O presidente Jair Bolsonaro (RJ) será confirmado neste domingo (24), em convenção nacional, como candidato à reeleição pelo PL.
A oficialização ocorrerá em um evento, com estrutura de comício, no ginásio Maracanãzinho, na zona norte do Rio de Janeiro, berço político do presidente, que busca reverter a desvantagem nas pesquisas de intenção de voto — na mais recente do instituto Datafolha, ele aparece em segundo lugar, com 28% das intenções de voto, atrás do rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 47%.
O partido espera reunir cerca de 10 mil pessoas. A orientação é que os participantes vistam roupas nas cores verde e amarelo. Inicialmente, os ingressos para a convenção foram disponibilizados gratuitamente em um site, mas, segundo bolsonaristas, houve uma "tentativa de sabotagem" à convenção.
A deputada federal Carla Zambelli chegou a acionar a Polícia Federal para apurar o caso. Segundo ela, "militantes de esquerda" estimularam a retirada de convites com o objetivo de esvaziar o evento. Com isso, o PL decidiu liberar a entrada sem ingresso até a lotação máxima do local.
De acordo com a organização, haverá detector de metais, e a segurança do evento será feita por uma empresa de segurança privada e terá o apoio da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Os organizadores pedem que os participantes cheguem com três horas de antecedência. O evento está marcado para as 11h.
Tradicionalmente, as convenções são reuniões de filiados dos partidos para confirmar candidaturas e eventuais coligações. O calendário estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevê o período entre 20 de julho e 5 de agosto para a realização dos encontros. Confirmado o nome do candidato, o partido está apto a registrar a candidatura no TSE – o prazo-limite para esse registro é 15 de agosto.
A reunião dos filiados do PL para aprovação da candidatura deve ocorrer bem antes de Bolsonaro subir ao palco. O encontro está previsto para o início da manhã, por meio de uma plataforma virtual fechada do partido.
Integrantes do partido com dificuldades para votar terão três locais à disposição: a sede do PL em Brasília; a sede em São Paulo; e o ginásio em que o ato de oficialização da candidatura de Jair Bolsonaro acontecerá, no Rio de Janeiro.
Durante a convenção, também deve ser discutida uma possível coligação com o PP, o Republicanos e o PTB, siglas que integram o bloco informal conhecido como Centrão.
Esse tipo de aliança entre dois ou mais partidos pode ser desfeita após as eleições e é permitida para as disputas aos cargos de presidente, governador, senador e prefeito.
Braga Netto
A convenção também deve marcar a confirmação do nome do general Walter Braga Netto para a vaga de vice na chapa de Bolsonaro. O militar se filiou ao PL em março deste ano. Ele também é um dos coordenadores da campanha à reeleição.
O general de quatro estrelas chegou ao posto máximo da carreira dentro do Exército e ganhou notoriedade em 2018, quando foi nomeado interventor federal no Rio de Janeiro pelo então presidente Michel Temer (MDB).
Em 2020, foi nomeado para chefiar a Casa Civil e, depois, em março de 2021, passou a comandar o Ministério da Defesa. Este ano, o general deixou a pasta e assumiu a vaga de assessor especial da presidência da República, da qual foi exonerado em julho.
Com a escolha, Bolsonaro
alterou a chapa que o elegeu, cujo vice era Hamilton Mourão (Republicanos).
Após atritos públicos, Mourão vai disputar uma vaga ao Senado pelo Rio Grande
do Sul.
Trajetória política
Jair Messias Bolsonaro nasceu em Campinas, em São Paulo, e iniciou sua carreira militar em 1973. Depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, em razão do curso da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende.
Em 1986, Bolsonaro publicou um artigo na revista "Veja" no qual reclamou dos salários dos militares. No ano seguinte, a mesma revista divulgou reportagem na qual afirmava que Bolsonaro e um colega tinham planos de explodir bombas em instalações militares para criar pressão por reajustes de salários. Ao julgar o caso, em 1988, o Superior Tribunal Militar absolveu Bolsonaro.
No mesmo ano, ele decidiu entrar para a política e foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro. Com isso, o Exército o transferiu para reserva. Anos depois, foi convertido a capitão reformado.
Como deputado federal, Bolsonaro cumpriu sete mandatos. Em 2018, foi eleito presidente, no segundo turno, com quase 57,8 milhões de votos (55,13% do total).
Três filhos dos cinco filhos de Bolsonaro seguiram a carreira política: Carlos, vereador no Rio de Janeiro; Flávio, senador pelo Rio; e Eduardo, deputado federal por São Paulo com a maior votação do país em 2018.
Veja a trajetória do candidato:
1988: Jair Bolsonaro se
candidata a vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo extinto PDC;
1990: é eleito para o primeiro
dos sete mandatos consecutivos como deputado federal. Ao todo, Bolsonaro
permaneceu na Câmara por 28 anos eleito por três partidos diferentes (PPR, PPB
e PP).
2014: deputado federal mais
votado do Rio de Janeiro e o terceiro do país, com 464.572 votos.
2014: afirmou que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece". A defesa do então deputado argumentou que ele tinha "imunidade parlamentar". Ele foi condenado a pagar R$ 10 mil a parlamentar.
2018: deixou o Partido Social Cristão (PSC) e se filiou ao PSL. Em julho do mesmo ano, a sigla anunciou a candidatura de Bolsonaro à presidência. 2018: em 6 de setembro, durante a campanha eleitoral, levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
2018: em outubro, derrotou Fernando Haddad (PT) no segundo turno, com 57,79 milhões de votos e foi eleito presidente. 2019: Após divergências com a cúpula do PSL, Bolsonaro deixou a legenda e anunciou a criação do próprio partido, o Aliança pelo Brasil. No entanto, a iniciativa não alcançou o número necessário de apoiamentos para seguir no TSE.
2020: Supremo abriu inquérito para investigar denúncias de que Bolsonaro teria interferido politicamente no trabalho da PF e em inquéritos relacionados a familiares. As acusações foram feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, quando ele deixou o cargo. A Polícia Federal concluiu o inquérito e o ministro Alexandre de Moraes enviou a conclusão para à Procuradoria-Geral da República (PGR) e aguarda a manifestação do órgão.
2021: Supremo autorizou
abertura de outros inquéritos para investigar Bolsonaro:
Inquérito Covaxin: investigação visava a apurar se o presidente prevaricou no caso das supostas irregularidades na negociação da vacina indiana Covaxin. No dia 31 de janeiro de 2022, a PF concluiu que Bolsonaro não cometeu o crime. O relatório foi enviado ao STF. Caso foi arquivado.
Inquérito das Fake News: ministro do STF Alexandre de Moraes incluiu o presidente como investigado no inquérito, aberto em março de 2019, que apura a divulgação de fake news. A investigação leva em consideração ataques do presidente ao sistema eleitoral brasileiro e às urnas eletrônicas.
Inquérito sobre vazamento sigiloso: ministro Alexandre de Moraes abriu inquérito para investigar Bolsonaro pela divulgação de um documento da PF que apurou suposto ataque ao sistema interno do TSE em 2018. Moraes considerou que os dados não poderiam ter sido divulgados sem autorização da Justiça.
Inquérito Fake News sobre vacinas: ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da CPI da Covid, e abriu um inquérito para investigar a divulgação, por Bolsonaro, de uma notícia falsa que relacionava as vacinas contra a Covid a um suposto risco aumentado de desenvolver Aids. A investigação foi aberta para apurar relação entre a divulgação da notícia e a atuação de uma suposta organização criminosa.
2022: Bolsonaro se filiou ao PL, e partido lançou a pré-candidatura do presidente à reeleição./G1
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