A preocupação com o impacto do barulho de fogos de artifício em pessoas com autismo e animais foi trazida à tona pela mãe de uma criança autista em Teixeira de Freitas.
A teixeirense de iniciais C.O.B procurou a imprensa regional para relatar a angústia vivida por sua filha de apenas 3 anos, que é portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), durante o evento político de um pré-candidato a prefeito da cidade que aconteceu no último domingo, 9 de junho, no bairro Tancredo Neves.
A mãe descreveu a reação extrema da filha ao barulho dos fogos de artifício, destacando que a criança chegou a urinar nas roupas devido ao medo.
É importante destacar que muitas pessoas com TEA possuem hipersensibilidade auditiva. Portadores dessa disfunção sensorial percebem os sons de forma mais aguçada, fazendo com que sejam intoleráveis. Em alguns casos, estímulos auditivos considerados “normais”, estímulos imprevisíveis (como o som de uma buzina) ou, até mesmo, estímulos inaudíveis, podem gerar sofrimento, angústia, aversão e dor física.
Além de relatar o sofrimento de sua filha, a moradora do Tancredo Neves também lembrou que os animais igualmente sofrem com o barulho intenso. Ela pede que pré-candidatos e agentes políticos repensem o uso de fogos de artifício durante eventos e campanhas.
Legislação e Conscientização
A questão do uso de fogos de artifício em eventos públicos e campanhas eleitorais não é nova. Em 2020, o Projeto de Lei 4859/20, proposto pelo deputado Deuzinho Filho (Republicanos-CE), buscava proibir o uso de fogos de artifício e rojões com efeito sonoro durante as campanhas eleitorais e enquanto durasse a pandemia de Covid-19. Este projeto está atualmente em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, com a última movimentação registrada em janeiro deste ano.
Recentemente, em dezembro de 2023, os municípios de Farroupilha e Caxias do Sul aprovaram leis proibindo o uso de fogos de artifício sonoros. Em uma medida similar, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou por unanimidade o Projeto de Lei 1.350/2023, em abril deste ano, que veda a queima, soltura, comercialização, armazenamento e transporte de fogos de artifício de estampido em todo o estado.
Impacto nos Autistas e Animais
O uso de fogos de artifício pode ter efeitos devastadores em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com especialistas, os sons altos e repentinos podem desencadear reações de pânico e desconforto extremo, como ocorreu com a filha de C.O.B. Animais de estimação também são gravemente afetados, frequentemente ficando desorientados e estressados com o barulho.
A situação relatada por C.O.B ressalta a necessidade urgente de maior sensibilidade e consideração por parte dos organizadores de eventos políticos e da comunidade em geral.
O apelo da mãe é um chamado à ação para que as autoridades e a sociedade busquem alternativas mais seguras e inclusivas para celebrações e eventos. A conscientização e a legislação adequada podem fazer uma diferença significativa na vida de muitas famílias e seus entes queridos, tanto humanos quanto animais./ Por: Sulbahianews
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