Com o orçamento doméstico cada vai mais compelido pelo elevado custo de vida, qualquer economia deve ser levada a sério. Um dos itens, por exemplo, que mais vêm pesando no bolso do consumidor é a conta de luz.
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), nos últimos sete anos a energia elétrica residencial teve ajustes de mais que o dobro da inflação no país.
Entre 2015 e 2021, o aumento médio anual do serviço foi de 16,3%, enquanto o IPCA, índice oficial que mede a inflação, teve variação de 6,7% ao ano. Já no mercado livre, onde clientes negociam contratos livremente com as empresas de energia, os preços oscilaram 25% abaixo da inflação no mesmo período.
Até o momento, o livre comércio de energia no país é realidade apenas para clientes com consumo superior a um mil kW/mês. Eles são 35% dos consumidores no Brasil (85% são indústrias, grandes ou pequenas).
De acordo com o presidente executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, na Europa o mercado livre é o único que existe. No Brasil, ele diz, distribuidores (como a Neoenergia Coelba) compram para distribuir.
Um modelo comercial esgotado, afirma Ferreira, culpa da legislação vigente. “O mercado livre é mais racional, eficiente. Distribuidores compram energia em leilão (indexado por 30 anos) e vendem. O setor certamente vai crescer ano após ano”.
Ainda de acordo com ele, uma das causas da alta foi a Medida Provisória 579 editada no governo Dilma Rousseff, que provocou um aumento de despesas de quase R$ 200 bilhões no setor, segundo cálculos da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), e transferiu para o consumidor o risco hidrológico.
Segundo Ferreira, falta vontade política para mudança do cenário. Porém, a boa notícia é que encerrou em 31 de janeiro o prazo para o Ministério de Minas e Energia receber os estudos com cronograma prevendo a abertura do mercado. A estimativa da Abraceel é que isso ocorra até 2026.
Enquanto isso não acontece, o administrador de empresas Marcelo Passos, 34, faz malabarismos, junto com a esposa, para tentar reduzir o valor de fatura, atualmente na faixa de R$ 286. Com um filho pequeno, morando em um apartamento de dois quartos, 71 metros quadrados (no Candeal de Brotas), ele conta que o único ar-condicionado da casa só é ligado “quando o calor não tem jeito”.
“É pesado porque quando soma a conta de energia, com mercado, transporte, algum pouco lazer, já foi todo o nosso orçamento”.
Como economizar
De acordo com a gerente de Eficiência Energética da Neoenergia Coelba (mais de seis milhões de consumidores), Ana Cristina Mascarenhas, especialmente no verão o ar-condicionado é mesmo o principal “vilão” do consumo de energia. Segundo ela, se o aparelho for de janela (dos mais antigos), o gasto é ainda maior.
Ainda segundo Ana, o modelo Split é o mais eficiente, principalmente se for do tipo “inverter” (que controla a temperatura automaticamente, sendo desligado ao atingir o patamar correto ).
“Ele é mais caro, porém, mais econômico ao longo da vida útil. Depois que atinge a temperatura, só a mantém. A economia chega a 60%. É mais silencioso e eficaz. Também é preciso ficar atento ao selo Procel (de eficiência energética dos equipamentos), e manter o termostato (temperatura) entre 23 e 24 graus celsius”.
De acordo com Ana, as principais dicas para redução do consumo / valor da conta de energia são manter em dia a limpeza dos aparelhos; portas, janelas, cortinas ou persianas fechadas; se sair do ambiente por mais de uma hora desligar o equipamento; inclusive tirar outros aparelhos da tomada.
Com relação ao chuveiro
elétrico, manter a chave sempre na posição verão, senão desligado; dar
preferência a aparelhos mais modernos, também com o selo Procel; reduzir o
tempo do banho (em uma casa com quatro pessoas, cada minuto a de banho equivale
a oito lâmpadas de LED de 9w acesas por cinco horas, 30 dias no mês, explica);
entre outras mudanças de atitude.
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