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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O Carnaval está aí! Proteja-se do HPV



Umas das datas mais esperadas pelos brasileiros – e pelos estrangeiros – está próxima. As marchinhas do Carnaval já começam a ecoar nas esquinas do país. E quem pretende cair na folia não pode deixar de fora os confetes, a serpentina e, claro, a camisinha. Afinal, diversão também requer responsabilidade. O preservativo é a garantia de que a alegria continue depois do feriado. Além de método contraceptivo, é a melhor maneira de se manter livre das doenças sexualmente transmissíveis.

Estudos recentes têm mostrado uma forte ligação entre a infecção genital pelo papiloma vírus humano (HPV) e o câncer de colo uterino. O HPV está presente em mais de 99% das células destes tumores. Existem mais de 200 tipos de HPV e estes podem ser classificados segundo o risco para o desenvolvimento deste câncer. Aproximadamente 15 tipos de HPV são considerados de alto risco e estão relacionados com o câncer de colo uterino, dentre estes, os mais importantes são o HPV 16 e o HPV 18, encontrados em 70% dos casos.

Mas, o que é realmente importante saber sobre o HPV? O vírus sempre resulta em um câncer? Para tirar essas e outras dúvidas, entrevistamos o médico oncologista Ellias Magalhães e Abreu Lima, daOncomed BH, que esclareceu as principais dúvidas sobre o assunto.

1- O que é o HPV?

R.: O HPV, Papiloma vírus humano, é uma família de mais de 150 tipos vírus que infectam exclusivamente a pele e mucosas dos seres humanos. Aproximadamente metade das pessoas com vida sexual ativa se infectará por um ou mais subtipos de HPV durante a vida e por isso ele é considerado a infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo. Pesquisas recentes mostram que 40% das mulheres são portadoras do vírus no trato genital, ao passo que outros 16% o têm alojado na orofaringe (garganta). O vírus é responsável pelo desenvolvimento de diversas patologias como a verruga vulgar, a verruga plana, o condiloma acuminado (verrugas genitais) e o câncer de colo uterino, canal anal, vulva, vagina, pênis e orofaringe. A maioria dos subtipos de HPV não apresenta potencial para levar ao câncer. Os subtipos mais encontrados nas doenças malignas são 16 e 18.

2- Quais os tipos de exame podem detectar o HPV?

R.: O diagnóstico de infecção pelo HPV é feito através da pesquisa do DNA / RNA do vírus na amostra do tecido da mucosa genital, anal, oral ou outro local suspeito. Não é possível identificar a presença do vírus através de exames de sangue. Isso ocorre porque normalmente a infecção pelo HPV se restringe às camadas mais superficiais do epitélio (tecido de revestimento).

3- A infecção pelo HPV nem sempre resulta em câncer. Nesses casos, o HPV pode causar outro tipo de doença, pode causar infertilidade? Por quê?

R.: Os HPVs são divididos em oncogênicos, aqueles que têm a capacidade de desenvolver câncer, e os não oncogênicos, não relacionados ao desenvolvimento de tumores. Alguns subtipos não oncogênicos têm predileção pela pele, neste caso levando ao aparecimento de verrugas comuns, planas e plantares (nas plantas dos pés). Outros subtipos têm tropismo pela pele e mucosas da região anogenital. Os sítios mais comuns de infecção são o pênis, o escroto, a região perianal, o canal anal, a vulva, o introito vaginal e o colo uterino. Levam ao aparecimento das verrugas genitais (condiloma acuminado). O HPV pode infectar a cavidade oral, levando ao aparecimento de lesões potencialmente malignas.

O HPV não é responsável direto por infertilidade na mulher. Entretanto, HPVs oncogênicos podem levar ao aparecimento de câncer e o tratamento da doença, muitas vezes envolvendo cirurgia (retirada de útero e ovários), radioterapia e quimioterapia pode levar à esterilidade feminina.

4- O que a mulher pode fazer para evitar a contaminação?

R.: A principal forma de transmissão do HPV é o intercurso sexual, seja ele genital, anal ou oral. Assim sendo, a maneira mais eficaz de se evitar a infecção pelo HPV é a abstenção do contato sexual com outra pessoa. Para aqueles com vida sexual ativa, uma relação monogâmica duradoura com parceiro não infectado é a estratégia mais provável de prevenir o contágio. O problema é que, por tratar-se de infecção assintomática, é difícil determinar se o parceiro que teve vida sexual ativa no passado está ou não infectado pelo HPV. Pesquisas mostram que o uso correto e consistente de preservativos pode diminuir as chances de contaminação.

5 - Além do sexo, há outras formas de transmissão do HPV?

R.: A forma mais comum de contágio do HPV é o contato íntimo pele / pele, no caso das verrugas da pele, e o intercurso sexual (genital, anal ou oral), no caso das cepas anogenitais. Beijar ou tocar a genitália do parceiro com a boca também pode transmitir a infecção. 16% da população possui o vírus alojado na garganta. O HPV não é transmitido pelo sangue.

6 - Quais os sintomas do HPV?

R.: Lesões do HPV no colo uterino raramente determinam sintomas. Na maioria das vezes são descobertas ocasionalmente através do exame preventivo de papanicolau. Verrugas genitais podem causar prurido, sensação de queimação e eventualmente levar a sangramentos durante o ato sexual. Elas são associadas a depressão, disfunção sexual, sentimento de culpa, vergonha, medo da rejeição pelo parceiro e perda da sexualidade.

7- Como é feito o tratamento do HPV?

R.: Diferentemente das bactérias, vírus não são destruídos por antibióticos. Atualmente não existem medicamentos capazes de eliminar a infecção pelo HPV. O tratamento dependerá do tipo de lesão e, no caso do câncer, da extensão da doença.

Tentar remover as verrugas genitais manualmente nem sempre elimina o HPV e as lesões podem reaparecer. Tratamentos com agentes químicos podem ser dolorosos, deixar cicatrizes e causar embaraço. Podofilina e ácido tricloroacético são capazes de destruir as verrugas genitais externas, embora várias aplicações possam ser necessárias. Dependendo do tamanho, localização e quantidade das lesões outras opções terapêuticas podem ser necessárias. São elas: Crioterapia (lesão por congelamento utilizando-se nitrogênio líquido); eletrocauterização (lesão por corrente elétrica); laser (lesão por calor).

O câncer de colo uterino em seus estágios iniciais é tratado cirurgicamente. Esses procedimentos podem preservar ou não estruturas fundamentais para manter a fertilidade feminina. A medida que o tumor avança, as chances do tratamento levar a infertilidade aumentam. Tumores mais avançados geralmente são tratados utilizando quimiorradioterapia.

8- Para quem cada uma das vacinas anti-HPV (bivalente e quadrivalente) é indicada e quando a mulher pode tomá-la (a partir do início da vida sexual ou a partir de uma certa idade)?

R.: Gardasil®,também chamada de vacina quadrivalente,  é ativa contra quatro subtipos de HPV: 6, 11, 16 e 18. Os dois primeiros são agentes etiológicos das verrugas genitais, enquanto os subtipos 16 e 18 são os principais causadores do câncer de colo uterino e canal anal. A vacina é aplicada em três doses ao longo de seis meses. Usualmente a segunda dose é dada dois meses após a primeira e a terceira dose quatro meses após a segunda. Gardasil está aprovada para a prevenção de câncer de colo uterino e alguns tipos de câncer vulvar, vaginal, do canal anal e verrugas genitais (condilomas). A faixa etária recomendada para a aplicação da vacina é de 9 a 26 anos.

A Cervarix®, também chamada de bivalente, confere proteção para dois subtipos de HPV oncogênicos: as cepas 16 e 18. Está aprovado seu uso em mulheres de 9 a 25 anos para a prevenção de câncer de colo uterino. Sua aplicação também se dá em três doses no decorrer de seis meses.
Se possível, a vacina deve ser aplicada antes do início da vida sexual para conferir imunidade à mulher desde o primeiro intercurso sexual.

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