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quarta-feira, 10 de junho de 2020

Pacientes assintomáticos transmitem coronavírus? Médicos explicam



Teste rápido de coronavírus

Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgar na última segunda-feira (8) que pessoas sem sintomas do coronavírus, os chamados assintomáticos, não seriam grandes disseminadores do vírus, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o fim do isolamento e a volta à normalidade no Brasil, inclusive com a reabertura das escolas.

No entanto, a entidade esclareceu nesta terça-feira (9) que a frase da infectologista e chefe do departamento de doenças emergentes, Maria Van Kerkhove, foi tirada de contexto e que os assintomáticos podem, sim, transmitir a doença, porém ainda não se sabe em que nível a contaminação pode ocorrer.

"Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto", disse o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Infectologistas ouvidos pela reportagem explicam como é possível a disseminação da doença por pacientes assintomáticos e os cuidados necessários para barrar o avanço da doença.

O infectologista Carlos Urbano Gonçalves Ferreira Junior reforça que as declarações da OMS não mudam em nada em relação aos cuidados da doença. Isso porque, até mesmo os doentes sintomáticos só manifestam os primeiros sintomas alguns dias após o contágio.

“O infectado demora de um a dois dias para apresentar sintomas da doença, por isso os cuidados precisam ser mantidos. Não sabemos quem vai apresentar o sintoma ou não.

O indivíduo pode estar infectado e ainda não sabe que está doente, é o paciente chamado de pré-sintomático. A regra de isolamento social não muda em nada com a declaração da OMS, pois cada indivíduo tem uma forma de apresentar o sintoma. Alguns não vão sentir nada e outros podem adoecer de forma grave. Tudo vai depender da interação do vírus com o hospedeiro”, explica.

A infectologista Rúbia Miossi explica que a Covid-19 é uma doença infecciosa respiratória, que a maior parte dos sintomas tem caráter respiratório, mas que algumas pessoas não apresentam nenhum sintoma, enquanto outras desenvolvem reações diferentes como diarreia e vômito.

Segundo a infectologista, uma pessoa infectada que não apresenta nenhum sintoma pode transmitir a doença para outras, embora a chance de transmissão seja pequena. “A chance de assintomático transmitir a doença para outras é muito pequena, porque a Covid-19 é uma doença transmitida por secreção respiratória.

Se a pessoa não tem sintoma, ela também não tem essas secreções, as gotículas, que vão fazer com que outra pessoa adoeça. Isso não é novidade, era uma coisa que a gente já pensava ser verdade a respeito do coronavírus desde o início da pandemia”, comenta.

O que muda agora, segundo Rúbia, é que a OMS começa a dizer que tem evidências a respeito da transmissão ou não por assintomáticos, mas a conclusão dessa pesquisa ainda não foi divulgada. “Então, não sabemos ao certo o que diz o estudo, como ele foi feito. Precisamos ver de onde saiu essa conclusão, mas já era esperado que não houvesse ampla disseminação por assintomáticos”, ressalta.

Mas Rúbia destaca que o isolamento social continua sendo importante porque ainda não há vacina nem remédio que possa tratar a doença de maneira eficaz.

Rúbia Miossi Infectologista

"É importante manter o distanciamento porque esta é uma doença infecciosa. A pessoa pode não estar sentindo nada, mas está na fase de incubação do vírus e, neste caso, já é possível haver a transmissão"/agazeta

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