A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (10) os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT-PR e hoje sem partido), Luiz Argôlo (ex-PP e hoje Solidariedade-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE) e mais quatro pessoas ligadas aos políticos. As prisões fazem parte da 11ª fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, e que está em andamento no Distrito Federal e em seis Estados (São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e no Ceará).
Os outros detidos são Leon Vargas, irmão de André Vargas, Elia Santos da Hora, secretária de Argôlo, Ivan Torres, apontado como laranja de Corrêa, e Ricardo Hofman, diretor de agência de publicidade.
Ao todo, 32 mandados estão sendo cumpridos: 7 de prisão, 9 de condução coercitiva e 16 de busca e apreensão. Intitulada "A Origem", a nova etapa da Lava Jato investiga o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal, e tem como foco crimes relacionados a três grupos de ex-agentes políticos após o envio de inquéritos que estavam no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo despacho do juiz federal Sergio Moro, há indícios de que uma agência de publicidade "que administra as contas de publicidade de entidades públicas federais, como a Caixa Econômica Federal, solicitava às empresas subcontratadas que realizassem pagamentos vultosos, sem contrapartida de serviços, às contas das empresas LSI e Limiar controladas pelo então Deputado Federal André Vargas e seus irmãos". "Os fatos caracterizam, em princípio, crimes de corrupção, com comissões devidas à Borghier Lowe, agência de publicidade contratada por entidades públicas, sendo direcionadas como propinas e sem causa lícita a André Vargas e aos irmãos deste por intermédio do estratagema fraudulento", diz o despacho.
Moro também afirma haver "razoável prova de que André Vargas realizou diversas e intensas intervenções junto ao Ministério da Saúde para a aprovação da parceria" entre a pasta e o laboratório Labogen, do denunciado Leonardo Meirelles. Cassado André Vargas foi o primeiro parlamentar sob suspeita de participação de fraude na estatal a ser cassado pela Câmara, em dezembro. O Conselho de Ética considerou que o ex-petista quebrou o decoro parlamentar por sua ligação com o delator do esquema Alberto Youssef, preso em Curitiba, por intermediar, no Ministério da Saúde, negócios do doleiro.
Youssef é acusado de usar o laboratório Labogen para fazer remessas ilegais de dólares, e ex-deputado Luiz Argôlo é investigado sob a acusação de ter atuado com o grupo. Argôlo sempre negou ter contato com o "pessoal da Labogen" e disse que nunca "abriu portas" para a equipe do laboratório no Ministério da Saúde. Corrêa, condenado no mensalão, é apontado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa por ter recebido R$ 5,3 milhões de uma só vez por meio do esquema de corrupção na estatal. Segundo depoimento de Costa à Lava Jato, houve um "repasse extraordinário" a ele, pois não era comum que um único parlamentar do PP recebesse uma quantia dessa monta do '"caixa" de propinas do PP.
Segundo Costa, o valor foi repassado no primeiro semestre de 2010 e serviria para a campanha eleitoral de Pedro Corrêa naquele ano. Além do valor -que estava marcado como "5,3 Pe" em uma caderneta apreendida pela Polícia Federal, e que Paulo Roberto Costa afirmou tratar-se do montante e do ex- deputado-, o delator afirma que o ex-deputado recebia "parte dos repasses periódicos destinados ao PP e oriundos das propinas pagas nos contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecimento".
Quando o depoimento de Costa veio à tona, o advogado Marcelo Leal de Lima Oliveira, que defendeu o ex-deputado no processo do mensalão, afirmou, que não poderia comentar porque ainda não conversou com Corrêa sobre o caso nem teve acesso à delação, mas que não havia acusações contra seu cliente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário