Os policiais legislativos que faziam a segurança da sessão correram para pegar os bichos, enquanto parlamentares do PT gritavam que o ato era um desrespeito à CPI. O homem foi conduzido pelos seguranças para depor na Polícia Legislativa e, no início da tarde, foi liberado. De acordo com a assessoria de imprensa da Casa, ele foi exonerado do cargo.
Segundo o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, os roedores eram um hamster, dois esquilos-da-Mongólia e dois ratos cinzas sem raça aparente. A pedido , o veterinário Thiago Rodrigo Salvador analisou as imagens e identificou dois hamsters (no vídeo, os animais sem rabo) e três esquilos-da-Mongólia (com rabo). Segundo o especialista, são roedores, mas não podem ser chamados de ratos.
A assessoria da Câmara informou que Márcio Oliveira poderá responder judicialmente por tumulto em ato público, uma contravenção penal. A denúncia poderá ser oferecida após a conclusão das investigações pela Polícia Legislativa. Conforme a assessoria, no depoimento que prestou aos policiais legislativos, Oliveira negou ter soltado os roedores e afirmou estar sendo vítima de um equívoco. Imagens do circuito interno de TV da Câmara dos Deputados serão analisadas para verificar o que ocorreu durante a audiência.
Funcionário da Câmara
O autor do ato (assista ao vídeo ao lado), de acordo com a assessoria da Câmara, era funcionário em cargo de comissão da Segunda-Vice-Presidência da Casa. Segundo a assessoria da Câmara, Oliveira foi admitido no cargo em março deste ano. Entre abril de 2014 e 8 de março de 2015, ele atuava como secretário legislativo do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força. Conforme informações do Portal da Transparência da Câmara, Oliveira ocupava um Cargo de Natureza Especial (CNE) 15, com remuneração de R$ 3.020,85.
No início da sessão, Paulinho afirmou ao G1 que o “povo” faria um ato público na CPI, mas não especificou o que ocorreria. Após a confusão, policiais legislativos passaram a barrar a entrada de pessoas não-credenciadas no plenário. "Nada nos impedirá de dar prosseguimento à CPI. [...] Nós iremos prosseguir com o depoimento do senhor João Vaccari", afirmou o presidente do colegiado, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), depois de os roedores terem sido soltos no plenário.
O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que queria deixar registrado o “descontentamento” com a soltura dos ratos no meio da sessão. “Uma ação encomendada que depõe contra o parlamento. O circo armado mostra o nível em que nos encontramos. Quero deixar registrado aqui o meu descontentamento”, reclamou Luiz Sérgio antes de começar a formular as perguntas ao tesoureiro petista.
Já o deputado petista Jorge Solla (BA) acusou o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) de agir como "comparsa" do homem que soltou ratos no plenário. Segundo ele, no momento em que Waldir reclamava que Vaccari entrou na sala sem escolta policial, os ratos foram soltos. Em meio à sessão, o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) disse que vai pedir à Polícia Legislativa as imagens de segurança da Casa para saber como os ratos foram levados à Câmara. O parlamentar petista afirmou aos integrantes da comissão que quer saber se o homem que soltou os roedores no plenário entrou acompanhado no Legislativo.
"Não podemos de forma alguma permitir que isso passe em branco. [...] Vou fazer um requerimento das imagens das entradas desta Casa nos dias de ontem e de hoje, e as imagens dos corredores, para nós sabermos se a pessoa veio com esta caixa ou se ela foi trazida por alguém em conluio".
Roedores apreendidos
Os cinco roedores soltos no plenário da CPI da Petrobras foram apreendidos e levados para o Departamento de Polícia Legislativa da Casa. O deputado Ricardo Izar (PSD-SP) pediu oficialmente à Câmara para ficar com a guarda dos animais. "Vou levar os ratinhos para o veterinário e eles irão para a minha casa", disse Izar. Segundo Izar, o hamster aparenta ter sido machucado durante a confusão na CPI. Os demais animais, informou o parlamentar, não apresentam ferimentos. "O hamster está um pouco abatido. Não parece estar bem. Vamos analisar medidas para adotar, já que maus-tratos aos animais é crime", ressaltou o deputado do PSD.
De acordo com a Associação Brasileira de Criadores e Comerciantes de Animais Silvestres e Exóticos (Abrase), o esquilo-da-Mongólia é um animal exótico comercializado no Brasil há pelo menos 30 anos. Considerado doméstico, somente criadouros e lojas especializadas em pets têm autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) para vender exemplares.
Em estabelecimentos de São Paulo, cada bicho dessa espécie é oferecido a R$ 22. No Distrito Federal, os esquilos-da-Mongólia são vendidos a R$ 30. Em média, um exemplar vive de 4 a 5 anos. Após a confusão, um dos seguranças da Câmara levou dois dos roedores capturados no plenário da CPI para o lado de fora do prédio do Legislativo (assista ao vídeo ao lado). No percurso, o policial legislativo foi seguido por jornalistas que tentavam registrar imagens dos animais./G1
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