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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Médico mantém criatório da maior cobra venenosa da América no sul baiano

Um criatório particular da cobra surucucu, a maio venenosa das Américas, é mantido em um sítio de Serra Grande, cidade vizinha a Ilhéus, no sul baiano. A cobra pode chegar a até 4,5 metros de comprimento.  Ao todo, o criatório tem 34 cobras.

O médico mineiro Rodrigo de Souza é o dono do sítio. Quando chega, ele prefere ficar em uma barraca. "Eu acredito nesse tipo de sistema porque a interação com a floresta é muito grande. Com animais peçonhentos em geral, dentro da barraca fica bastante protegido. Fora isso, é risco", explicou Souza ao Globo Rural.

Souza se interessa por animais peçonhentos desde a infância. Ele se mudou para a região para atuar como médico, e acabou se envolvendo com as cobras. "Um policia militar bateu na minha casa de madrugada e pediu que eu removesse uma cobra. Ele achou que eu iria ‘amarelar’. Mas, eu fiz uma remoção e virou referência", lembra.

A partir daí, o médico passou a resgatar várias cobras. Uma ele soltou na natureza, e as outras manteve no criatório. Em 2003, o médico entrou com pedido de autorização para a criação junto ao Ibama, que ainda não respondeu em definitivo. "Ela tem autorização prévia de instalação. Agora, foi feita a vistoria. A próxima etapa é a autorização de manejo, que é a final. Isso vai nos permitir reproduzir e comercializar o veneno de maneira que torne sustentável o criadouro, que cumpra sua utilidade", conta o zootecnista Fábio Hosken, que é responsável técnico pelas cobras.

A demora na autorização é pelo caso pouco usual. O Ibama afirma que precisava determinar a origem das cobras. "Muitos foram entregues pela Polícia Militar oriundos da Polícia Civil, por ocorrência da população. Ao longo do tempo, esses animais se reproduziram em cativeiro. Então, havia uma dificuldade no cumprimento da legislação para demonstrar que esses animais têm uma origem legal", diz o superintendente Célio Pinto.

Uma fêmea e um macho de surucucu cruzaram em 2007, embora a reprodução fosse proibida, o que o médico não sabia. "Quando você tiver a autorização de manejo, que é o licenciamento final, não há nenhuma objeção pra reprodução. Mas, até que o trâmite seja completado, não é possível, não é permitido que se reproduza. A gente ficou sabendo disso em 2011. A partir daí, temos tomado cuidado", garante Souza.



O médico desembolsa os custos com o criatório. A única atividade até agora foi a doação de dois gramas de veneno de surucucu para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), um dos produtores de soro antiofídico no Brasil. O soro é produzido em uma fazenda em Betim. O veneno da cobra é injetado nos cavalos. O organismo vai reagir e parte do sangue, plasma, contendo os anticorpos, é retirada e usada na produção do soro.

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