O ministro da Fazenda,
Eduardo Guardia, afirmou nesta terça-feira (29) que o governo não considera
mais a possibilidade de aumento de tributos para compensar a redução da Cide e
do PIS-Cofins sobre o diesel.
No domingo (27), o presidente
Michel Temer anunciou novas medidas para tentar pôr fim à geve dos
caminhoneiros, que chegou ao nono dia. Entre as medidas está a redução de R$
0,46 no valor do litro de diesel, sendo que parte desse desconto (R$ 0,16) virá
do corte da Cide e redução do PIS-Cofins.
Entenda: impacto das medidas
do governo para pôr fim à greve dos caminhoneiros
Na segunda (28), em
entrevista coletiva, Guardia disse que o governo poderia elevar outros tributos
para compensar a queda da arrecadação com a redução da Cide e do PIS-Cofins
sobre o diesel.
Agora, de acordo com ele,
essa compensação virá da redução de incentivos fiscais - desoneração que o
governo ou o Congresso, por exemplo, propõem a alguns setores, normalmente para
incentivar a produção e geração de empregos (leia mais abaixo).
"O que o governo fará
para compensar essa redução de impostos [do diesel] é a redução de incentivos
fiscais. Em nenhum momento o governo trabalha com a hipótese de aumento de
impostos", declarou Guardia durante audiência pública na Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
Entretanto, ele não
especificou quais setores serão afetados pela redução de incentivos fiscais.
Mais cedo nesta terça, o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Congresso não iria
aprovar aumento de tributos para compensar a redução no preço do diesel e
chamou de "irresponsável" a declaração anterior do ministro da
Fazenda.
Durante a audiência no Senado
Federal, o ministro da Fazenda declarou que houve uma "incompreensão na
comunicação" feita por ele na segunda e que aproveitava a oportunidade
"para deixar absolutamente claro" que o governo não proporá aumentos
de tributos.
Redução da tributação sobre o
diesel
Da redução de R$ 0,46 por
litro de diesel proposta pelo governo, R$ 0,16 virão do corte a zero da Cide e
redução do PIS-Cofins.
Os outros R$ 0,30, para
chegar aos R$ 0,46, virão do subsídio do governo, que na prática é uma
compensação à Petrobras, para manter por mais tempo a decisão da empresa de aplicar
desconto de 10% no valor do litro do diesel.
A estimativa do governo é que
esse subsídio vai custar R$ 9,5 bilhões aos cofres públicos. Ou seja, o governo
vai usar dinheiro público para manter o diesel mais barato.
Durante a audiência no
Senado, Guardia repetiu que a redução da Cide e do PIS-Cofins só vai vigorar
quando o Congresso Nacional aprovar o projeto da reoneração da folha de
pagamentos, que prevê a volta da cobrança de impostos previdenciários de alguns
setores da economia que haviam sido beneficiados com desoneração.
Compensação
O ministro voltou a dizer que
a arrecadação extra que virá neste ano com a aprovação do projeto da reoneração
não será suficiente para cobrir a perda de receitas prevista com a redução da
Cide e do PIS-Cofins sobre o diesel.
Por isso, repetiu ele, vai
ser necessário aplicar uma outra medida para compensar totalmente o rombo
deixado pela medida, e que, segundo o ministro, será por meio da redução de
incentivos fiscais.
De acordo com Guardia, a Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF) prevê que "qualquer redução de impostos,
à exceção de regulatórios", "exige compensação no mesmo exercício
financeiro", ou seja, em 2018.
O ministro afirmou que, ao
propor a eliminação da Cide e redução do PIS-Cofins sobre o diesel, o governo
tem de compensar mediante "aumento de impostos, aumento de alíquotas, ou
redução de bases de cálculos, ou seja, de incentivos fiscais".
Eduardo Guardia, porém, ainda
não detalhou quais incentivos fiscais podem ser reduzidos. De acordo com ele,
isso sera feito "tão logo possamos sair com atos fiscais", ou seja,
depois que a reoneração da folha de pagamentos passar pelo Congresso e for
sancionada por Temer./G1
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