Dez dias antes de Fernando
Segovia, diretor-geral da Polícia Federal, declarar que não há indício de crime
na investigação contra o presidente Michel Temer no chamado inquérito dos
portos, os investigadores do caso pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) o
compartilhamento de informações de investigações antigas para apurar
"possíveis atos ilícitos" envolvendo a relação de pessoas
investigadas.
O ofício, obtido pela
Globonews, é de 30 de janeiro. No dia 9 de fevereiro, a agência Reuters
publicou uma entrevista com Segóvia afirmando que o diretor-geral da Polícia
Federal indicou tendência de arquivamento do inquérito dos portos por não
haver, em sua avaliação, indício de crime nem de pagamento de propina.
A investigação ainda está em
andamento. No ofício do dia 30 de janeiro, o delegado Wellington Santiago da
Silva, responsável pelo grupo de inquérito do STF, solicitou ao ministro Marco
Aurelio Mello o compartilhamento de informações de uma outra investigação, já
arquivada em 2011, mas citada diversas vezes durante o presente inquérito.
De acordo com o texto do
ofício, os investigadores querem acesso ao material para "fins de
conhecimento das informações produzidas e eventual compartilhamento, uma vez
que tais informações poderão auxiliar na compreensão das relações das pessoas
investigadas" também no inquérito atual, sob relatoria do ministro Luís
Roberto Barroso, "em especial possíveis atos ilícitos, vínculos com a
Companhia Docas do Estado de São Paulo e também com a concessionária de exploração
de terminais portuários, em Santos/SP".
O material arquivado
investigou o possível envolvimento do atual presidente da República em suposto
pagamento de propina no setor portuário.
O inquérito citava Temer e
Marcelo Azeredo, ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp), que havia sido indicado com apoio do PMDB.
No material estava uma
planilha que, para os investigadores, fazia referência à distribuição de
propina desviada de contratos do Porto de Santos.
Depoimentos
Os investigadores agendaram
para esta quinta-feira, às 13 horas, o depoimento do empresário Joesley
Batista, e, na sexta, às 14h30, a oitiva de Ricardo Saud, ex-executivo da JBS.
Ambos estão presos./G1
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