Conta a história que em 1925
o mineiro Simplício Binas criou a Vila
de Água Preta. Cinco anos depois a vila se tornou distrito, com a denominação
de Nossa Senhora de Itanhém. Só em 1958 o município foi emancipado político e
administrativamente de Alcobaça. Mas, tudo indica que, faltando menos de um ano
e nove meses para o encerramento do seu mandato é visível o projeto da prefeita
Zulma Pinheiro (MDB) para retornar Itanhém novamente à condição de vila.
Seguindo a cartilha do pai,
Manoel Batista dos Santos, o Neco, Zulma Pinheiro colocou as principais
secretarias nas mãos dos irmãos. O ex-deputado Álvaro Pinheiro é o secretário
da Educação e quem, na prática, coordena os atos e ações da irmã prefeita. O
fazendeiro Newton Pinheiro chefia as secretarias da Administração e Finanças e
da Infraestrutura. Fala-se ainda que outro irmão de Zulma Pinheiro, que não
mora na cidade, é quem dita as cartas em duas outras importantes secretarias
municipais.
Neco administrou o município
por dois mandatos, no período de 1989 a 1992 e de 2001 a 2004. O que se vê hoje
é o retrato fidedigno da última gestão de Neco, quando Zulma Pinheiro, além de
vice-prefeita, era a secretária da Saúde. Nesse ocasião, Newton Pinheiro
presidiu com mãos de ferro a Câmara de Vereadores durante quatro anos, tendo
alterado o regimento interno para continuar na presidência por dois mandatos e,
como nos dias atuais, Álvaro Pinheiro era o manda chuva, com a pequena
diferença de que, naquela época, era controlado por Neco Batista, infinitamente
mais rigoroso administrativamente do que Zulma Pinheiro.
Enquanto os irmãos mandam e
desmandam nas secretarias municipais, outras pastam importantes para o
desenvolvimento econômico e para a geração de emprego e renda, como a da
Agricultura, por exemplo, nem se ouve falar se elas, de fato, existem. O médico
e ex-prefeito Oséas Moreira Lisboa – que é pai do vice-prefeito, o advogado
André Lisboa -, desde o início do mandato de Zulma Pinheiro está por lá
‘tampando o sol com a peneira’, fingindo que está prestando serviço à
comunidade agrícola.
O comércio itanheense que
estava resistindo à crise que atingiu o país com maior intensidade no biênio de
2015 a 2016, ficou cambaleante na administração de Zulma Pinheiro e está
prestes a deitar-se de vez por falta de investimentos. A prefeitura pouco
compra nos estabelecimentos da cidade. Como o dinheiro não gira, somente na
cidade de Itanhém, entre grandes e pequenos, quase três dezenas de
estabelecimentos comerciais já fecharam suas portas desde quando a prefeita
Zulma Pinheiro e seus irmãos assumiram os destinos de Itanhém.
Um supermercado que fica no
distrito de Ibirajá está sendo investigado pelo Ministério Público. A denúncia
foi formulada pelo vereador André Correia (PHS), que suspeita que a empresa em
nome de Lourival Lopes de Souza, na verdade, pertença a Cristiano Alves dos
Santos, que é cunhado do irmão da prefeita, o qual, inclusive, chegou a ser
nomeado chefe da Divisão de Tributação, Fiscalização e Arrecadação, ligado à
secretaria da Administração e Finanças, que Newton Pinheiro é o comandante.
O desemprego cresceu
assustadoramente na nova gestão, o esporte praticamente inexiste, o vergonhoso
transporte escolar é sempre manchete nos sites, jornais e redes sociais e a
triste situação da saúde, com irregularidade na distribuição de remédios e na
presença de dentistas e médicos nos postos e no Hospital Maria Moreira Lisboa,
chega a causar medo à população, especialmente à parcela mais carente.
Apesar do município de
Itanhém ocupar a terceira posição na Bahia em criação de gado, não se ouviu
dizer que a prefeita Zulma Pinheiro levantou uma palha para que o escritório da
ADAB (Agência de Defesa Agropecuária da Bahia), fechado pelo governo do estado,
continuasse funcionando no município. Os produtores são obrigados a se
contentarem com o atendimento de uma funcionária que se desloca diariamente da
cidade de Teixeira de Freitas, isso quando nada a impede de chegar a Itanhém.
Volta e meia causa
preocupação a situação das estradas e das pontes que, além do transporte de
pessoas e estudantes, servem também para escoar gado de corte e produtos
agrícolas. Até uma quantidade menor de chuva é capaz de criar atoleiros e
interditar grande parte das estradas. Já foram registrados nesta administração
vários acidentes com caminhões que caíram dentro dos rios, depois de parte das
pontes se despencarem. Fazendeiros e pequenos produtores, sem alternativa,
alugaram máquinas para reconstruírem estradas que foram abandonadas pela
prefeita Zulma Pinheiro.
Um olhar ligeiro pela cidade,
vilas e distritos qualquer pessoa tem a sensação de que tudo foi abandonado. A
histórica Praça da Liberdade, embora o prefeito anterior tenha deixado dinheiro
em conta e todo o projeto de reestruturação daquele logradouro pronto, Zulma
Pinheiro, por pura picuinha política, não deu continuidade à obra idealizada
por Milton Ferreira Guimarães, o Bentivi que, por sinal, pelas suas ações
administrativas e pelas grandes obras que deixou nos quatro cantos do
município, durante oito anos seguidos de mandato, é considerado um dos maiores
gestores da história política de Itanhém.
Na cidade, nas vilas e nos
distritos também facilmente se encontra ruas às escuras por falta de reposição
de lâmpadas e esgotos à céu aberto, matos e lixos espalhados por ruas, praças e
avenidas.
Até que se pode dizer que
surgiu uma esperança na população para dificultar a transformação de Itanhém
numa vila, quando cinco dos nove vereadores se uniram, no dia 20 de junho de
2017, para fazer oposição à prefeita: André Correia (PHS), Audrey Correia (PR),
Whindson Mendes, o Nem Mendes (PP), Marcos Vilas Boas, o Marquinhos (PSB) e
Deilton Porto, o Caboquinho (DEM). Bom de oratória, coube a Audrey dá nome ao
grupo, que se chamou bloco parlamentar.
A esperança, entretanto,
acabou no dia 3 de maio de 2018, quando André Correia, durante sessão ordinária
do Legislativo, anunciou a morte da oposição, desejando boa sorte a quem, do
bloco parlamentar, traiu o grupo.
Atualmente, André Correia
continua na briga diária em defesa dos interesses maiores da população. Os
demais vereadores são aliados ou aliados por circunstâncias, com exceção de
Marquinhos que, não tendo encontrando oportunidade de fazer aliança com Zulma
Pinheiro, vive destilando seu veneno nos microfones da Câmara Municipal.
Entrada principal da cidade de Itanhém, ano de 1969. FOTOS: Arquivos de Airam Ribeiro
Enquanto isso, desacreditada,
muita gente têm buscado meios de sobrevivência em outras cidades brasileiras e
estrangeiras também. Em média, 30 pessoas de Itanhém fazem passaporte por mês.
Triste realidade!/aguapretanews
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