Os familiares dos mortos no acidente em que um ônibus com estudantes capotou na Rodovia Mogi-Bertioga na noite desta quarta-feira (8) fazem peregrinação em hospitais em busca de informação e lamentam suas perdas quando as vítimas são confirmadas. A lista com o nome dos 18 mortos ainda não foi divulgada.
Gabriela Silva Oliveira dos Santos
O pai de uma das vítimas do acidente disse, ao sair do IML, que a filha está irreconhecível e criticou o motorista do veículo, que também morreu.
O pai de uma das vítimas do acidente disse, ao sair do IML, que a filha está irreconhecível e criticou o motorista do veículo, que também morreu.
“Está feio demais, não dá para reconhecer ninguém. Eu não sei como ele [motorista] fez uma coisa daquela, parece que estava carregando cavalo”, reclamou o ambulante Marcos Oliveira dos Santos, pai da estudante Gabriela Silva Oliveira dos Santos, de 22 anos.
O comerciante culpou a imprudência do motorista como causa da morte dos estudantes. “Ouvi falar que motorista estava cortando todos os ônibus. Como ele anda daquele jeito?”, questiona o pai.
Janaína Oliveira
O estudante de engenharia Fabio Gomes Costa namorava uma das vítimas do acidente. Ele e a paranaense Janaína Oliveira, que estudava farmácia na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) se conheceram no fretado e estavam juntos há um ano e seis meses.
O estudante de engenharia Fabio Gomes Costa namorava uma das vítimas do acidente. Ele e a paranaense Janaína Oliveira, que estudava farmácia na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) se conheceram no fretado e estavam juntos há um ano e seis meses.
Fabio não foi à aula na última quarta-feira, mas conversou por telefone com Janaína pouco antes dela entrar no ônibus. “Ela saiu contente da prova e me ligou na hora que chegou no ônibus para falar que foi bem e combinar o que faríamos no domingo, que é dia dos namorados”, contou. Janaína faria 21 anos no próximo dia 28.
Um dia antes do acidente, porém, Fabio disse que utilizou o fretado em que o mesmo motorista estava. “Ele era muito estressado e falava que o horário limite para sair era 22h05 e, na verdade é 22h10 e corria muito. Geralmente chego em casa meia noite, com ele anteontem cheguei às 23h35”, revelou.
"Infelizmente a nossa flor morreu. Foi uma tragédia. Ela tinha 20 anos, cursando o último ano de faculdade. É muito dificil falar algo nessas horas", disse a tia de uma estudante de Farmácia, que morreu no acidente. Um parente contou que ela não pegava o ônibus todos os dias. Os pais montaram um apartamento para a estudante em Mogi, porque o trajeto era muito cansativo.
Daniel de Oliveira Damázio
O pai do estudante morto Daniel de Oliveira Damázio, de 25 anos, era passageiro do ônibus atrás do que o filho estava. O jovem cursava sistema da informação em Mogi e os dois viajavam juntos para faculdade.
O pai do estudante morto Daniel de Oliveira Damázio, de 25 anos, era passageiro do ônibus atrás do que o filho estava. O jovem cursava sistema da informação em Mogi e os dois viajavam juntos para faculdade.
“Eu também faço faculdade, mas eu estava no ônibus de trás. Não vi o ônibus, mas percebi que era um acidente grave. Uma pessoa falou que viu ele com o braço machucado, então fui no hospital de Bertioga. Eu cheguei a ver o corpo, mas não tinha certeza porque não vi a roupa que ele estava”, contou Zenildo de Oliveira Damázio.
Rita de Cassia
Os pais da estudante Rita de Cássia, de 19 anos, também estiveram no IML de Guarujá. A jovem morava com a família na Barra do Una, em São Sebastião e receberia em breve a primeira habilitação.
“Ela estava feliz porque neste mês iria receber a habilitação [para motorista]. Eu, como pai, daria um carro de presente, mas Deus não quis que se realizasse”, lamentou o pai da jovem, Otacílio Pereira Filho, que trabalha como caseiro no litoral Norte.
Ele afirma que a rotina da filha se resumia em faculdade e estudos e que será difícil olhar para o futuro sem a menina em casa. “Eu agora não vou mais viver, vou vegetar. Era filha única e amada. Muito amada”, reforça.
Rita de Cassia
Os pais da estudante Rita de Cássia, de 19 anos, também estiveram no IML de Guarujá. A jovem morava com a família na Barra do Una, em São Sebastião e receberia em breve a primeira habilitação.
“Ela estava feliz porque neste mês iria receber a habilitação [para motorista]. Eu, como pai, daria um carro de presente, mas Deus não quis que se realizasse”, lamentou o pai da jovem, Otacílio Pereira Filho, que trabalha como caseiro no litoral Norte.
Ele afirma que a rotina da filha se resumia em faculdade e estudos e que será difícil olhar para o futuro sem a menina em casa. “Eu agora não vou mais viver, vou vegetar. Era filha única e amada. Muito amada”, reforça.
Natália Rodrigues
Maria Rodrigues ainda não teve sorte. Depois de percorrer hospitais de Bertioga e do Guarujá, ela esteve na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Maria procura a sobrinha, Natália Rodrigues, que era uma das passageiras do ônibus.
Maria Rodrigues ainda não teve sorte. Depois de percorrer hospitais de Bertioga e do Guarujá, ela esteve na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Maria procura a sobrinha, Natália Rodrigues, que era uma das passageiras do ônibus.
A família é de Barra do Una, em São Sebastião. Segundo a tia, Natália pegava o ônibus todos os dias para voltar para casa.
“A gente passou a noite procurando. Já fomos para Bertioga e Guarujá e resolvemos vir até aqui em busca de informações. Mas até agora, nada.”
Damião José Braz
Já Francisco José Braz foi até o Instituto Médico Legal (IML) de Guarujá para liberar o corpo irmão Damião José Braz, que morreu no acidente. Ele morava em Barra do Una, em Juquehy, e estudava Engenharia Civil em Mogi das Cruzes. Segundo o irmão, Damião pegava o ônibus todos os dias para ir a faculdade.
"Ele dirigia. Ele já foi daqui para o Ceará duas vezes de carro e nunca aconteceu nada. Foi acontecer praticamente em casa essa tragédia. É terrível. Ele tem um filho de 13 anos. Minha mãe mora no Norte e está vindo para cá", disse ele.
Já Francisco José Braz foi até o Instituto Médico Legal (IML) de Guarujá para liberar o corpo irmão Damião José Braz, que morreu no acidente. Ele morava em Barra do Una, em Juquehy, e estudava Engenharia Civil em Mogi das Cruzes. Segundo o irmão, Damião pegava o ônibus todos os dias para ir a faculdade.
"Ele dirigia. Ele já foi daqui para o Ceará duas vezes de carro e nunca aconteceu nada. Foi acontecer praticamente em casa essa tragédia. É terrível. Ele tem um filho de 13 anos. Minha mãe mora no Norte e está vindo para cá", disse ele.
Além do corpo de Damião, outros 14 corpos foram encaminhados para o IML de Guarujá. Quatro pessoas continuam internadas no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, e cinco no Hospital Municipal de Bertioga. Outros feridos foram encaminhados para hospitais de Mogi das Cruzes e Boiçucanga.
Identificação das vítimas
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, 15 pessoas, incluindo o motorista, morreram no local do acidente, uma no Pronto Socorro de Bertioga e, duas no Hospital Santo Amaro.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, 15 pessoas, incluindo o motorista, morreram no local do acidente, uma no Pronto Socorro de Bertioga e, duas no Hospital Santo Amaro.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que a Superintendência da Polícia Técnico Científica enviou uma força-tarefa ao IML. "Já estão a caminho 3 médicos legistas, 2 fotógrafos e 3 assistentes de necropsia de São Paulo. Outros reforços sairão do núcleo de Santos. Médicos legistas do Guarujá que estavam de folga voltarão ao trabalho. A intenção é agilizar o trabalho de identificação das vítimas para amenizar o sofrimento de parentes", informou em nota.
Além das vítimas fatais, outras 28 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para diferentes hospitais da região da Baixada Santista e de Mogi das Cruzes.
'Alívio'
O pai de um dos estudantes que estava dentro do ônibus chegou a ser avisado que o filho havia morrido em decorrência do acidentemas, ao chegar no hospital, encontrou o jovem de 21 anos vivo, apenas com ferimentos leves.
O pai de um dos estudantes que estava dentro do ônibus chegou a ser avisado que o filho havia morrido em decorrência do acidentemas, ao chegar no hospital, encontrou o jovem de 21 anos vivo, apenas com ferimentos leves.
"Foi desesperador. As informações estavam desencontradas. Um bombeiro disse o nome do meu filho, eu respondi que era familiar e ele me informou que meu filho tinha acabado de entrar óbito no Hospital Santo Amaro. Quando cheguei ao hospital, um tio dele estava lá e me disse que ele tinha sofrido apenas alguns ferimentos", disse Edemir Pedralli, pai de Erick.
Depois de uma noite angustiante, outro pai conseguiu encontrar o filho, Dênis Koch, de 17 anos, por meio de um dos passageiros do ônibus que socorreu o jovem e conhecia a família. Ademir Koch contou que o filho está no primeiro semestre de Sistema da Computação na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).
O pai diz que ficou sabendo do acidente e foi até o local onde o ônibus capotou. Mas, por conta da barreira, não conseguiu chegar ao local. Ele deu a volta por São Paulo para tentar chegar até o ônibus capotado.
Somente na madrugada desta quarta-feira, ele soube do paradeiro do filho. “Um professor de uma academia que estuda em Mogi e é de São Sebastião socorreu o meu filho e nos avisou que ele estava bem e aqui na Santa Casa. Foi uma noite terrível, ficamos sem dormir. Mas graças a Deus, ele está bem e consciente. Já conversamos, mas ele está abalado pela perda dos amigos.”
O acidente
O veículo levava estudantes de três unidades de ensino da cidade de Mogi das Cruzes para o município de São Sebastião. Antes do acidente, o ônibus seguia em comboio com outros três veículos quando, no km 84, o motorista perdeu o controle ao bater em um rochedo na pista contrária, capotou e caiu em um barranco.
O veículo levava estudantes de três unidades de ensino da cidade de Mogi das Cruzes para o município de São Sebastião. Antes do acidente, o ônibus seguia em comboio com outros três veículos quando, no km 84, o motorista perdeu o controle ao bater em um rochedo na pista contrária, capotou e caiu em um barranco.
De acordo com o delegado Fábio Pierri, não chovia e não havia neblina no momento do acidente, mas a pista poderia estar escorregadia.
A rodovia ficou totalmente interditada, e todas as vítimas com vida foram resgatadas e levadas a hospitais próximos. Um guincho removeu o veículo do local no início da manhã e a pista acabou sendo totalmente liberada por volta das 6h55.
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do litoral de São Paulo, e também de municípios próximos da região, foram deslocadas para prestar atendimento às vítimas.
Os feridos foram levados para o Hospital Municipal de Bertioga, para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá, e para o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, que fica em Mogi das Cruzes.
Colisão
Horas após o acidente com o ônibus, um caminhão colidiu contra um guincho da DER e também contra um caminhão do Corpo de Bombeiros. Estes veículos estavam no trecho para ajudar a bloquear a via. As causas deste acidente são desconhecidas. Ninguém ficou ferido.
Horas após o acidente com o ônibus, um caminhão colidiu contra um guincho da DER e também contra um caminhão do Corpo de Bombeiros. Estes veículos estavam no trecho para ajudar a bloquear a via. As causas deste acidente são desconhecidas. Ninguém ficou ferido.
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