O advogado do empresário
Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud, Antonio Carlos de Almeida Castro,
o Kakay, confirmou neste domingo (10) que o dono e o diretor da JBS vão passar
a noite deste domingo (10) na superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
Segundo o defensor, os dois
serão transferidos para Brasília nesta segunda-feira (11). Joesley e Saud se
entregaram na tarde deste domingo, após terem prisão decretada pelo ministro
Edson Fachin na sexta (8). O pedido havia sido feito pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, em razão da violação do acordo de colaboração
premiada e omissão de informações.
Joesley e Saud chegaram
acompanhados de seus advogados na sede da PF por volta das 13h. Cerca de 2
horas depois os defensores deixaram o prédio. A expectativa é de que Joesley e
Saud façam exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) de
Brasília.
Em nota, Joesley Batista e
Ricardo Saud afirmam que não mentiram nem omitiram informações no processo que
levou ao acordo de colaboração premiada e que estão cumprindo o acordo.
Decisão do Supremo
Os executivos foram para trás
das grades após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson
Fachin. Em sua decisão,o magistrado diz haver “indícios suficientes” de que os
delatores omitiram informações no acordo delação premiada firmado com a PGR em
maio. Segundo Fachin, a entrega de informações, uma contrapartida da delação
premiada, foi feita de forma "parcial e seletiva".
O ministro suspendeu todos os
benefícios concedidos ao delatores que, assim, perdem momentaneamente a
imunidade penal que tinham conquistado junto à PGR.
Joesley e Saud cumprem prisão
temporária, com prazo inicial de cinco dias, o que poderá posteriormente ser
estendido por igual período, ou convertida em prisão preventiva, quando não há
prazo para acabar.
Entenda o caso
O empresário Joesley Batista,
um dos acionistas do frigorífico JBS e um dos maiores doadores de campanhas
eleitorais no Brasil, fechou acordo de delação premiada com a PGR em maio,
quando entregou aos investigadores da força-tarefa da Lava Jato o áudio de uma
conversa entre ele e o presidente Michel Temer.
Em troca das informações,
Joesley e outros executivos da J&F receberam o benefício da imunidade penal
(não seriam presos).
Mas para o acordo continuar
valendo, os delatores se comprometeram a entregar novos documentos que
comprovassem as acusações feitas — entre elas, a de que a J&F teria feito
doações a mais de 1.800 políticos.
Nos documentos entregues em
31 de agosto, havia um áudio, gravado em 17 de março deste ano, em que Saud e
Joesley conversam sobre o ex-procurador da República Marcelo Miller, que na
data ainda trabalhava no Ministério Público Federal — após se desligar do MPF,
em abril, ele foi contratado pelo escritório de advocacia que cuidou do acordo
de leniência da J&F (delação premiada das empresas).
Com a suspeita de que Miller
teria aconselhado os executivos em meio às negociações de delação premiada,
Janot anunciou na segunda-feira (4) a revisão dos acordos de Joesley, Saud e
também do advogado Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da J&F. Na
quinta e na sexta-feira, os três executivos prestaram esclarecimentos à PGR,
além do ex-procurador Miller.
No sábado (9), a defesa dos
delatores solicitou audiência com o ministro Fachin, antes de o magistrado
decidir sobre a prisão, e colocou os passaportes dos executivos à disposição da
Justiça, num esforço para demonstrar que os acusados não iriam fugir do País. O
encontro com o ministro do STF acabou não acontecendo./R7
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