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quinta-feira, 23 de junho de 2022

Paulo Diniz morre aos 82 anos com obra marcada por canções do biênio 1970-1971

 


♪ OBITUÁRIO – É inevitável e natural que todas as manchetes sobre a morte de Paulo Lira de Oliveira (24 de janeiro de 1940 – 22 de junho de 2022) – o cantor e compositor pernambucano imortalizado com o nome artístico de Paulo Diniz na história da música brasileira – destaquem o fato de ele ter sido o autor da canção Pingos de amor. Aliás, um dos dois autores, pois Pingos de amor é parceria de Diniz com o compositor baiano Odibar Moreira da Silva, já falecido.

 

Lançada em 1971, em gravação do próprio autor, Pingos de amor é mesmo a música mais conhecida de Diniz. Até porque a aliciante canção foi revitalizada pelo grupo Kid Abelha em disco editado no ano de 2000. E, de todo modo, o repertório mais expressivo de Diniz foi mesmo apresentado em discos editados entre 1970 e 1971, período do auge artístico desse cantor e compositor que morreu na manhã de hoje, aos 82 anos, no Recife (PE), de causas naturais. 

Nascido em Pesqueira (PE), cidade encrustada no agreste de Pernambuco, Paulo Diniz migrou em 1964 para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde, dois anos depois, fez relativo sucesso com a gravação da música O chorão (Edson Mello e Luiz Keller, 1966). Era a onda da Jovem Guarda, do iê-iê-iê e da Pilantragem – o que fez com que o álbum de estreia do artista, Brasil, brasa, braseiro (1967), seguisse nessa linha. 

Paulo Diniz (1940 – 2022) é lembrado por canções dos anos 1970 — Foto: Reprodução

Foi quando ficou entre o samba, o soul e a canção pop de amor que Diniz começou a se encontrar na música brasileira a partir do segundo álbum, Quero voltar pra Bahia, editado em 1970. O samba que batizou o disco, de título alusivo ao fato de Caetano Veloso estar exilado em Londres com vontade de voltar para o Brasil, tocou bem nas rádios e impulsionou o álbum, influenciado pela onda hippie e psicodélica em músicas como Ponha um arco-íris na sua moringa. 

Tanto Quero voltar pra Bahia quanto Ponha um arco-íris na sua moringa e o samba-canção Um chopp pra distrair (outra música que sobressaiu na safra do compositor na época) eram parcerias de Paulo Diniz com Odibar. Como já mencionado, a parceria rendeu no ano seguinte o sucesso Pingos de amor, hit do terceiro álbum do artista, Paulo Diniz (1971).

 

No rastro de Pingos de amor, Diniz lançou outros cinco álbuns – E agora, José? (1972), Lugar comum (1973), Paulo Diniz (1974), Estradas (1976) e É marca ferrada (1978) – pela gravadora Odeon sem jamais reeditar o sucesso popular alcançado no binômio 1970-1971. 

Seguiram-se dois álbuns, Canção do exílio (1984) e Pegou de jeito (1985), lançados por outros selos nos anos 1980, década em que Diniz, já morando no Recife (PE), enfrentou problemas de saúde que o tiraram de cena por anos. Fato que contribuiu para que o artista ficasse para sempre associado aos sucesso obtido no biênio 1970-1971, embora a discografia de Paulo Diniz guarde pérolas como a canção Vou-me embora (parceria com Roberto José, de 1972), pescada este ano por Zé Ibarra para o roteiro do show de abertura da turnê A última sessão de música, de Milton Nascimento. Resta abrir o baú./G1

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