(ANSA) - O ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), está fora da articulação política do governo. A presidente Dilma Rousseff decidiu nesta terça-feira, 7, que a estrutura da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) será incorporada à da Vice-Presidência da República.
Na prática, a medida faz com que o vice Michel Temer (PMDB) seja o novo articulador político do governo. A decisão ocorre depois do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, recusar convite de Dilma para assumir a SRI.
A presidente conversou com Pepe no Palácio do Planalto, lamentou o vazamento da notícia sobre o convite para que Padilha assumisse a articulação política e disse que precisava do cargo para contemplar o PMDB. Dilma ainda afirmou a Pepe que não estava agindo sob pressão dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nem do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Essa conta é nossa. Não é sua", declarou a presidente, na conversa com Pepe.
"O presidente Temer é nosso presidente nacional, foi três vezes presidente da Câmara dos Deputados, tem bastante bagagem para fazer esse entendimento [com a base aliada]. Com respeito ao ministro Pepe Vargas, Dilma deu uma avançada nessa questão ao levar o vice para acumular a função de coordenador político", comentou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. (ANSA)
Dilma esteve reunida nesta tarde com presidentes e líderes de partidos da base aliada no Congresso Nacional. Em nota oficial, Dilma agradece "o empenho, a lealdade e a competência" do ex-ministro. Vargas assumiu o cargo no início do ano, no segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff.
Na última segunda-feira (6), Temer, que também é presidente nacional do PMDB, reuniu-se com correligionários para conversar sobre a então possível mudança ministerial. Foi cogitado que o ministro de Aviação Civil, Eliseu Padilha, ocupasse a pasta.
Secretaria de Relações Institucionais é responsável pelas relações da Presidência da República com o Congresso Nacional, a sociedade e os partidos políticos, além da interlocução com estados e municípios e o Distrito Federal.
Após o anúncio oficial, o chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante, explicou que todas as funções da Secretaria de Relações Institucionais serão assumidas por Temer. Além da articulação política com os parlamentares, a secretaria é responsável pela relação do governo federal com as prefeituras.
De acordo com Mercadante, a mudança foi “fortemente apoiada por todos os partidos” da base. “Essa solução política, em um momento com tantos desafios, ajuda a melhorar as relações com o Congresso, entre os Poderes e entre base aliada.”
Ao falar com a imprensa, o chefe da Casa Civil enfatizou que Temer é um “homem público de larga experiência”, ressaltando sua biografia como constituinte, presidente da Câmara dos Deputados por mais de uma vez e presidente do PMDB.
“É a liderança que melhor reúne condições de fazer esse trabalho”, afirmou o ministro. Para ele, Temer tem perfil para conduzir a articulação política e “agregar a base aliada”. Sobre a possibilidade de essa “solução” ser considerada satisfatória por todas as diferentes alas do partido, Mercadante disse que a tarefa “é mais complexa” e “não diz respeito a um partido”. “Exige diálogo, construção com todos partidos da base, inclusive com oposição. Função que exige diálogo com todos.”
Mercadante destacou que todos as lideranças reconheceram a “dedicação, empenho, ética e comportamento” do ministro Pepe Vargas à frente da pasta. De acordo com o chefe da Casa Civil, a “seriedade e a ética” de Pepe não estão sendo discutidas neste momento de troca, e sim uma “melhor interlocução com todos os Poderes”.
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