O governo propôs um salário
mínimo de R$ 1.002 para 2019. O valor consta do projeto de Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) do ano que vem, anunciado nesta quinta-feira (12).
Atualmente, o mínimo é de R$ 954.
Será a primeira vez que o
salário mínimo, que serve de referência para cerca de 45 milhões de pessoas,
ficará acima da marca de R$ 1 mil. A proposta será encaminhada agora ao
Congresso. Entretanto, o governo ainda pode mudar o valor caso haja alteração
na previsão para a inflação deste ano, que compõe a fórmula para o cálculo do
reajuste do mínimo do ano que vem.
O reajuste começa a valer em
janeiro de 2019, com pagamento a partir de fevereiro.
Como o mínimo é reajustado?
O reajuste do salário mínimo
obedece a uma fórmula que leva em consideração o resultado do Produto Interno
Bruto (PIB) de dois anos antes e a variação do INPC (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor) do ano anterior.
Para o mínimo de 2019,
portanto, a fórmula determina a soma do resultado do PIB de 2017 (alta de 1%) e
o INPC de 2018. Como só será possível saber no início do ano que vem a variação
do INPC de 2018, o governo usa uma previsão para propor o aumento.
Se confirmado o novo mínimo
de R$ 1.002 em 2019, o reajuste será de 5,03% em relação ao valor atual, bem
acima da correção de 1,81% que foi feita em 2018 - e que foi a menor em 24
anos.
Além da inflação e do
resultado do PIB, no reajuste do mínimo de 2019 está embutido uma compensação
pelo reajuste do mínimo deste ano, que ficou abaixo da inflação medida pelo
INPC.
Último ano da atual fórmula
A atual fórmula de reajuste
do salário mínimo (inflação do ano anterior mais o PIB de dois anos antes)
começou a valer em 2012, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em 2015, Dilma encaminhou ao
Congresso uma medida provisória que foi aprovada e estendeu esse modelo de
correção até 2019.
Portanto, existe a
possibilidade de alteração na fórmua de reajuste do mínimo a partir de 2020.
Analistas esperam que o novo formato seja um dos pontos a serem debatidos na
campanha eleitoral para a Presidência da República.
Apesar disso, o governo
divulgou nesta quinta as propostas para o salário mínimo de 2020 e 2021
seguindo a mesma fórmula de correção vigente hoje. Pela proposta, o mínimo iria
a R$ 1.076 em 2020 e, no ano seguinte, a R$ 1.153.
"A gente está supondo
que a regra do salário mínimo, hoje vigente, continue em 2020 e 2021. Mas todos
nós sabemos que uma nova regra terá de ser apresentada a partir de 2020",
disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
Impacto nas contas públicas
O reajuste do salário mínimo
tem impacto nos gastos do governo. Isso porque os benefícios pagos pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos aposentados não podem ser
menores do que um salário mínimo.
Com o aumento de R$ 48 no
salário mínimo no próximo ano, de R$ 954 para R$ 1.002, os números da área
econômica indicam que haverá um aumento nos gastos públicos de mais de R$ 14
bilhões somente por conta desse reajuste.
Na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) de 2018, enviada ao Congresso no ano passado, o governo
informou que cada R$ 1 de aumento no salário mínimo gera um incremento de cerca
de R$ 300 milhões ao ano nas despesas do governo.
Salário mínimo 'necessário'
Mesmo se confirmada a
proposta para o salário mínimo acima de R$ 1 mil para 2019, o valor ainda
ficará distante do considerado como "necessário", segundo cálculo do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
De acordo com o órgão, para
suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia,
saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, seria
necessário R$ 3.706,44 ao mês em março deste ano.
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