Petrópolis, na Região Serrana, confirmou neste domingo (20) 171 mortes causadas pelas chuvas que devastaram a cidade no último dia 15. Com isso, a tragédia igualou em números de óbitos o pior desastre já registrado pela Defesa Civil no município.
Em 1988, 171 pessoas morreram vítimas de outra tempestade que assolou a região, segundo dados da Defesa Civil. O primeiro registro divulgado pelo órgão é de 1966, quando houve 80 óbitos.
No dia 5 de fevereiro de 1988, uma sexta-feira, desabou sobre Petrópolis outra chuva torrencial que também destruiu parcialmente a Cidade Imperial. O então prefeito, Paulo Rattes, afirmou que era "a maior catástrofe de todos os tempos" no município, como publicado pelo Jornal do Brasil.
A tragédia, há 34 anos, deixou 171 mortos, mais de 4 mil desabrigados e milhares de feridos. Os dados de óbitos constam no Plano de Contingência para Inundações da Defesa Civil de Petrópolis.
Depois de 1988 e de 2022, o pior desastre na cidade foi registrado em 1979, com 87 mortes. Em seguida, em 1966, com 80 mortos; em 2011. Na sequência vem as tragédias de 2011 da Região Serrana (73 mortes); outra em 2001 (51 mortes); e mais uma em 2013 (13 mortes).
Sobre a catástrofe em 1988, o Jornal do Brasil publicou que barreiras caíram em pelo menos 500 ruas, e o acesso a Petrópolis pela BR-040 ficou bloqueado em ambos os sentidos. Um cenário parecido com o que ocorreu agora em 2022.
Até este domingo, o Corpo de Bombeiros contabilizou 171 mortos, e nos registros da Secretaria estadual de Polícia Civil o número de desaparecidos chegava a quase 200.
No dia seguinte à tragédia de 1988, o jornal O Globo publicou que o prefeito Rattes ainda avaliava decretar estado de calamidade na cidade, o que de fato aconteceu logo depois. Os números iniciais já indicavam a dimensão do desastre.
Na mesma noite em que a chuva desabou sobre Petrópolis, depois duas horas e meia de tempestade as autoridades contabilizaram 12 mortos e cerca de 500 desabrigados. O prejuízo na moeda da época era calculado em 1 bilhão de cruzados.
Dois dias depois, no domingo (8), o número saltaria para 120. E assim como na tragédia do último dia 15, outra triste coincidência foi o abandono da população. Desesperadas, as pessoas se mobilizavam para procurar por parentes e amigos soterrados por lama e escombros.
Três décadas descaso
Trinta e quatro anos se passaram desde aquela noite em fevereiro de 1988. Ainda assim, a resposta do poder público continua precária. O jornal O Globo registrou, na época, que a escassez no efetivo foi, a princípio, suprida por quase 40 militares do Exército que imediatamente foram para as ruas.
Outra edição do Jornal do Brasil registrou que as equipes de resgate, considerando homens da Defesa Civil de Petrópolis, da Polícia Militar e do Exército, somavam 800 pessoas. Mesmo assim, o jornal apontava que o efetivo era insuficiente para lidar com a tragédia humanitária.
O mesmo cenário de 1988 se repetiu neste ano, no último dia 15. Restou à população petropolitana fazer a remoção de escombros e tentar resgatar corpos de familiares e amigos.
Ainda assim, o número de socorristas daquele ano supera o de bombeiros deslocados para o desastre mais recente. No terceiro dia de buscas da tragédia deste ano, o Corpo de Bombeiros do RJ informou que 500 militares atuavam na região.
Ao g1, o governador Cláudio Castro (PL) disse que a avaliação técnica dos bombeiros era de que o efetivo de socorristas "dava conta" do caos em Petrópolis.
Um dia depois, entretanto, foi confirmado que o governo estadual recebeu reforços de equipes de socorristas de outros estados: de São Paulo e de Minas Gerais. Nos dias seguintes, mais ajuda de outros estados chegaram à Cidade Imperial.
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