Até hoje ninguém conseguiu
acusar Lula de ter roubado sequer dez centavos dos cofres públicos. Nem Moro ou
o TRF-4. Há mais de três anos a sua vida vem sendo investigada, revirada pelo
avesso por dezenas de agentes da Policia Federal e do Ministério Público, sem
que até agora tenham encontrado algo que pudesse incriminá-lo.
Ainda assim, ele foi condenado
pelo juiz Sergio Moro por ter sido supostamente beneficiado por obras
realizadas num apartamento que não é dele, conforme comprovado pela própria
Justiça.
E sua condenação foi
confirmada e ampliada em segunda instância por três desembargadores que
simplesmente ignoraram a defesa, chegando à sessão do TRF-4 com seus votos já
prontos, fazendo do julgamento uma verdadeira e vergonhosa farsa, identificada
até por quem não entende de leis.
Depois dessa decisão unânime,
combinada para impedir a prescrição da pena, ficou claro que a perseguição ao
ex-presidente não é um ato isolado do juiz e procuradores da Lava-Jato, mas uma
determinação de todo o Judiciário, inclusive dos tribunais superiores.
Alguém poderia perguntar:
"Mas por que tanta perseguição a ele?"
A resposta é simples: para
impedi-lo de voltar para o Palácio do Planalto. Usando o combate à corrupção
como pretexto, de modo a obter o apoio da população, a Operação Lava-Jato, na
verdade, foi criada com o objetivo de eliminar Lula da vida pública, em
cumprimento a um plano que contou, para a sua execução, com a participação de
parte do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, do empresariado e da mídia.
O golpe que destituiu a
presidenta Dilma Rousseff foi parte desse plano, pois para chegar ao
ex-presidente era fundamental apear o petismo do poder.
Os parlamentares, executivos
da Petrobrás e empresários presos tiveram de ser sacrificados para oferecer a
ideia de isenção no combate à corrupção, mas gradativamente vão sendo
libertados à medida que apertam o cerco a Lula. E a maioria já está livre,
alguns cumprindo prisão domiciliar.
Cabe, então, outra pergunta:
"Mas por que querem impedi-lo de ser presidente outra vez?"
A resposta não é muito
difícil: porque, quando na Presidência, ele contrariou interesses de forças
poderosas dentro e fora do país. No seu governo, Lula arrancou o país do
domínio dos Estados Unidos e o aproximou dos seus principais adversários, a
Russia e a China, o que deixou os americanos em pânico diante da perspectiva de
perder não apenas o controle dos países da América do Sul mas, também, o
petróleo brasileiro, a base espacial de Alcântara e as jazidas de minério do
subsolo amazônico, das quais tem mapas detalhados. Por isso a presidenta Dilma
Roussef e a Petrobrás vinham sendo espionadas pelo serviço secreto americano.
Conforme denúncia do
Wikleaks, cujas informações serviram para a elaboração do plano que incluiu o
impeachment da petista e a montagem de uma estrutura destinada a entregar o
nosso petróleo ao capital estrangeiro, o que vem sendo feito pelo tucano Pedro
Parente. O objetivo final é privatizar a Petrobras, com a aprovação, entre
outros, de FHC e do governador paulista Geraldo Alkmin.
Nessa tarefa, os americanos
contaram com a valiosa ajuda da Lava-Jato, o que foi confirmado pelo próprio
FBI em recente evento.
Além dos interesses externos,
Lula também contrariou interesses internos ao fechar a torneiro dos cofres
públicos para a mídia mercenária, aberta antes pelo ex-presidente Fernando
Henrique; acabou com o auxilio-moradia do Judiciário, depois liberado pelo
ministro Luiz Fux; abriu as portas das universidades para pobres e negros;
impediu a entrega da base da Alcântara para os americanos, como queria FHC;
retirou 40 milhões de brasileiros da linha de pobreza; retirou o Brasil do mapa
da fome.
Proeza reconhecida até pela
ONU; quitou a dívida do país com o FMI e tornou o Brasil credor não apenas do
próprio FMI mas, também, dos Estados Unidos. Quem poderia imaginar que um dia
os americanos seriam nossos devedores?
Além disso, a sua volta para
o Palácio do Planalto, onde se consagrou como o maior presidente deste país,
representa uma ameaça para a sobrevivência da Globo, que tem consciência de que
poderá perder a concessão do canal de televisão.
Os Marinho, que apoiaram
todos os golpes e há tempos fazem campanha sistemática contra Lula, sabem que
com o seu retorno ao Planalto a mídia será democratizada. E como não conseguem
derrotá-lo nas urnas e não podem simplesmente impedi-lo, sem uma justificativa
convincente, de concorrer às eleições presidenciais, decidiram inventar um
crime ligado à corrupção.
Surge, então, uma terceira
pergunta: "Se Lula está praticamente fora do pleito, por que ainda querem
prendê-lo?"
Simples: para humilhá-lo. Não
bastou a invasão do seu apartamento e a sua condução coercitiva, ações que
contribuíram para a morte de dona Marisa Letícia: é preciso algemá-lo e
acorrenta-lo pelos pés e exibir a imagem, como um troféu, no "Jornal
Nacional", o que provocará orgasmos em muita gente nos três poderes e na
mídia e, também, naqueles que se deixaram contaminar pelo veneno do ódio.
O problema é que essa imagem
poderá, também, desencadear a revolta popular, com manifestações em todo o
país, em especial no Nordeste.
Por isso, o Supremo precisa
decidir urgentemente sobre a prisão em segunda instância, que o ministro
Ricardo Lewandowski classificou de inconstitucional, porque suprime a presunção
de inocência, um dispositivo pétreo da carta Magna.
Essa decisão se faz mais
urgente ainda porque mais um ministro da Suprema Corte, Edson Fachin, nomeado
pela presidenta Dilma Roussef, também negou o terceiro habeas corpus impetrado
em favor do ex-presidente, transferindo porém a decisão final para o plenário
da Corte, provavelmente por temer assumir sozinho a responsabilidade pelas
consequências do ato.
Pelo visto, parte dos
ministros do STF quer mesmo que Lula seja preso, embora consciente da farsa da
sua condenação, da inconstitucionalidade da prisão em segunda instância e das
suas consequências.
É fundamental, porém, que
haja uma posição formal do Supremo, pois foi ele que violou a Constituição ao
aprovar a prisão em segunda instância com o voto de minerva da sua presidenta.
Diante desse panorama, no
entanto, em que os homens de toga decidiram atropelar a Constituição que
teoricamente teriam o dever de defender, só existe uma alternativa: o Congresso
Nacional.
Mesmo com a atual composição
medíocre e já habituado a curvar-se acovardado diante do Judiciário, deve
recuperar seu espaço e votar uma lei que ponha fim a essa farra jurídica.
De outro modo não demora
muito e os juízes cassarão e nomearão deputados e senadores a seu talante,
tornando a Constituição e o Parlamento inúteis e, portanto, perfeitamente
dispensáveis. E o Brasil será a mais nova anarquia do planeta./brasil247
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