Como diz o adágio popular, ‘quem é vivo sempre aparece’! Um vídeo desta quarta-feira, 27 de julho, feito por itamarajuenses no Centro da cidade, registra o regresso de Oswaldo Bezerra, o “Rei do Brega”, ao município de Itamaraju. Para os mais novos e aqueles que não sabem que é essa figura ilustre, segue abaixo um pouco da sua história:
OSWALDO BEZERRA & ITAMARAJU – “Roberto Carlos é o Rei da Jovem Guarda. Luiz Gonzaga é o Rei do Baião. Pelé é o Rei do Futebol. Mas do brega eu sou o rei!”, assim dizia, nos seus shows, o octogenário cantor pernambucano Oswaldo Bezerra, nacionalmente conhecido como o “Rei do Brega”.
Na década de 1970, como muitos nordestinos, Oswaldo foi embora para o Rio de Janeiro tentar a vida e, ao gravar um disco de vinil com músicas para o povão, caiu nas graças do povo, vindo a fazer muito sucesso. Na época, chegou a ladear Ari Barroso e ngela Maria nas suas participações em antigos programas da Rádio Tupi. No início da década de 1980, depois de ficar viúvo, acabou indo morar na cidade de Belém, pois o Pará foi o Estado no qual o seu sucesso foi maior e onde recebeu o título de “Rei do Brega”. Bezerra também é o autor do clássico sucesso da música brega “Dama de Vermelho”, imortalizada por Waldick Soriano. O famoso guitarrista da banda Calypso, o “Chimbinha”, também chegou a integrar a sua banda no período em que foi considerado um mito da música brega nos estados do norte do país.
Mas o que tem a ver o “Rei do Brega” com a nossa Itamaraju? Diríamos que tudo, no que diz respeito à música brega, por ser tal estilo musical apreciado por muitos itamarajuenses, motivo pelo qual muitos cantores fizeram e ainda fazem sucesso, depois de suas músicas terem chegado aos ouvidos do povo do município e ecoado para outros lugares. E com o “Rei do Brega” não foi diferente, suas músicas chegaram a Itamaraju na segunda metade da década de 1980, sendo muito tocadas na Rádio Extremo Sul.
E dado ao sucesso do cantor que nunca tinha dado o ar da graça por essas bandas, o radialista Gerson Bronzeado, também conhecido com “Negão do Taxi”, o contratou para um show que foi realizado no “antigo Cine Marte”, no ano de 1988, e que se deu com a casa lotada, ficando uma multidão do lado de fora e que permaneceu até o final apenas para ouvir a voz do cantor.
A partir dali, o “Rei do Brega” estourava na região e a letra de sua música “Tem gente que não gosta lá do brega. O brega é o lugar da solidão. No brega entra preto e entra branco. No brega entra pobre e barão..” passou a estar na boca do povo, e muitos outros shows voltaram a ser realizados em Itamaraju e em outras cidades da região nos anos que se seguiram. Ele gostou tanto da terra itamarajuense e da receptividade do povo local, que, entre um show e outro, veio e por aqui ficou, chegando a morar em Itamaraju por quase uma década.
Quando não estava viajando para os shows que fazia, ficava na cidade perambulando pelos bares, proseando nas rodinhas que sempre o recebiam de forma festiva, dispensando o tratamento condizente com o de um “rei”. Nesse período, quase todas as manhãs, era visto na “Padaria Brasil”, tomando o seu cafezinho, já familiarizado com funcionários e frequentadores.
Alguns, em viagem e de passagem pela cidade, desembarcavam na rodoviária e, quando se dirigiam ao referido estabelecimento comercial para comprar alguma coisa, ficavam surpresos quando se deparavam com o legítimo “Rei do Brega”, parando para tirar um foto ou pedir autógrafos. O carinho dos itamarajuenses era tão grande por ele que havia até uma espécie de fã clube na cidade, encabeçado por “Luizinho da Capotaria”, que o acompanhava em alguns lugares por onde cantava, mesmo quando não estava mais no auge do seu sucesso.
Dada a sua simplicidade, Oswaldo Bezerra cantava em qualquer lugar, principalmente, se fosse a pedido dos amigos, bastando apenas um microfone, um teclado e um litro de uma cachaça das boas para molhar a garganta nos intervalos das músicas, para que o show estivesse montado.
Dizem que, no ano de 2003, por ocasião da realização de um dos seus últimos shows em Itamaraju, no antigo “Bar do Nego”, que ficava no bairro Urbis III, aconteceu um fato desagradável, mas ao mesmo tempo cômico: o “Rei do Brega”, com o microfone na mão, após uma música, fez o seguinte comentário “Se fosse outro cantor famoso, não estaria aqui cantando pra vocês em um barzinho, mas mesmo com o sucesso que já fiz eu não cobrei um alto cachê para estar aqui”. Mal terminou de falar, um gaiato emendou “é verdade, está cantando por um litro de pinga!”. Fez-se o maior silêncio, Oswaldo, com cara de quem não gostou da brincadeira, parou, procurou o engraçadinho com o olhar no meio do povo e não o achando disse “Ah, seu “fí” de rapariga!”. Os presentes riram e, em seguida, após beber mais uma dose na intenção do provocador, o show continuou (risos).
No ano de 2012, Oswaldo Bezerra foi homenageado pelo povo paraense em um show que realizou na capital daquele estado, denominado “A Volta do Rei”, oportunidade em que cantou com alguns convidados os seus grandes clássicos. Atualmente, ele ainda continua em atividade, compondo e cantando.
Nas redes sociais, muita gente lembra com saudosismo dos seus sucessos e buscam saber do seu paradeiro. Sabe-se que ele mora em Livramento de Nossa Senhora, uma cidade baiana, mas merecia até um título de cidadão itamarajuense, pelos anos que aqui morou, conquistando, com a sua simplicidade e simpatia, a amizade das pessoas e, sobretudo, consolando com as suas canções muitos corações desiludidos, numa época em que estas faziam a “sofrência” da vez.
Em 2020 ele chegou a lançar um trabalho, o CD com 13 faixas intitulado “Coração de Ferro”. Atualmente Oswaldo vive uma vida simples, o avanço na restrição da visão provocado por glaucoma e, mais recentemente, o diagnóstico de problemas na próstata, impede o artista de se dedicar à carreira com a mesma disposição de antes./Sidney Oliveira
Nossa! quanto tempo
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