Agnaldo Timóteo é o assunto e
o protagonista do documentário Eu, Pecador, que será exibido na Mostra de
Cinema de São Paulo nos dias 27, 28 e 29 de outubro e 1º de novembro.
Dirigido por Nelson Hoineff,
o filme conta a história do homem que ganhou fama como cantor e, depois,
trilhou a carreira na política. As filmagens aconteceram em 2016, durante a
campanha de Timóteo para o cargo de vereador do Rio de Janeiro.
No documentário, o cantor
assume pela primeira vez ter vivido relacionamentos com outros homens.
Além de título do filme, Eu,
Pecador é título de uma música lançada por Timóteo em 1977. A composição,
assinada pelo cantor, indica um sentimento de culpa por conta de sua orientação
sexual.
Agnaldo Timóteo Pereira
(Caratinga, 16 de outubro de 1936) é um cantor e político brasileiro. O cantor
passou toda a sua infância na sua terra natal Caratinga. Desde pequeno se
interessava por música e se apresentava nos circos que passava pela cidade, surpreendendo
a todos com a sua potencia vocal. Em Caratinga conheceu o cartunista Ziraldo,
seu conterrâneo.
Iniciou sua carreira cantando
em programas de calouro na rádio de Caratinga, Governador Valadares e Belo
Horizonte, onde se tornou conhecido como o "Cauby mineiro". Mudou-se
para o Rio de Janeiro, passando a trabalhar como motorista da cantora Ângela
Maria. Enquanto isso, continuava sua carreira e aos poucos tornou-se conhecido
nacionalmente pela sua voz.
Ficou famoso ao gravar a
canção Meu Grito, de Roberto Carlos. Depois disso vieram vários sucessos
românticos, como Ave-Maria, Mamãe e Os Verdes Campos De Minha Terra. Gravou
mais de 50 discos. Escreveu o prefácio do livro "mensagens para a
vovó" de autoria de Antonio Marcos Pires e junto com o autor participou da
Bienal do Livro SP 2016 autografando este livro.
Anos 50
Aos dezesseis de idade saiu
de Caratinga e foi para Governador Valadares, no mesmo estado, e iniciou seu
trabalho como torneiro mecânico, fabricando peças para veículos que eram nas construções
de estradas e rodovia. Lá trabalhou em uma oficina que era vizinha de uma casa
onde se ouvia muita música. Agnaldo largava o trabalho para ouvir "Adeus,
Querido", sucesso da cantora Angela Maria.
Os anos cinquenta foram
marcadas pelas viagens em busca de oportunidades para gravar e cantar. Mudou-se
para Belo Horizonte, onde não obteve muito êxito, embora fosse reconhecido
pelas rádios da cidade como o "Cauby mineiro", destacando-se pelo seu
vozeirão potente e pelas interpretações que fazia do seu ídolo. Era chamado
para "defender" as canções do niteroiense e até se fazer passar por
ele, pois o mesmo viajava muito e não podia comparecer a todos os convites e
compromissos, ele era chamado para imitá-lo nas rádios.
Com a ajuda de Aldair Pinto
cantou nas rádios Inconfidência, Itatiaia, Mineira e Guarani.
Teve a oportunidade de
conhecer Angela Maria em um show que ela realizou em Belo Horizonte e ela
deu-lhe o conselho para ir para o Rio de Janeiro, onde, provavelmente, teria
mais chances e oportunidades.
Anos 60
Programas de Rádio[editar |
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No Rio de Janeiro, passou por
hospedarias e casas de parentes, passando pelo Lins de Vasconcelos, onde
conheceu o cantor Roberto Carlos, que na época havia buscado a capital pelo
sonho de virar cantor. Agnaldo revelou em um programa de televisão que ele costumava
ir junto do futuro fenômeno da Jovem Guarda à pé do Lins à Cinelândia para as
Rádios Nacional e Mayrinck Veiga em busca de oportunidades, pois não tinham
dinheiro sequer para pagar o bonde.
Neste período, não
encontrando as oportunidades que buscava, pediu trabalho para Angela Maria, que
tinha um automóvel e não sabia dirigir. Em 1961, indicado pela sua patroa,
aconteceu sua estreia em disco: um 78 rotações com “Sábado no Morro” e “Cruel
Solidão”, para o selo Caravelle, onde gravou também no ano seguinte a marcha
“Na Base do Amendoim”. Nada aconteceu.
Em 1963, pela Philips, gravou
o compacto duplo “Tortura de Amor” de Waldick Soriano, um trabalho mais bem
elaborado e fiel ao seu estilo romântico. A gravadora, no entanto, não
acreditou no sucesso e as 180 cópias foram vendidas de mão em mão pelo próprio
artista.
Rio Hit Parade
O programa realizado por Jair
de Taumaturgo na TV Rio, teve Agnaldo Timóteo como o "defensor" da
balada "The house of the rising sun", sucesso do grupo britânico The
Animals. Agnaldo ganhou todos os prêmios do programa e arrebatou o público
jovem, sendo contratado, imediatamente, pela EMI-Odeon, onde teve a
oportunidade de gravar seus primeiros discos. O LP "Surge um Astro",
um disco de versões de sucessos internacionais lançado naquele ano, foi sucesso
de vendas do mercado fonográfico daquele ano. Emplacou sucessos como "A
Casa de Irene" (A Casa D'Irene), "A Casa do Sol Nascente" (The
House Of The Rising Sun), "É Tão Triste Veneza" (Que C'est Triste
Venise), mas o hit ficou como "Mamãe" (La Mamma). O cantor participou
de muitos programas da juventude, principalmente o Jovem Guarda, embora fosse
mais velho que a média dos outros participantes.
Em 1966, lançou "O Astro
do Sucesso", que seguia o mesmo roteiro de sucesso do primeiro, era
composto por versões de sucessos internacionais que estavam fazendo sucesso. As
músicas de maior destaque foram "Último Telefonema" (L'ultima
Telefonata), "Não Te Amo Mais" (Je Ne T'Aime Plus) e
"Aline", estas últimas sucesso do jovem francês Christophe.
Meu Grito - 1967[editar |
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Em 1967 lançou o álbum
"Obrigado Querida", emplacando como Hit daquele ano a canção
"Meu Grito" (de Roberto Carlos), ficando em primeiro lugar em todas
as gravadoras do país [1]. O disco veio ainda com dois grandes sucessos da sua
carreira: "Mamãe Estou Tão Feliz" (Mamma) e "Os Verdes Campos da
Minha Terra" ("Green Green Grass Of Home). Segundo o cantor,
"Meu Grito" consolidou a sua carreira, que precisava de uma música
própria e original, diferente das versões que recebia para gravar. O disco de
1968 veio com "Deixe-me outro dia, menos hoje" (de Roberto Carlos e
Erasmo Carlos), mas esta não estourou como a primeira, obtendo apenas sucesso
com "A Hora do Amor" (L'ora Dell'amore).
O LP de 1969 não teve muito
destaque, trazendo apenas "Eu Vou Sair Para Buscar Você" (de Nelson
Ned) como sucesso. Em 1970 tentou carreira no mercado latino, com versões de
sucessos seus, de Cauby Peixoto e Nelson Gonçalves, mas também não disparou.
Lançou neste meio tempo regravações de hits de outros artistas como "These
Are The Songs" (de Tim Maia). O LP "Agnaldo Timóteo Sempre
Sucesso" também não foi de grande sucesso, embora estivesse como um dos
mais vendidos daquele ano.
Anos 70
Em 1972, com o álbum "Os
Brutos Também Amam", Agnaldo Timóteo mostrou que seguiria a linha dos
românticos, cada vez menos falando a linguagem dos jovens. Este disco mostrou o
amadurecimento musical do artistas, que vinha contando seus sentimentos e
desastres amorosos através de músicas inéditas. O maior sucesso foi "Os
Brutos Também Amam", da dupla Roberto e Erasmo. A capa deste disco trazia
um desenho seu com dois leões de fundo, fato que fez o apresentador Silvio
Santos colocar o cantor para cantar ao vivo em uma jaula ao lado de um leão.
O próximo disco traria outro
sucesso inédito da dupla “Frustrações”, que deu o título do seu álbum de 1973.
A capa deste também foi emblemática, pois trazia o cantor no gramado de um
Maracanã vazio, para demonstrar tamanha solidão. Segundo ele próprio, o estádio
foi um símbolo de uma grande frustração sua – o futebol. Botafoguense de
carteirinha, ele nunca foi bom no esporte. O disco trazia outros sucessos
também como “Adeus Pampa Mia” e “Cedo Para Amar”, levando o cantor várias vezes
no mesmo ano para receber prêmios no Programa do Chacrinha.
A Galeria do Amor –
1975[editar | editar código-fonte]
Agnaldo Timóteo lançou a
primeira composição própria – A Galeria do Amor. "A Galeria do Amor",
segundo Nelson Motta foi uma música de grande valor na música brasileira e foi
uma das grandes contribuições da música chamada Brega. O disco teve mais
sucessos, como a regravação de “A Noiva” (La Novia), antigo sucesso de Cauby.
Em 1978, “Eu Pecador” foi
outra mensagem de duplo-sentido deixada pelo cantor em seu disco. Entretanto,
desta vez, o cantor deixou a sua outra visão sobre os romances de que tratava,
afirmando que eles eram o seu “pecado”. O álbum contou com a sua primeira
tentativa de incursão no grupo da MPB, a gravação de “Por Causa de Você” (de
Dolores Duran e Tom Jobim).
Depois do sucesso de “A
Galeria do Amor”, Agnaldo voltou ao tema da vida noturna no Rio de Janeiro. Em
1977 fez o seu disco de maior sucesso “Perdido na Noite”, com a canção de
trabalho assinada por si mesmo, além de outras composições: “Aventureiros” e “O
Conquistador” (esta com Wagner Montanheiro e Miguel Plopschi). O álbum teve
“Tristeza Danada” (de seu irmão Majó) como segundo destaque. Provavelmente foi
sua primeira tentativa de incursão para o grupo de cantores da MPB, pois neste
álbum esteve presente “Olhos nos Olhos” (de Chico Buarque), sendo lançada
simultaneamente por ele, pelo compositor e por Maria Bethânia.
Agnaldo Timóteo
Vereador de São Paulo
Bandeira da cidade de São Paulo.svg
Período 1 de janeiro de 2005
até 1 de janeiro de 2013
Vereador do Rio de Janeiro
Bandeira do Município do Rio de Janeiro.png
Período 1 de janeiro de 1997
até 1 de janeiro de 2001
Deputado federal pelo Rio de
Janeiro Rio de Janeiro
Período 15 de março de 1986
até 31 de março de 1996
Profissão Cantor
Na política
Iniciou atuação política em
1982, quando elegeu-se deputado federal no Rio de Janeiro, pelo PDT. No meio do
mandato, desentendeu-se com Leonel Brizola, líder do partido, e transferiu-se
para o PDS. No Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985, para escolha do
presidente da República (que teve a vitória Tancredo Neves), votou em Paulo
Maluf. Candidatou-se em 1986 a governador do Rio de Janeiro e foi derrotado; em
1994, reelegeu-se deputado federal.
Em 1996 foi eleito vereador
na cidade do Rio de Janeiro, mas não conseguindo a reeleição em 2000.
Transferiu-se para São Paulo e em 2004 foi eleito vereador pelo Partido
Progressista, mas, devido a divergências com Celso Russomanno, foi para o
Partido Liberal (atual Partido da República).
Defensor público de Lula, pretende
filiar-se ao PT Partido dos Trabalhadores com o objetivo de apoiá-lo nas
eleições de 2018. [2]
Painel eletrônico
Em 4 de julho de 2012, o
jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem acusando Timóteo e outros 16
vereadores da cidade de São Paulo de fraudar o painel eletrônico da Câmara
Municipal de São Paulo. Em sua defesa, Agnaldo argumentou que havia marcado
presença no terminal ao lado do elevador.[3]
Em alguns casos, segundo o
jornal, funcionários usavam painéis que deveriam ser usados exclusivamente por
parlamentares para fazer marcações, evitando assim desconto de R$ 465 em folha
de pagamento por dia. A reportagem d'O Estado foi acompanhada de fotos, filmes
e gravações de áudio realizadas ao longo de 20 sessões da Câmara. As marcações
ajudaram a criar leis originadas de 18 propostas, sendo assim a prática
considerada crime e podendo evoluir até para a cassação do mandado de
parlamentares envolvidos.[4]
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