testou a faceta de cantor, fez aparições no cinema e lucrou com a publicidade.
O ex-jogador se casou duas vezes e tem sete filhos reconhecidos, entre eles o ex-goleiro Edinho, que já teve problemas com a justiça. Outro filho, Joshua, e um neto, Octavio, tentam seguir no mundo do futebol os passos da lenda.
E é exatamente com a família, longe de homenagens e festas, com quem Pelé viajou para sua fazenda no interior de São Paulo para celebrar o aniversário na intimidade, segundo informações fornecidas por seu escritório de imprensa à Agência Efe.
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