Após a Organização Mundial da
Saúde (OMS) divulgar na última segunda-feira (8) que pessoas sem sintomas do
coronavírus, os chamados assintomáticos, não seriam grandes disseminadores do
vírus, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o fim do isolamento e a volta à
normalidade no Brasil, inclusive com a reabertura das escolas.
No entanto, a entidade
esclareceu nesta terça-feira (9) que a frase da infectologista e chefe do
departamento de doenças emergentes, Maria Van Kerkhove, foi tirada de contexto
e que os assintomáticos podem, sim, transmitir a doença, porém ainda não se
sabe em que nível a contaminação pode ocorrer.
"Estamos absolutamente
convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a
questão é saber quanto", disse o diretor de emergências da OMS, Michael
Ryan.
Infectologistas ouvidos pela
reportagem explicam como é possível a disseminação da doença por pacientes
assintomáticos e os cuidados necessários para barrar o avanço da doença.
O infectologista Carlos
Urbano Gonçalves Ferreira Junior reforça que as declarações da OMS não mudam em
nada em relação aos cuidados da doença. Isso porque, até mesmo os doentes
sintomáticos só manifestam os primeiros sintomas alguns dias após o contágio.
“O infectado demora de um a
dois dias para apresentar sintomas da doença, por isso os cuidados precisam ser
mantidos. Não sabemos quem vai apresentar o sintoma ou não.
O indivíduo pode estar
infectado e ainda não sabe que está doente, é o paciente chamado de
pré-sintomático. A regra de isolamento social não muda em nada com a declaração
da OMS, pois cada indivíduo tem uma forma de apresentar o sintoma. Alguns não
vão sentir nada e outros podem adoecer de forma grave. Tudo vai depender da
interação do vírus com o hospedeiro”, explica.
A infectologista Rúbia Miossi
explica que a Covid-19 é uma doença infecciosa respiratória, que a maior parte
dos sintomas tem caráter respiratório, mas que algumas pessoas não apresentam
nenhum sintoma, enquanto outras desenvolvem reações diferentes como diarreia e
vômito.
Segundo a infectologista, uma
pessoa infectada que não apresenta nenhum sintoma pode transmitir a doença para
outras, embora a chance de transmissão seja pequena. “A chance de assintomático
transmitir a doença para outras é muito pequena, porque a Covid-19 é uma doença
transmitida por secreção respiratória.
Se a pessoa não tem sintoma,
ela também não tem essas secreções, as gotículas, que vão fazer com que outra
pessoa adoeça. Isso não é novidade, era uma coisa que a gente já pensava ser
verdade a respeito do coronavírus desde o início da pandemia”, comenta.
O que muda agora, segundo
Rúbia, é que a OMS começa a dizer que tem evidências a respeito da transmissão
ou não por assintomáticos, mas a conclusão dessa pesquisa ainda não foi
divulgada. “Então, não sabemos ao certo o que diz o estudo, como ele foi feito.
Precisamos ver de onde saiu essa conclusão, mas já era esperado que não
houvesse ampla disseminação por assintomáticos”, ressalta.
Mas Rúbia destaca que o
isolamento social continua sendo importante porque ainda não há vacina nem
remédio que possa tratar a doença de maneira eficaz.
Rúbia Miossi Infectologista
"É importante manter o
distanciamento porque esta é uma doença infecciosa. A pessoa pode não estar
sentindo nada, mas está na fase de incubação do vírus e, neste caso, já é
possível haver a transmissão"/agazeta
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