A Procuradoria da República
no Distrito Federal pediu, em alegações finais, a pena de 7 anos de prisão para
o ex-ministro Geddel Vieira Lima por “embaraço a investigação”. Segundo o
Ministério Público Federal, o emedebista tentou evitar que o doleiro Lúcio
Funaro firmasse acordo de delação premiada. O caso, investigado na Operação
“Cui Bono”, levou Geddel pela primeira vez para a prisão, em julho de 2017,
antes da descoberta do bunker dos R$ 51 milhões.
“Aqui está, portanto, o dolo
de Geddel em atrapalhar as investigações, pois as sondagens e pressões
exercidas veladamente por Geddel Quadros Vieira Lima fizeram Lúcio Funaro
recuar (temporariamente) no propósito de colaborar informalmente com as
investigações, em razão do ambiente hostil no qual estava inserido, em todo o
contexto de organização criminosa”, afirmam os procuradores.
Na denúncia contra Geddel, o
MPF sustenta que, após a prisão de Funaro, o ex-ministro monitorou e
constrangeu a mulher do corretor, Raquel Pitta, com a intenção de
“influenciá-lo” a não colaborar com as investigações referentes às operações
Cui Bono e Sépsis, que tratam de desvios na Caixa.
O ex-ministro, que antes não
mantinha contato com a mulher de Funaro, teria passado a fazer insistentes
ligações para ela, especialmente nas sextas-feiras, dia que visitava o marido
na prisão. Muitas vezes, os telefonemas eram no período da noite, a propósito
de perguntar sobre o “estado de ânimo” de Funaro.
Por meio de seu advogado,
Bruno Espiñeira, Funaro fez chegar à PF “impressos de ligações” recebidas por
Raquel via WhatsApp. As ligações foram feitas por um certo “Carainho”, que,
segundo os investigadores, é Geddel.
Em audiência de custódia,
quando foi preso pela primeira vez, chorou, de cabeça raspada, em frente às
câmeras da 10ª Vara Federal. Na ocasião, ele negou obstrução, mas admitiu mais
de dez ligações com a mulher do doleiro.”Acabei de dizer que nesta ligação se
tratou exatamente: ‘como vai você?’, porque é o mínimo. ‘Sua família está bem?’
Não se tratou de marido dela, de esposo dela, nada disso”, afirmou
Geddel./Estadão
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